Com a sinalização clara do ex-presidente Lula (PT) de que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, será seu vice na disputa pelo Palácio do Planalto, resta a definição do rumo partidário do agora ex-tucano.
As opções se afloraram sem que Alckmin se esforçasse, afinal de contas, o ex-governador não deixou de ser, apesar da votação pífia nas eleições de 2018, uma liderança respeitada e importante do campo conservador e de centro-direita.
Dirigentes do Partido Verde, Partido Socialista Brasileiro (PSB) e até do Solidariedade formalizaram o convite para filiação do ex-governador. Mas por outro lado, o Partido Social Democrático (PSD) também marca presença, correndo por fora e sem holofotes, como é do estilo do presidente da sigla, Gilberto Kassab.
Num momento em que os bastidores da política fervilham a cada semana, o dirigente do PSD mantém o diálogo com interlocutores do ex-presidente Lula (PT), apesar do acordo que fechou com Rodrigo Pacheco (MG), alçado a desistir da pré-candidatura. Lula e Kassab devem se encontrar novamente antes do período da janela partidária.
É natural que entre os assuntos, o futuro partidário de Alckmin. Pragmático e lúcido, Lula sabe que não terá força o suficiente para liquidar a fatura do bolsonarismo apenas com o apoio e auxílio dos seus companheiros.
Com isso, o líder progressista vai continuar sinalizando para centro-direita, visando não somente a eleição, mas também a governabilidade do seu possível terceiro mandato.
Diante desse cenário, o ex-presidente pode concretizar novamente a fórmula que levou o então empresário José Alencar a trocar o PMDB pelo Partido Liberal (PL), nas eleições de 2002. É claro que desta vez, o contexto político e o perfil dos nomes são totalmente diferentes, mas o mérito é o mesmo.
Outro ponto é que negociar com o PSD de Kassab exige muita paciência e jogo de cintura, pois o partido ganhou musculatura em apenas 10 anos de existência e possui quadros diversos, com características distintas em cada região do Brasil. Por exemplo, apesar de não ser uma legenda negacionista, o PSD mantém políticos alinhados ao Governo Bolsonaro.
O fato é que, em termos de coerência para Alckmin e estratégia para Lula, o PSD é a opção que pode interligar esses dois fatores e tendo como consequência o caráter definitivo do viés centrista da chapa, potencializando as chances de vencer Jair Bolsonaro (PL) no 1° turno.