Neste domingo, 30, os eleitores de Portugal foram as urnas para as eleições legislativas do país europeu e deu vitória majoritária ao Partido Socialista, do primeiro-ministro Antônio Costa. Com isso, a sigla torna-se maioria no Parlamento.
O PS conquistou conquistou 117 vagas das 230 cadeira da Casa Legislativa. Com esse número, o governo pode formar uma “tropa de choque” sem a necessidade de fazer uma coalizão com outros partidos.
Em números, o partido do campo progressista obteve 41.68% dos votos totais e ocupa de vez o posto de principal força política de Portugal.
Na sequência vem o PSD, de centro-direita, que conquistou 27,8%. Já o partido de extrema-direita Chega ficou em terceiro lugar com 7,15% dos votos.
Na quarta colocação, o Iniciativa Liberal (IL) com 5%, o Bloco de Esquerda (BE) com 4,5% e a Coligação Democrática Unitáriaz, fusão do Partido Comunista de Portugal e Partido Verde com 4,4%. Os demais partidos tiveram menos de 2%.
EdsonLuiz.
31/01/2022 - 17h48
Antônio Costa ganhou absoluto em Portugal !
Portugal tem um regime semipresidencial: os eleitores elegem diretamente um presidente para cumprir as funções de Estado e são feitas eleições legislativas separadas para eleger deputados, que elegerão no parlamento um primeiro-ministro para cumprir funções executivas.
Antônio Costa é do Partido Socialista. Ele já era primeiro ministro desde 2015, reeleito em 2019 e governava em uma composição do seu PS com o BE e com a CDU, que é uma coligação entre o Partido Comunista e o Partido Verde. Brigaram por os trotskistas votarem contra a proposta de orçamento de Antônio Costa, que não contemplavam certas reivindicações sociais e trabalhistas do BE e, pelo mesmo motivo, o stalinista PCP se absteve na votação. Antônio Costa provocou uma nova eleição com o objetivo de conquistar maioria sozinho e se livrar da dependência dos “aliados”. Conseguiu! E triturou os aliados!
À composição entre PS, BE e CDU os portugueses, que possuem uma marotice bem-humorada sempre temperada com irritações temperamentais, apelidaram de “Gerigonça”. O apelido de “Geringonça” dado à composição política entre social-democrata, stalinistas e trotskistas não é apenas pelas diferenças inconciliáveis que existem entre o PS, o BE e a CDU. Esse apelido de Geringonça é porque na política de Portugal, no continente, as paredes ideológicas são muito, muitíssimo bem definidas. As duas forças de centro, os social democratas de esquerda do PS e os social democratas de direita do PSD, os trotsquistas do BE e os stalinistas do PC nunca se misturam com nada, e se misturar não funciona. E assim, desde a superação do salazarismo, o PS e o PSD vêm se alternando no poder e governando sem composição.
Aconteceu de o PSD governar com um minúsculo CDS-PP, um partido de direita que já vinha se esvaziando e agora, nesta eleição, não elegeu nenhum deputado e portanto não estará representado no parlamento pela primeira vez depois de mais de quarenta anos e de ter sido um partido bem importante do pós-salazarismo. O espaço de direita foi ocupado pelo IL – Iniciativa Liberal, uma direita bem mais arejada que o CDS-PP, que saiu de um e elegeu oito deputados. O CDS tinha dois deputados.
Mas, observe-se, o PSD que governou com o PSD-PP não precisava numericamente da direita para governar; eles aceitaram o CDS-PP, mas mesmo sozinhos eles já tinham maioria e por isso não eram dependentes do CDS-PP.
Observe-se também, por muito importante em ambientes políticos maduros, que lá eles não chamam forças de centro de forças de direita não. Centro-direita é centro-direita, centro-esquerda é centro-esquerda, direita é direita, esquerda é esquerda e extremos políticos são extremos políticos. Eles não são dicotômicos como os maniqueístas que se dizem progressistas e “de esquerda” como aqui no Brasil.
Já em 2015 o PS de Antônio Costa não foi o partido com maior número de deputados eleitos. O PSD do então primeiro-ministro Pedro Passos elegeu mais deputados que o PS. Mas, em 2015, mesmo tendo mais deputados e se fizesse composição com o CDS-PP, o então primeiro ministro Pedro Passos não conseguiria ter maioria para se reeleger. Se aproveitando disso, o PS, o BE e a CDU (PCP/PV) fizeram uma composição completamente improvável para a política de Portugal, se juntando, quando lá eles NUNCA se juntam.
Em Portugal, os partidos políticos perseveram em sua coerência, mantendo o objetivo e a prática de disputar no campo de ideias e buscar a hegemonia para governar, sem nunca se misturarem. Mesmo partidos minúsculos mantêm essa orientação de não fazer misturas estranhas. E isso de não se misturar, na política de Portugal, não acontece por purismos bobos das forças políticas, mas por sempre manterem a coerência dos seus programas, dos seus estatutos, das suas visões ideológicas.
Sempre separados, mas sempre respeitosos e tolerantes. Um ativista político português é quase sempre radical no que defende, mas nunca usa táticas de desqualificação do adversário, ele nunca atenta contra a reputação de ninguém, nunca exerce o ódio e o oportunismo. Eles discutem de forma veemente as suas diferenças, sem rodeios e radicalmente, sempre fundamentando com dados, fatos e evidências, e essas discussões veementes e radicais nunca são tomadas por ataques, nunca são associadas com alguma linguagem bélica e nunca são contaminadas com pessoalizações e violências. Eles sempre sabem entender o que é divergéncias e o que é babaquice e leviandade, diferente daqui, que o leviano, quando vai cometer seu crime retórico, se antecipa cinicamente acusando aquele que ele vai atingir de fazer o que é ele, o leviano, quem faz. Lá em Portugal, que tem dessa prática fedorenta na política é bem residual.
Os portugueses, sejam de centro, de direita, de esquerda ou de extremos, sempre fazem política com P maiúsculo! Por isso, eles nunca praticam a antipolítica que é praticada aqui pelo PT e por quem aprendeu “política” com o PT ou que assimilou o ódio e a antipolítica do PT e sua tecnologia de destruição, como o bolsonarismo aprendeu e somou à sua própria belicosidade, que a essa tecnologia de ódio e à antipolítica petista o bolsonarismo somou o seu próprio ódio e suas práticas da ultra-direita, potencializando o mal político que o seu irmão ideológico com outra chave já praticava com outra roupagem.
No entanto, mesmo lá em Portugal, com a experiência eletrizante de sua política ideológicamente bem definida e madura, essa civilidade política está mudando; alianças antes impossíveis estão acontecendo e as desqualificações e leviandades começam a aparecer. Forças políticas que nunca se juntariam, se juntaram na “Geringonça”, divertiram, se separaram, e os ataques levianos começam a existir naquele ambiente político outrora sempre politicamente tolerante.
Os primeiros resultados desse empobrecimento político português já estão aparecendo, com o fortalecimento do Partido Chega, que em Portugal é o bolsonarismo sofisticado e culturalmente bem preparado politicamente, mas que apresenta o mesmo ódio que o bolsonarismo daqui. Nesta eleição, o ‘Chega pulou de um deputado para doze deputados. Serão, neste mandato, doze neo-fascistas do Chega infernizando a política portuguesa. E esse empobrecimento político está se completando com o esvaziamento dos trotsquistas e dos stalinistas portugueses, que são forças duras, duríssimas, mas que estão perfeitamente integradas à democracia, diferentemente dos populistas atrasados e que se dizem progressistas e de esquerda daqui.
Nestas eleições legislativas, os trotskistas do BE passaram de dezenove para cinco deputados e os stalinistas do PCP passaram de doze para seis deputados, em duzentos e trinta deputados que formam o parlamento.
Vejam! Em Portugal, os trotskistas do BE e os stalinistas do PCP, em 2015, pela primeira vez se juntaram ao PS e a Antônio Costa e formaram a “Geringonça” para governar. DIVERGIRIAM !
DIVERGIRAM ! Nestes poucos anos, trotskistas e stalinistas se entenderam e se juntaram pela primeira vez ao PS, mesmo sabendo que divergiriam, divergiram, se separaram, e foram em pouco tempo completamente destroçados por Antônio Costa e pelo PS.
PCdoB, PSOL, Rede e PV: ABRAM O OLHO! Mais cego é aquele que não quer ver!
Edson Luiz Pianca.