Por Fabio Kerche
provável chapa Lula-Alckmin para a eleição presidencial de 2022 causou grande reboliço no debate público. Disputas acaloradas foram travadas entre aqueles que sentiram o potencial da dobradinha, os contrários a Lula, e por aqueles que ficaram decepcionados com uma aliança da esquerda com um representante da centro-direita.
Entre os simpatizantes de Lula, a crítica veio em dois sentidos. Alguns escreveram que Alckmin não traria votos para Lula. Pelo contrário, o ex-presidente poderia até perder apoio. Outros centravam suas observações em aspectos ideológicos, reclamando que o ex-governador tucano impediria Lula de fazer um governo mais à esquerda, tendo que ceder para uma política mais conservadora. Creio que as duas críticas estão equivocadas.
Vices não trazem voto para candidatos à presidência, ao menos de forma substantiva. Não consta que Fernando Collor, o primeiro presidente eleito após a redemocratização, tenha surpreendido a todos por conta de Itamar Franco, seu parceiro de chapa.
Nem que Fernando Henrique Cardoso tenha levado duas presidências no primeiro turno graças aos votos de Marco Maciel, ou que Lula tenha feito história em 2002 e 2006 por causa do empresário José Alencar e que Dilma Rousseff tenha sido eleita duas vezes com a ajuda dos votos de Michel Temer, político que corria o risco de nem se eleger se fosse lançado para uma disputa para deputado federal.
A escolha do vice é um acerto e um aceno para coisas distintas: tempo de televisão, financiamento de campanha, sinalização para setores que veem com maus olhos o candidato, alianças partidárias para formar uma base para o futuro governo etc.
Geraldo Alckmin, do ponto de vista eleitoral, agrega, provavelmente, pouco. Mas ao sair da disputa pelo governo de São Paulo, em que é favorito, abre a oportunidade para que o Partido dos Trabalhadores (PT) possa sonhar em governar o estado mais rico da federação pela primeira vez.
Uma candidatura forte do PT em São Paulo apoiando Lula, por outro lado, pode gerar ganhos eleitorais expressivos. E, se nada disso der certo, sem tirar votos do PT nas eleições presidenciais.
Mesmo os mais críticos à esquerda da aliança não deixarão de votar em Lula. Se o ex-presidente não ganha do ponto de vista eleitoral strictu sensu, também não perde. E como urna não mede intensidade, o voto daqueles que ficaram insatisfeitos terão o mesmo peso dos indiferentes e dos entusiasmados com a aliança.
Em relação aos críticos por questões ideológicas, creio que estes não estão percebendo a gravidade do momento e a importância dessa eleição em 2022. Não estamos vivendo somente o pesadelo de um governo ruim, provavelmente o pior da história brasileira, estamos no meio de uma crise da própria democracia.
Esta crise se inicia com o mau perdedor Aécio Neves em 2014, que não reconheceu sua derrota para Dilma Rousseff, passa por um impeachment baseado em falsas acusações e culmina com a eleição de um despreparado representante da extrema-direita, Jair Bolsonaro.
Tudo isso acompanhado da Lava Jato, uma operação judicial em que um juiz de primeira instância e um bando de procuradores, trabalhando em conluio, colocaram a política no banco de réus sem observar o devido processo legal.
As instituições não foram capazes, portanto, de barrar esse triste processo de degradação da democracia. Nem o STF, nem o Congresso, por exemplo, conseguiram impedir essa avalanche de desmandos.
Pelo contrário, essas duas instituições, por muitos anos, foram cúmplices do processo de deterioração democrática. Nem um sistema eleitoral em dois turnos, regra capaz de evitar a vitória da extrema-direita em países como a França, conseguiu segurar a eleição do ex-capitão Bolsonaro.
Uma frente ampla pela democracia
Quando as instituições falham, ensinam Ziblatt e Levitsky, resta aos políticos deter os extremistas e os avessos à democracia. As instituições brasileiras não foram suficientes para barrar esse processo de degradação política.
Mesmo a candidatura de Lula no pleito de 2022, que vai ganhando ares de favorita, só foi possível após o vazamento dos diálogos entre os integrantes da Lava Jato de Curitiba que revelavam as armações para assegurar a prisão do ex-presidente e impedi-lo de concorrer em 2018.
Foi um hacker, e não as instituições, que deram uma nova chance ao processo democrático. O STF, sempre atento à conjuntura política, percebeu que manter Lula na prisão e não assegurar seus direitos políticos, depois da demonstração incontestável de má-fé do então juiz Sergio Moro e do procurador da República Deltan Dallagnol, era insustentável.
Nessa chave, a aliança entre Lula e Alckmin é positiva. Uma frente ampla, contra forças não democráticas, é bem-vinda, especialmente quando as instituições não conseguem barrar candidatos nos extremos do espectro político.
O sistema brasileiro incentiva as negociações. Além da eleição em dois turnos, que forçam o reposicionamento de todos os candidatos em torno de dois nomes, o Congresso brasileiro nunca ofereceu aos presidentes maiorias baseadas em um único partido, exigindo conversas, concessões e frentes entre diferentes.
Aliança é a regra no Brasil, não a exceção. Lula governou assim, inclusive com o apoio do Centrão, um eufemismo para um grupo de partidos de direita que sobrevive graças a sua adesão aos governos.
Essa necessidade de fazer alianças talvez tenha impedido que Lula governasse baseado exclusivamente em suas “preferências sinceras”, mas não impediu que ele fizesse uma administração muito bem avaliada e responsável por iniciativas inovadoras e distributivas.
Todos têm direito à opinião sobre a aliança e Lula já se equivocou em outros momentos -acho que ele era um melhor nome do que Dilma Rousseff para as eleições em 2014. Mas não percamos o contexto que estamos enfrentando. Vices mais conservadores em chapas petistas não são uma novidade.
Um candidato a vice oriundo de um partido que representava o contraponto histórico ao PT e que já disputou uma eleição contra Lula é uma boa notícia.
É uma sinalização de que acima das diferenças ideológicas está a democracia. Isso não foi percebido em 2018, com Ciro Gomes se escondendo em Paris e Fernando Henrique Cardoso em cima do muro no segundo turno entre o petista Fernando Haddad e a extrema-direita capitaneada por Bolsonaro. A aliança é uma correção importante do erro que as forças democráticas cometeram na última eleição. Antes tarde do que nunca.
Texto publicado originalmente no site Latinoamérica 21
Fabio Kerche é professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP)
EdsonLuíz.
01/02/2022 - 00h07
Gente! É triste mas é fato: o jagunço político alexandre bolsoneres, esse petista-bolsonarista que vive me citando aqui, nada mais faz que exercer a teoria e a prática que ele treina nas hostes petistas.
O PT faz isso desde sempre! Mas não todos os petistas!
Alexandre BolsoNéris é a cara do PT, embora pareça mais um bolsonarista!
Isso não é mera coincidência: a tecnologia de ódio que o bolsonarismo usa hoje foi desemvolvida pir mais de 40 anos pelo PT. O bolsonarismo só somou a essa tecnologia o seu ódio próprio de direita e turbinou. Alexandre BolsoNéris só parece bolsonarista, mas ele é lulista mesmo!
E, pior, a média do PT é ele e o ator da Rede Globo, o José do aBreu, aquele petista soturno que cospe na pessoa quando o que ela fala desmascara o que ele quer esconder e que xinga e diz que vai bater na pessoa que realmente possui um pensamento metafísico e isso acaba servindo para desmascarar a farsa que é o lulismo.
Não estou falando que o PT é uma farsa. Há muita gente séria e preparada no PT. Mas a média do PT é só essa, infelizmente: o ator do breu e essa coisa lulista horrorosa que vocês vêem aqui soltando ódio e agressões, chamada Alexandre Bolso Néris.
Hoje ele centra esse ódio em mim, mas antes ele sempre fez isso contra todos os que mosyram as farsas do PT. E certamente ele, como na média todo lulista, vive fazendo essas agressões pela vida a fora.
henrique de oliveira
31/01/2022 - 09h04
Caramba , gostaria de saber onde você aterrizou sua nave ? pois você fez uma analise de outro mundo.
Marcos luis
31/01/2022 - 07h58
Lula já fez o melhor governo da história do Brasil, essa aliança é a esperança de dias melhores, quem está acabando com o Brasil é a ignorância e a falta de humildade para aceitar o óbvio. O atual governo é uma piada de mau gosto, basta idiotices e charlatanismo de Bolsonaro, só sabem fazer Fakes News e desinformar o povo Brasileiro. Estamos fechado com o Brasil, viva Lula e o povo Brasileiro.
Marcos luis
31/01/2022 - 07h56
Lula já fwz o melhor governo da história do Brasil, essa aliança é a esperança de dias melhores, quem está acabando com o Brasil é a ignorância e a falta de humildade para aceitar o óbvio. O atual governo é uma piada de mau gosto, basta idiotices e charlatanismo de Bolsonaro, só sabem fazer Fakes News e desinformar o povo Brasileiro. Estamos fechado com o Brasil, viva Lula e o povo Brasileiro.
Alexandre Neres
30/01/2022 - 21h31
Que EdsonLuiz é conservador e dá de barato isso, todo mundo sabe. Que como todo bolsominion tem obsessão com Lula, é fato.
O duro é repetir ad nauseam como caixa de ressonância o que a Globo veiculou anos a fio, mostrando os dutos noite após noite no JN, mas não teve a hombridade de noticiar a absolvição de Lula.
EdsonLuiz não entende patavina de direito e com a liberdade dos ignorantes se atreve a falar do que não tem conhecimento básico, comendo na mão de causídicos tais como Merval Pereira ou Diogo Mainardi. Repete a mesma cantilena desprovida de substrato para ver se não faz uma autocrítica e se assume como um energúmeno.
Não há como debater com esse apedeuta utilizando argumentos, haja vista que ataca despudoradamente o princípio da presunção de inocência.
A única maneira de tratar esse reacionário que procura esconder de si mesmo que odeia tudo que recende a povo é o papo reto que o falecido jornalista Boechat jogou pra cima do bolsominion Malafaia: “vai chupar rola!”
EdsonLuíz.
30/01/2022 - 13h52
Um lulista sempre vai ser um lulista! E é o que esse sujeito aí deste post de cima, o Fábio Kerche, está sendo.
O teatro lulista e suas narrativas sacanas são impagáveis!
Se o PT fica no poder por quase (vou exagerar um pouquinho nesse tempo, mas só um pouquinho, para ver se os lulistas enxergam) um quarto de século no poder, e disso resulta a maior recessão econômica da nossa história;
Se ao fim desse “reinado” Lula/PT as forças políticas mais saudáveis do país, ainda que elas mesmas fossem forças políticas bem precárias, e seus principais nomes estão eleitoralmente esvaziados pelos ataques levianos diários feitos pelo PT com a sua tecnologia de guerra política suja e seu sempre ativo há mais de 40 anos “gabinete do ódio” – gabinete do ódio esse que o bolsonarismo assimilou do PT, não criou uma máquina de ódio própria, original : o bolsonarismo hoje é quem mais espalha na sociedade as narrativas absurdas e os fake news, mas é o PT quem mais as cria;
Se ao final do reinado economicamente e politicamente macabro do PT o Brasil, em 2013, estava confragrado e em levante, sendo que não havia em 2013 nem sinal ainda da Operação Lava-Jato de combate à corrupção, mas por ódio, e talvez por terem antolhos nos olhos, os petistas teimam em não enxergar que um quadro desse que o Brasil está vivendo só se forma em um processo e as coisas que troxeram para o drama atual não começaram em 2013 e menos ainda com o impeachment em 2016, impeachment, aliás, que os oportunistas que o PT engordou – PL, PP, Republicanos, PMDB, etc – só tiveram como fazer, e com a intenção de golpe que teve, por Lula, Dilma e o PT terem falsificado o orçamento para esconder o desastre econômico que haviam gestado (alô, estruturalistas petistas, formulem, e com honestidade intelectual, para ajudar a interromper o ódio e as narrativas sacanas do PT!);
Se, com o reinado PT, de uma força política importante para um país, como era a social-democracia do PSDB de Fernando Henrique Cardoso, após ele ser trucidado pelo PT com leviandades, muito ódio e fake news, restou, nesta força política que era uma saudável força social-democrata, uma coisa anódina e humanamente fria, como são Geraldo Alckmin/João Dória, em São Paulo e essa coisa anódina do PSDB destruído se repete depois disso em quase todo o PSDB pelo Brasil;
Se desse reinado Lula/PT e sua antipolítica resulta o ambiente putrefato, inclusive de ultra-corrupção, que o Rei Lula comandava, germinando no Brasil novos e velhos extremistas de direita, revigorando
o fedor político junto com o seu próprio fedor, que no fundo é o mesmo : fedor de populistas de direita e fedor de populistas de esquerda, ao final, os dois fedores formam um só fedor político!
Esse petista autor do post, o Fábio Kerche, e centenas de outros petistas, é isso que ele e os outros têm a dizer?
Francamente!
Petistas sérios e civilizados, que convivem de modo sério com as forças que pensam diferente de vocês: caiam fora desse fedor que é o PT! Vocês têm o PSOL como opção realmente de esquerda! E ainda , no PSOL, podem ajudar para que o PT não capture o PSOL e transforme o PSOL em outro de seus “puxadinhos”.
Edson Luiz Pianca.
canastra
30/01/2022 - 12h21
Lì o titulo dessa idiotice, começei a rir e fechei a pagina.
Luis Eduardo
30/01/2022 - 10h43
Mesmo boa notícia que Dilma e Temer, o Brasil não precisa mais disso, chega de se sujar por poder!
Batata Tavares
30/01/2022 - 09h52
Alkimim bradou alto, em Dez/2017:
“Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder, ou seja, ele quer voltar à cena do crime.”
Onde ficaria a COERÊNCIA e a VERGONHA NA CARA se tal chapa se formar ????