Somente durante a campanha Natal Sem Fome cerca de 250 mil pessoas receberam doações em 24 estados do Brasil
Por Lays Furtado – MST
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, por meio das campanhas de solidariedade, o MST doou mais de 6 mil toneladas de alimentos e 1.150.000 marmitas para pessoas e famílias inteiras em situação de fome e insegurança alimentar em todas as grandes regiões do país.
O balanço foi feito após a conclusão da campanha Natal Sem Fome, promovida pelo Movimento de dezembro até o início de janeiro, onde cerca de 250 mil pessoas foram beneficiadas com doações de alimentos, marmitas solidárias e ceias especiais natalinas em 24 estados do Brasil.
Com isso, somente durante a campanha Natal Sem Fome foram mais de mil toneladas de alimentos doados. No total, foram distribuídas cestas, em sua maioria compostas por produtos de assentamentos e acampamentos do MST, e que beneficiaram cerca de 50 mil famílias. Além de mais de 30 mil marmitas e ceias especiais natalinas que contribuíram no combate à fome em aldeias indígenas e comunidades periféricas, urbanas e rurais.
Tudo isso só foi possível ser alcançado por meio da organização popular desenvolvida ao longo dos 37 anos de existência do MST, a partir da produção de alimentos das agricultoras e agricultores desde os seus quintais produtivos, hortas e roçados solidários. Mas também a partir da diversidade de produtos beneficiados pelas associações e cooperativas da Reforma Agrária Popular, como também de pontos de apoio da Rede de Armazéns do Campo e Cozinhas Solidárias.
Após receber as doações em sua aldeia, Laurentino Garcia Nhu Vera Guasu, de Dourados, Mato Grosso do Sul, agradeceu enquanto liderança local em nome de sua comunidade pelas cestas de alimentos doadas, que beneficiaram cerca de 100 famílias dos 3 Tekohas a região – como são chamadas as aldeias em Guarani. “E chegou na hora certa, por que muitas famílias já não tem mais o que comer dentro de suas casas e barracos, onde também tem crianças que estão precisando dessas cestas”, contou Laurentino, informando que nem mesmo o governo tem enviado mais suprimentos e só tem contado com o apoio de ações solidárias.
Além de alimentos e produtos da Reforma Agrária, o MST também distribuiu cerca de 17 mil livros nas comunidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. As publicações foram arrecadações doadas pela editora Expressão Popular, que contém edições próprias, como também livros publicados por editoras associadas, como a Editora 34, Editora Elefante, Nuestra America. Ao todo foram 70 títulos diversos fomentando uma Rede de Bibliotecas Populares.
Contudo, as ações solidárias contaram com o fomento do público doador, com uma rede de amigas e amigos, organizações parceiras e milhares de voluntárias e voluntários que se engajaram na causa de acordo com as emergências do povo, sensibilizadas(os) com o fato de que 5 em cada 10 lares brasileiros não tem comida garantida na mesa, apesar de vivermos em um país considerado uma das maiores potências agrícolas do mundo.
“Em um país onde a política agrícola é dominada pelo agronegócio, que bate recordes de exportação e de lucro, enquanto cerca de 20 milhões de pessoas vão dormir e acordam com fome, e mais de metade da população sofre com algum grau de insegurança alimentar, é a demonstração de que essa política econômica é inviável!”, afirma Jailma Lopes, da direção nacional do Coletivo de Juventude do MST.
Dessa forma, mesmo com o desmonte da Reforma Agrária perante o governo federal, as famílias do MST seguem na luta pelo acesso à terra, pelo desenvolvimento do campo e a diminuição da miséria no país. As campanhas de solidariedade oferecem um alento emergencial à classe trabalhadora em meio à situação de crise, acentuada pelo desgoverno e pandemia, e que em sua prática afirmam que o aumento da fome e das desigualdades sociais só poderão ser combatidas com políticas públicas, a exemplo da Reforma Agrária Popular.
“Só é possível combater a pobreza e a fome no Brasil e transformar a vida do nosso povo com Reforma Agrária Popular, construindo condições de produção e acesso à alimentos diversificados e saudáveis, e com outras relações de produção, com a conservação dos nossos bens comuns da natureza”, argumenta Jailma, reafirmando que a Reforma Agrária é um benefício tanto para as(os) trabalhadoras(es) do campo quanto da cidade, tal qual para o meio ambiente em que vivemos.
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