Por Thomas Traumann
Ministro mais longevo da história democrática, Guido Mantega assinou o texto publicado hoje por um motivo prosaico, de todos os economistas vinculados direta ou indiretamente a Lula, ele é dos poucos não está na lista dos eventuais ministros.
Mantega foi o rosto econômico do PT no seu auge (quando o País saiu da crise de 2008 com poucos arranhões) e na decadência do PT (quando as maquiagens destroçaram a credibilidade fiscal). Compreensivelmente, ele fala no artigo mais da primeira experiência do que da segunda.
Líder folgado em todas as pesquisas, Lula tem zero motivos para antecipar o debate sobre que pretende fazer se for eleito. Primeiro porque se fizer isso agora tira o foco sobre a gestão de Bolsonaro, rejeitada por mais de 70% dos brasileiros segundo as pesquisas.
Segundo, e mais importante, o ex-presidente ainda não deu a atenção devida para a economia. A sua prioridade nos últimos meses é a de montar palanques nos Estados. Também trouxe o ex-adversário Geraldo Alckmin para ser o seu vice e prepara uma aliança eleitoral de 8 partidos.
Escolher Mantega como autor de um texto quase formal da sua campanha permite a Lula impedir a costumeira cizânia entre os vbex-ministro Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e Nelson Barbosa. Só depois do Carnaval, Lula vai apresentar um esboço de programa com as linhas mestras.
Até março, vale tudo nas apostas sobre o programa eleitoral de Lula. Tem gente no mercado financeiro que, sem nenhuma base na realidade, espera um ministro da Fazenda nos moldes de Antonio Palocci, ortodoxo no fiscal e liberal no gasto social.
Do outro lado, dirigentes do PT acreditam em jogar no lixo a reforma trabalhista e rever privatizações. Particularmente, acho que os dois lados vão se desapontar.
Num gesto para a esquerda, um eventual governo Lula vai propor mudanças trabalhistas p/ formalização dos milhões de trabalhadores informais. E quantas privatizações… bem, é preciso que Paulo Guedes privatize alguma coisa para ela ser resstatizada depois.
Lula não terá um superministro seja da Fazenda porque, se vencer a vitória será dele, não de nenhum assessor. Se for eleito, tomar posse e começar a governar (sequência de atos que sob Bolsonaro deixaram de ser óbvios), Lula vai ser ele mesmo o seu ministro da Fazenda+