Em entrevista a Rádio CBN de Goiânia, o ex-juiz e pré-candidato a presidência Sérgio Moro (Podemos) defendeu a tese de que sua candidatura é um diferencial pelo “real compromisso” no combate a corrupção.
Ele também foi questionado se sua candidatura seria “um bolsonarismo sem Bolsonaro” e como resposta sugeriu que tanto o ex-presidente Lula (PT) quanto Jair Bolsonaro são “muito parecidos” porque, segundo ele, os dois são contra o combate a corrupção.
“Eu sou muito diferente tanto do Bolsonaro quanto do Lula, a gente tem até visto os dois muito parecidos. O Bolsonaro foi criticar a Lava-Jato, mentir contra o Deltan Dallagnol que foi o procurador da força-tarefa, é a mesma coisa que o Lula faz. Ambos são contra o combate a corrupção”.
Em seguida, Moro tentou ressuscitar a tese lavajatista de que os governos petistas patrocinaram o “maior esquema de corrupção da história”.
“Um teve lá o maior esquema de corrupção da história [referindo-se a Lula e o PT] e o presidente atual desmantelou o combate a corrupção. Eu respeito muito a Polícia Federal, mas hoje ela não é a mesma da época da Lava-Jato. O combate a corrupção foi estancado. Então, a minha proposta é totalmente diferente”, afirmou.
Ouça a entrevista completa clicando aqui.
Paulo
14/12/2021 - 23h40
Sim, mas com viés trocado. As duas faces da mesma moeda, como se diz…
Alexandre Neres
14/12/2021 - 11h49
Eis o que o renomado sociólogo português Boaventura de Sousa Santos pontuou sobre a candidatura de Serjo Morto: “Causa surpresa nos meios internacionais que o pré-candidato Sergio Moro esteja transformando a sua entrada na política eleitoral num manifesto de defesa da luta contra a corrupção. É demasiado evidente que o seu propósito é tentar lavar o seu infame legado nesta matéria. O fracasso da luta contra a corrupção no Brasil não começou com Moro, mas aprofundou-se de tal maneira com a conduta deste magistrado e dos seus acólitos de Curitiba que qualquer intento de o superar tem forçosamente de significar uma ruptura com tudo o que foi e significou a Lava Jato. À primeira vista, só por cegueira ou patética ignorância se pode imaginar que Moro queira centrar o seu crédito político na sua desastrosa e nefasta conduta.
Sendo a corrupção algo endêmico nas sociedades governadas por neoliberalismo radical, como é o caso do Brasil neste momento, a luta contra a corrupção deve ser uma bandeira importante de qualquer candidato que pretenda propor uma alternativa, mesmo moderada, ao neoliberalismo reinante. Mas para que tal proposta tenha a mínima credibilidade é essencial que ela signifique uma total ruptura com o desempenho lavajatista e uma crítica radical dos seus protagonistas. Aliás, tenho defendido que o lugar destes no atual momento, e depois de tudo o que se soube e provou, não devia ser na política, mas nas malhas da justiça criminal. Esta seria a única maneira de reestabelecer a credibilidade do sistema judicial brasileiro e uma contribuição importante para travar o deslize autoritário da democracia para o qual os prosélitos de Curitiba tão decisivamente contribuíram.”
Vejam também o que disse a jornalista Míriam Leitão na sua coluna de domingo n’O Globo sobre Moro: “O problema em torno de Sergio Moro é o quase nada que se sabe sobre suas ideias em várias áreas. Nos 16 meses que ficou no Ministério da Justiça, Moro barrou demarcações de terras indígenas, mandou o fracassado pacote anticrime para o Congresso, embutindo nele o excludente de ilicitude, apoiou indiretamente um motim de policiais no Ceará e abonou os sinais de desvios éticos no governo Bolsonaro, quando começaram a surgir.”