Enquanto o Governo Bolsonaro promove o maior escândalo de corrupção da história da República com o chamado “Orçamento Secreto”, famílias do sertão do Rio Grande do Norte tentam enganar a fome em meio a miséria que assola os mais pobres.
De acordo com reportagem da Folha, na cidade potiguar de senador Elói de Souza, famílias passaram a comer restos de carne. A crise no estado foi agravada pela seca e também pela pandemia.
Na reportagem, o agricultor Adailton Oliveira, 52, afirma que o valor de R$ 170 pago pelo Bolsa Família “não dão para nada” e que as coisas pioraram depois que o auxílio emergencial foi banido pelo governo.
Adailton revela que não come carne desde o início de novembro quando tirou o couro de uma vaca morta para o consumo da sua família. O agricultor relata que não poderia deixar o “alimento” para os urubus e os cachorros e fala que a seca ajuda a piorar a situação
“A última vez que comi carne já tem mais de um mês. Foi quando ajudei a tirar o couro de uma vaca. […] Ao invés de deixar a vaca para urubu e cachorro, a gente tem que comer. É isso porque não tem outro jeito. Sem chuva não se planta o que comer e se acabam os animais. Também não existe mais passarinho para desfrutar, e a gente não tem condição de pedir no mercado ‘bota 1 kg de carne com osso’. A gente tem que pegar os bichinhos para fazer a mistura”, disse.
Já o vizinho de Adailton, Emanuel Gomes da Silva, 57, afirma que sua geladeira está vazia e que não tem perspectiva de quando vai se alimentar decentemente.
Emannuel diz que a situação está tão grave que não é mais possível recorrer a répteis ou avoantes para comer, animais que praticamente fazem parte da dieta dos sertanejos afligidos pela seca na região.
“A mistura, às vezes, é ovo. Às vezes, não tem. Nem calango, nem lagarto tijuaçu tem mais aqui. Eles migram atrás de água.” Há quem diga que os que ficam ‘são pequenos como lagartixas’.”