A colossal incompetência da gestão econômica de Paulo Guedes, além da vagabundagem infinita do presidente Jair Bolsonaro (que perde os dias acenando para carros na rua ou dirigindo ônibus, em sua campanha eleitoral eterna), começa a apresentar resultados vigorosos de fracasso.
Segundo divulgado hoje pelo IBGE, a economia sofreu um tombo de 0,1% no terceiro trimestre do ano. É a segunda queda sucessiva, o que configura recessão técnica.
Houve queda sobretudo do agronegócio, puxada pela suspensão de compras de carnes pela China. As presepadas da família Bolsonaro contra nosso principal parceiro comercial finalmente deram frutos.
O investimento também caiu, o que não é surpresa, em vista do extremismo ideológico de Paulo Guedes, que é contra promover qualquer tipo de ação anticíclica, desde que entrou no governo. Enquanto o presidente Joe Biden anuncia pacotes de investimentos em infra-estrutura que chegam a trilhões de dólares, o governo Bolsonaro convive com as piores taxas de investimento de nossa história.
O impacto político da notícia de hoje deve contribuir para que a aprovação ao governo Bolsonaro se deteriore ainda mais, tanto junto às famílias de baixa renda, que não precisam esperar as estatísticas do IBGE para saber que a situação está ruim, mas sobretudo nas camadas de classe média e empresariado, que acompanham mais de perto o noticiário. O apoio que Bolsonaro ainda tem nestes setores pode se evaporar se crescer a convicção de que é uma administração incapaz.
Os beneficiados dessa repercussão serão o ex-ministro Sergio Moro, em movimentação intensa em busca de apoio junto a setores insatisfeitos com o governo, e o líder das pesquisas ex-presidente Lula, que pode herdar votos da classe média frustrada com o fracasso bolsonarista.
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PIB fica em -0,1% no terceiro trimestre influenciado por queda na agropecuária
Editoria: Estatísticas Econômicas | Cristiane Crelier | Arte: Helena Pontes
02/12/2021 09h00 | Atualizado em 02/12/2021 09h13
Agência IBGE — O Produto Interno Bruto (PIB), que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, ficou em -0,1% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o segundo trimestre, quando caiu 0,4%. Apesar da alta de 1,1% nos serviços, que respondem por mais de 70% do PIB nacional, o índice foi influenciado para baixo principalmente por conta da queda de 8,0% na agropecuária e também pelo recuo de 9,8% nas exportações de bens e serviços. Já a indústria ficou estável (0,0%).
O PIB está no patamar do fim de 2019 e início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,4% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014. Em valores correntes, o PIB atingiu R$ 2,2 trilhões no terceiro trimestre. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 4,0%.
No acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB brasileiro apresenta avanço de 5,7% em relação a igual período de 2020. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (02) pelo IBGE.
O recuo na agropecuária (-8,0%) foi consequência do encerramento da safra de soja, que também acabou impactando as exportações. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica que a colheita da soja, por ser muito mais concentrada nos dois primeiros trimestres, impacta no resultado.
“Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos”, relaciona Palis.
Já o crescimento dos serviços foi puxado por outras atividades (4,4%), que reúnem diversos serviços prestados às famílias. “Com o avanço da vacinação contra Covid-19 e o consequente aumento da mobilidade e reabertura da economia, as famílias passaram a consumir menos bens e mais serviços.”, comenta Palis.
Cinco atividades da categoria apresentaram crescimento: outras atividades de serviços (4,4%), informação e comunicação (2,4%), transporte, armazenagem e correio (1,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As atividades imobiliárias (0,0%) ficaram estáveis e apenas as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,5%) e comércio (-0,4%) registraram variações negativas.
“A queda nos serviços financeiros se deve em parte a um aumento nos sinistros de planos de saúde. Já o comércio, que foi um dos setores mais afetados pela pandemia, teve uma forte alta no segundo trimestre, com a reabertura e, portanto, a base de comparação estava alta e as famílias também migraram parte do seu consumo para os serviços”, explica Palis.
Já a indústria, que responde por cerca de 20% do PIB nacional, ficou estável (0,0%) no trimestre. Houve crescimento apenas na construção (3,9%). eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,1%), indústrias de transformação (-1,0%) e indústrias extrativas (-0,4%) tiveram queda.
“O encarecimento dos insumos e outros problemas na cadeia produtiva, além da crise energética, vêm afetando o setor industrial”, ressalta Palis.
Exportações tiveram queda de 9,8% no PIB
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias aumentou 0,9% na comparação com o trimestre anterior. E o consumo do governo também cresceu (0,8%).
No setor externo, as exportações de bens e serviços apresentaram queda de 9,8%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 8,3% no terceiro trimestre de 2021 frente ao segundo trimestre.
“A balança de bens e serviços negativa acabou puxando a variação do PIB para baixo na comparação com o trimestre anterior. Cabe destacar, no entanto, que na comparação interanual, ambas as atividades tiveram alta acentuada, muito por conta da retomada do turismo internacional, mas a contribuição ao crescimento ainda ficou negativa, já que as importações (20,6%) superaram em muito as exportações (4,0%)”, conclui Palis.
Na comparação interanual, dentre as exportações, aquelas que registraram melhores resultados foram produtos de metal, máquinas e equipamentos e especialmente os serviços. Na pauta de importações, as altas mais relevantes ocorreram em veículos automotores, produtos farmoquímicos, máquinas e equipamentos e produtos químicos.