Agência IBGE – A taxa de desocupação recuou para 12,6% no terceiro trimestre deste ano, uma redução de 1,6 ponto percentual frente ao segundo trimestre. Com isso, o número de pessoas em busca de emprego no país caiu para 13,5 milhões (-9,3%). Já os ocupados chegaram a 93,0 milhões, com crescimento de 4,0%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (30) pelo IBGE.
“No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho”, diz a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy. A população fora da força de trabalho é o contingente daqueles que não estão ocupados nem buscando emprego.
Com o crescimento no número de ocupados, o nível da ocupação, percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão no mercado de trabalho, chegou a 54,1%. No trimestre passado, esse percentual foi de 52,1%.
Trabalho doméstico tem maior alta da série histórica, mas segue abaixo do período pré-pandemia
Beringuy destaca que a informalidade responde por 54% do crescimento da ocupação. Entre as categorias de emprego que mais cresceram frente ao trimestre anterior estão os empregados do setor privado sem carteira assinada (10,2%), que somaram 11,7 milhões de pessoas. No mesmo período, o número de trabalhadores domésticos chegou a 5,4 milhões, aumento de 9,2%, o maior desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Se considerados apenas os trabalhadores sem carteira, houve aumento de 10,8%, o que representa 396 mil pessoas a mais.
“É um processo de recuperação que já vinha ocorrendo a partir de junho. A categoria dos empregados domésticos foi a mais afetada na ocupação no ano passado e, nos últimos meses, há uma expansão importante. Embora haja essa recuperação nos últimos trimestres da pesquisa, o contingente atual desses trabalhadores é inferior ao período pré-pandemia”, afirma. No primeiro trimestre do ano passado, 6,0 milhões de pessoas eram trabalhadores domésticos.
Também houve crescimento no contingente de trabalhadores por conta própria (3,3%). São 25,5 milhões de pessoas nessa categoria, o maior número desde o início da série histórica da pesquisa. Esse contingente inclui os trabalhadores que não têm CNPJ, que cresceram 1,9% frente ao último trimestre. Com isso, a taxa de informalidade chegou a 40,6% da população. São 38 milhões de trabalhadores nessa situação.
O aumento na ocupação também está relacionado principalmente às atividades de comércio (7,5%), com 1,2 milhão de trabalhadores a mais, indústria (6,3%, ou 721 mil pessoas), construção (7,3%, ou 486 mil pessoas) e serviços domésticos (8,9%, com adição de 444 mil pessoas).
Apesar do avanço no número de pessoas ocupadas, o rendimento real habitual foi de R$2.459, queda de 4,0% frente ao último trimestre e de 11,1% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Já a massa de rendimento (R$223,5 bilhões) ficou estável nas duas comparações. De acordo com Beringuy, esses números indicam que o aumento da ocupação foi puxado por postos de trabalho com salários menores. “Há um crescimento em ocupações com menores rendimentos e também há perda do poder de compra devido ao avanço da inflação”, diz.
Queda na desocupação atinge todas as regiões
A queda na taxa de desocupação do país (-1,6 p.p.) foi disseminada por todas as regiões. No Sudeste, região que mantém o maior número de pessoas desempregadas (6,3 milhões), a taxa passou de 14,6%, no segundo trimestre, para 13,1%. Já no Nordeste, o indicador caiu de 18,3 para 16,4%. Apesar do recuo, a região permanece tendo a maior taxa de desocupação do país.
“Essa queda na desocupação no nível nacional também está sendo observada regionalmente em vários estados. Isso indica que há um processo de recuperação de trabalho que ocorre de maneira disseminada no país”, destaca Beringuy.
Embora tenha a segunda maior taxa de desocupação do país (18,7%), atrás apenas de Pernambuco (19,3%), a Bahia apresentou estabilidade nesse indicador e no número de pessoas que estão buscando por uma vaga no mercado de trabalho (1,3 milhão). Já o número de ocupados do estado cresceu 6,5%, puxado, principalmente, pelo aumento de trabalhadores domésticos (18,3%) e por contra própria (12,3%). Depois de Pernambuco e Bahia, as maiores taxas de desocupação foram registradas por Amapá (17,5%), Alagoas (17,1%) e Sergipe (17,0%).
Com o avanço de 4,0% no terceiro trimestre, a população ocupada do país chegou a 93 milhões e era composta por 66,4% de empregados, 4,1% de empregadores, 2,1% de trabalhadores familiares auxiliares e 27,4% de pessoas que trabalhavam por conta própria. Esse último percentual foi maior no Norte (34,5%) e no Nordeste (31,1 Dos 17 estados que tiveram taxas de informalidade maiores que a nacional, 16 são do Norte e do Nordeste. A maior foi do Pará (62,2%).
“Essas regiões, de maneira geral, têm um percentual grande desse tipo de trabalho. A informalidade é maior nessas duas regiões. E esse perfil de trabalhador está contribuindo para a recuperação do trabalho local. Parte importante do trabalho nessas duas regiões é atribuída aos trabalhadores informais, que tem nos trabalhadores por conta própria um contingente importante”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Nível de ocupação é menor entre pretos e pardos do que entre brancos
A taxa de desocupação das pessoas brancas (10,3%) ficou abaixo da média nacional, enquanto a dos pretos (15,8%) e dos pardos (14,2%) ficou acima. Todos tiveram queda frente ao último trimestre. Na população fora da força de trabalho, os pardos representavam 46,8%, seguidos pelos brancos (43,1%) e pelos pretos (8,9%). Na comparação com o segundo trimestre, essa participação dos pardos diminuiu e a dos brancos e pretos aumentou.
O nível da ocupação também aumentou para as pessoas brancas, pretas e pardas. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, os brancos passaram de 51,4% para 55,8%, os pardos, de 46,7 a 52,1% e os pretos, de 49,0% a 55,6%.
Excepcionalidade na coleta durante a pandemia motiva alterações na série
A PNAD Contínua divulgada hoje pelo IBGE inicia uma nova série, reponderada por conta da mudança na forma de coleta da pesquisa durante a pandemia da Covid-19. Com a implementação das medidas de isolamento social em março de 2020, a coleta foi feita de maneira remota, excepcionalmente por telefone. “A nova reponderação busca mitigar possíveis vieses de disponibilidade em grupos populacionais, intensificados pela queda da taxa de aproveitamento das entrevistas”, explica Adriana Beringuy.
As notas técnicas que detalham as mudanças foram publicadas no último dia 19 e podem ser acessadas clicando aqui.
A Nota técnica 04/2021 comunica os aspectos metodológicos e operacionais do novo método de calibração da pesquisa enquanto a Nota técnica 05/2021 aborda o uso da 1ª visita em 2012-2019 e da 5ª visita em 2020 no cálculo do Rendimento de todas as fontes. Por fim, a Nota técnica 06/2021 informa sobre os indicadores mensais e trimestrais divulgados e a forma de sua disponibilização.
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.
Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone desde 17 de março de 2020. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante.