Em depoimento a Polícia Federal, Jair Bolsonaro afirmou que o então ministro da Justiça Sérgio Moro aceitou a intervenção na Polícia Federal com a substituição do então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo pelo diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem, desde que ele fosse indicado a uma vaga no STF.
A transcrição do depoimento de Bolsonaro mostra “que ao indicar o DPF (Delegado de Polícia Federal) Ramagem ao ex-ministro Sérgio Moro, este teria concordado com o presidente desde que ocorresse após a indicação do ex-Ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal”.
Em outro trecho do depoimento, Bolsonaro diz que cobrou do seu subordinado as investigações envolvendo Adélio Bispo e o porteiro do condomínio Vivendas da Barra que afirmou ter visto o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz dizer que estava indo à casa 58 do residencial que pertence ao clã Bolsonaro. De acordo com o porteiro, isso ocorreu no dia do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.
Nas palavras de Bolsonaro, Moro “não observou nenhum empenho ou preocupação do ex-ministro Sérgio Moro em solucionar rapidamente o caso”.
O depoimento do presidente faz parte do inquérito que apura a suposta interferência política na PF. Em abril de 2020, antes de pedir demissão, Moro acusou Bolsonaro de querer interferir na PF para fins pessoais. Naquele período, Bolsonaro havia demitido Valeixo, escolhido pelo ex-juiz para a direção da PF.