O governo Bolsonaro está nas cordas.
Pesquisa Exame/Ideia divulgada há pouco (íntegra aqui) é uma verdadeira bomba para o governo.
As avaliações negativas voltaram a subir, e as positivas, a cair.
A maioria dos entrevistados agora culpa o governo federal, ou seja, Jair Bolsonaro, pelo aumento no preço dos combustíveis, o que mostra o enfraquecimento da narrativa bolsonarista de que a culpa seria dos governadores.
Se o preços dos combustíveis é visto como principal problema para 63% dos entrevistados de classe média, a inflação de alimentos é o que tem preocupado as famílias de baixa renda.
Ou seja, após uma gestão profundamente mal avaliada da pandemia, as angústias dos eleitores se voltam para a economia, com ênfase na inflação, e a tentativa de Bolsonaro de jogar a culpar nos outros não está colando.
Em números exatos, o percentual de entrevistados que considera o governo ruim ou péssimo subiu para 53%, ao passo que aqueles que o qualificam como ótimo e bom desceu para 23,4%.
O desempenho pessoal do presidente, por sua vez, é desaprovado por 54%, contra 23% que o apoiam.
Opinião: tanto a aprovação pessoal do presidente, como a nota ótimo/bom, são muito números muito próximos das intenções de voto de Bolsonaro. Conclui-se daí que, se essa pesquisa trouxesse também as intenções de voto, é provável que mostrasse queda de Bolsonaro.
Entretanto, o que se tem visto é uma oscilação entre 20% e 25% dessa aprovação, a depender do momento da pesquisa. Esse tem sido uma espécie de “piso” de Bolsonaro ainda difícil de romper.
Por outro lado, até o momento a questão econômica, embora dramática, ainda não era vista como o principal problema, porque todas as atenções estavam voltadas para a saúde, em virtude da pandemia que aterrorizou o mundo e fez a colheira macabra de mais de 600 mil vidas no Brasil.
Com a vacinação avançando rapidamente, e o número de infectados e mortes caindo, todo o foco passa a ser a economia. As famílias emergiram muito endividadas da pandemia, milhares de negócios tiveram prejuízos enormes ou fecharam as portas, e esperava-se que o governo tomasse a iniciativa de lançar um ambicioso programa de recuperação econômica.
O que se tem visto, todavia, é exatamente o contrário. Bolsonaro se preocupa apenas com sua reeleição, e tenta apagar focos de incêndios em sua popularidade através de ofertas assistencialistas e populistas. Claro que é preciso oferecer auxílio emergencial aos brasileiros, mas o correto seria que programas desse tipo viessem acompanhados de políticas públicas para segurança alimentar, emprego, educação, e readequação dos negócios ao “novo normal”.
Para piorar, nesta quinta-feira assistimos a uma debandada da equipe econômica de Paulo Guedes, em virtude de insatisfação com o rumo populista e irresponsável, do ponto-de-vista fiscal (deles), seguido pelo governo.
O Auxílio Emergencial de R$ 400, a “bolsa diesel”, também de R$ 400, prometidos por Bolsonaro, serão rapidamente neutralizados pela inflação, a menos que o governo eleve radicalmente esse valor, furando ainda mais o teto de gastos.