A pesquisa do PoderData divulgada nesta quarta-feira, 20, reflete um dos pontos que comprovam a competitividade eleitoral do ex-presidente Lula, uma base sólida no Nordeste. Sem esse fator, arrisco-me a dizer que o petista estaria travando uma polarização mais acirrada contra Jair Bolsonaro.
O PoderData coordenado pelo colega jornalista Fernando Rodrigues é um dos poucos institutos que divulga pesquisas eleitorais com relativa frequência. Mas desta vez, o levantamento focou nos eleitores do Piauí, estado que junto com Ceará e Maranhão tende a formar uma espécie de “tríplice eleitoral lulista” em 2022.
Pois bem, entre os irmãos piauienses, Lula tem a preferência de 63% do eleitorado contra os 17% que preferem Jair Bolsonaro. Pela terceira via, quem ocupa o lugar “de ponta” desse campo alternativo é uma figura bastante conhecida pelos eleitores do Piauí, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com seus 9%. Os outros nomes levantados somam 5%, incluindo Eduardo Leite (PSDB).
Talvez seja por isso que Ciro Gomes deu uma guinada de 180° na sua pré-campanha. Como é de conhecimento público, o pedetista que foi aliado de Lula/PT durante anos resolveu adotar de vez o discurso antipetista, com direito a um suposto arrependimento de não ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Mas voltando a pesquisa, quando se olha os índices levantados na capital Teresina, Lula tem 51% das intenções de voto ante os 20% de Bolsonaro. No interior, o petista amplia sua vantagem, saltando para 67% contra 16% do inquilino do Planalto.
Sendo assim, o cenário levantado no Piauí só confirma o que vem sendo constatado em outras pesquisas eleitorais, a agonia da terceira via. Apesar de ser um levantamento de alcance local, é indiscutível que esse campo alternativo ainda não conseguiu empolgar o eleitor, em especial o de baixa renda que necessita organicamente do auxílio do estado por meio de políticas públicas voltadas para a redução da pobreza. Mas esse detalhe também torna-se incompatível com o discurso neoliberal de Leite e a linguagem pouco popular de Ciro sobre as propostas contidas no seu PND.
Mas além do cenário favorável para sua campanha, Lula e o seu partido também estão competitivos no que diz respeito a sucessão de Wellington Dias. O atual secretário da Fazenda do estado, Rafael Fonteles (PT), que já é o nome escolhido para disputar o governo local aparece em segundo lugar com 25%. Na liderança, está o ex-prefeito de Teresina, Silvio Mendes (PSDB), com 31%.
Outra questão levantada pela pesquisa é sobre a influência de Lula no voto para governador. Cerca de 68% declaram que devem votar em Rafael Fonteles se o ex-presidente oficializar apoio ao seu correligionário. Já um candidato apoiado por Bolsonaro teria apenas 17% das intenções de voto.
Esse último detalhe não é animador para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), que cogita disputar o governo com seu bloco de oposição e o apoio do Planalto. Recentemente, o Progressistas sob a liderança da deputada federal Margarete Coelho decidiu entregar a última pasta que o partido ocupava (Meio Ambiente) na gestão de Wellington Dias. No comunicado, a deputada disse que o PP vai seguir “diferentes caminhos políticos”.