O Brasil nunca exportou tanto.
O saldo comercial nunca foi tão elevado.
E o povo está passando fome.
Há 14 milhões de brasileiros desempregados, sem contar outros milhões que pararam de procurar emprego, e mais outras dezenas de milhões que sofrem no subemprego e em trabalhos informais que geram renda insuficiente.
Nos últimos 12 meses (até setembro), o Brasil exportou 266,8 bilhões de dólares, aumento de 26% sobre o período anterior.
O saldo comercial (exportação menos importação) no mesmo intervalo foi de 66,17 bilhões de dólares, o maior da nossa história, alta de 29% sobre os 12 meses anteriores.
Esse desempenho se deu sobretudo às exportações de minérios, petróleo e soja, mas especialmente ao minério de ferro.
As exportações brasileiras de minérios metálicos (classificação que inclui o ferro, que responde por 86% do total de todos os minérios metálicos exportados pelo Brasi) nos últimos 12 meses aumentaram 82% em 12 meses.
Considerando apenas o minério de ferro, o aumento das exportações brasileiras foi de 97%.
Esse aumento foi puxado pela China, que foi responsável por quase 70% de todo o nosso minério de ferro vendido ao exterior.
Outro fator importante a considerar, quando se analisa o bom desempenho do comércio exterior brasileiro, é o aumento das exportações de petróleo bruto.
As exportações brasileiras de petróleo bateram um recorde histórico nos últimos 12 meses, gerando 34 bilhões de dólares, aumento de 22% sobre o ano anterior.
Entretanto, se subtrairmos o minério de ferro e o petróleo das exportações brasileiras, o saldo comercial do Brasil ficaria negativo em quase 20 bilhões de dólares.
A primarização da economia brasileira é outro problema grave, e que explica porque as exportações batem recorde enquanto o Brasil vive uma das piores crises econômicas da história.
O gráfico acima mostra a importância da China para a economia brasileira. A comparação com os EUA é impressionante. Enquanto a participação da China nas exportações brasileiras passou de 30%, a dos EUA cai para perto de 10%.