Pesquisa Quaest mostra que “é a economia, estúpido!”

Saiu uma nova pesquisa Quaest, que é presencial, atualizada todo mês desde julho, e que o professor Jairo Nicolau garante ser de primeira qualidade. A íntegra do relatório pode ser baixada aqui.

De fato, é uma pesquisa muito completa.

Comecemos pela espontânea, que é sempre importante monitorar, pois indica não apenas a preferência pelos candidatos, como também o grau de conhecimento dos eleitores.

Nossos comentários vem depois dos gráficos.

O número de indecisos vem caindo lentamente nos últimos meses. Hoje está em 55%. Não é tão alto para uma espontânea feita a um ano da eleição, mas outras pesquisas tem apontado uma indecisão menor.

Lula lidera com 22%, seguido de Bolsonaro com 17%. Ciro Gomes tem 1%. Os outros candidatos somam igualmente 1%.

Os líderes seguem estáveis, oscilando dentro da margem de erro, desde julho.

A decepção vem dos candidatos da terceira via.  A essa altura, para demonstrarem viabilidade, já era para terem pontuado fora da margem de erro.

Na estimulada, Lula e Bolsonaro seguem igualmente estáveis desde julho, oscilando dentro da margem de erro. Ciro Gomes cresceu 3 pontos de setembro para outubro, mas voltou ao que tinha em julho. Todo mundo parece ter batido num teto.

O eleitorado nem-nem também segue estável desde julho, oscilando na margem de erro: hoje 29% dizem que não querem nem Lula nem Bolsonaro, contra 42% que preferem que Lula vença, contra 23% que preferem Bolsonaro.

Conforme alguns analistas previam, o crescimento da terceira via está vindo pela direita. Apesar de Ciro ter ganhado uns pontinhos, seus concorrentes à direita subiram mais. Ciro já foi numericamente ultrapassado por Datena e Moro, apesar de todos se manterem em empate técnico.

O problema da terceira via é que ela está irremediavelmente partida em duas. À esquerda, temos os eleitores de Ciro Gomes, que tem mais tendência de migrar para Lula do que para Bolsonaro. À direita, um monte de candidatos à direita, talvez mais inclinados para Bolsonaro. Ciro tem sido facilmente neutralizado por Lula junto ao eleitorado de esquerda, e os nomes à sua direita, por sua vez, encontram o caminho bloqueado pelas gigantescas redes de Bolsonaro.

No segundo turno, Lula ganha de todos com larga vantagem. No cenário com Bolsonaro, Lula ganha de 53 X 29%. Contra Ciro, Lula marca 49 X 26. Num embante Lula X Moro, o placar seria de 52 X 26 em favor do petista.

O gráfico acima prova que o candidato da terceira via com maior potencial de crescimento é Sergio Moro, porque ele ainda tem alguma imagem como alguém capaz de lidar com problemas de criminalidade e corrupção. Mesmo assim, está em terceiro lugar distante. Lula é visto como melhor nome para resolver os principais problemas, com destaque para controle da economia. Para 44% dos entrevistados, Lula é o melhor nome para lidar com os problemas econômicos, contra 18% de Bolsonaro e 6% de Ciro.

É a economia, estúpido!

A pesquisa também trouxe gráficos com a avaliação do presidente Bolsonaro.

Na média geral, a avaliação de Bolsonaro é a pior dos últimos quatro meses: 53% de negativo, contra 20% de positivo. Desde julho, Bolsonaro perdeu 6 pontos de avaliação positiva e a linha vermelha (negativo) subiu 8 pontos.

A deterioração do prestígio de Bolsonaro se dá em todas as regiões. No Norte, sua rejeição saltou de 37% em setembro para 55% em outubro.

Até mesmo no Sul, região mais bolsonarista do país, a imagem de Bolsonaro é negativa para 47%, contra apenas 23% de positivo.

Bolsonaro perdeu prestígio em todas as faixas de renda, segundo a Quaest, embora ainda tenha melhor aprovação entre eleitores com renda mais alta.

O crescimento da rejeição entre as famílias de baixa renda, de qualquer forma, foi impressionante: o percentual de negativo junto a eleitores com renda até 2 salários cresceu de 48% para 58% de setembro a outubro, ao passo que sua imagem positiva declinou de 19% para 17%.

Interessante ainda é o declínio acentuado do prestígio de Bolsonaro junto aos evangélicos. Apesar dele ainda ter imagem positiva para 30% dos eleitores evangélicos, sua avaliação negativa subiu de 35% para 42% nos últimos 30 dias.

A pesquisa ainda traz algumas tabelas que cruzam duas informações importantes: em quem vota e como se informa sobre política. No gráfico acima, pode-se constatar que a força de Bolsonaro está concentrada nas redes sociais e em sites/blogs.

Entre eleitores que se informam principalmente por blogs, Bolsonaro tem 35%, contra 28% de Lula e 31% para terceira via. Os números deixam claro que tanto Lula como a terceira via precisam tratar muito bem blogs e sites, se quiserem vencer Bolsonaro.

A pesquisa, por fim, trata da imagens de países selecionados junto aos eleitores, por segmento. Interessante notar que o eleitor de Bolsonaro tem imagem muito negativa da China. Na verdade, a China precisa melhorar sua imagem junto a eleitores de todos os credos políticos. Na média, a China é malvista por 44% dos brasileiros, ao passo que 34% tem imagem favorável do país. Os EUA tem imagem favorável de 58% dos brasileiros.

Potencial de voto dos candidatos

Por fim, segue uma comparação dos gráficos de potencial de voto de setembro e outubro.

A rejeição de Bolsonaro cresceu de 62% para 65% (que dizem que “conhece e não votaria). A rejeição de todos cresceu um pouco, na verdade. Dentre os candidatos mais conhecidos, a menor rejeição é de Lula.

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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