Por Chico D’Angelo
O Brasil parece mergulhado em tempos de desesperança. O obscurantismo, o negacionismo, a insensatez, o ódio pela cultura e pela arte, campeiam de forma assustadora. Um dos casos mais gritantes desse projeto de terra arrasada promovido por Jair Bolsonaro e seus asseclas manifesta-se no campo da educação. No país de Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro, atacar a educação é uma maneira de comprometer o futuro, consolidar um projeto de exclusão social e abdicar de qualquer perspectiva de soberania nacional mais consistente.
Paulo Freire, patrono da educação brasileira, insistia na necessidade de uma pedagogia comprometida com a justiça social, que combatesse o que o mestre chamava de “educação bancária”: aquela que, antes de formar cidadãos, se preocupa em adestrar estudantes para que eles se adequem aos ditames do mercado.
É neste contexto de crise que se aproxima o dia 15 de outubro, data em que se homenageiam as professoras e professores do Brasil. A data se refere ao decreto de D. Pedro I que, no ano de 1827, criou o Ensino Elementar no Brasil, com a instituição das escolas de primeiras letras nas cidades brasileiras. No ano de 1947, o professor paulista Salomão Becker, sugeriu fazer da data um dia de confraternização e de homenagem aos professores. A ideia deu certo e, em 1963, a comemoração foi oficializada pelo presidente trabalhista João Goulart, pelo decreto federal nº 52.682.
Além da comemoração, é necessário que o dia em homenagem às nossas professoras e professores desperte também o compromisso de cada um de nós com a categoria. Recentemente, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico , grupo que agrega 34 economias avançadas ou emergentes, divulgou um estudo mostrando que a remuneração dos professores da educação básica no Brasil é bem mais baixa do que a média dos países membros da organização. Além disso, o Brasil foi apontado como um dos países mais hostis para quem leciona em escolas públicas.
Como ressaltou Darcy Ribeiro em sentença famosa, “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto”. A efetiva transformação que almejamos para o país – ancorada na defesa intransigente da democracia, da justiça social, do respeito às minorias e da soberania nacional – não têm como se efetivar sem a consciência de que a educação é ponta de lança das mudanças desejadas.
A luta pela dignidade das professoras e professores do nosso país é um compromisso urgente que precisamos abraçar, para que possamos modificar as mazelas do presente e construir, com esperança, um futuro mais próspero. Como diz o samba de 2019 da Mangueira, é na luta é que a gente se encontra. Viva as professoras e professores do Brasil!
Chico D’Angelo é deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro