Por Gilberto Maringoni
Os atos contra Bolsonaro realizados neste domingo (12) foram muito fracos, em diversas capitais. Em São Paulo, Rio e Minas, o MBL, organizador dos eventos, não conseguiu segurar os cães hidrófobos de seu lado, que vieram com a cantilena “Nem Lula e nem Bolsonaro” e comprometem a formação da mais que necessária frente ampla para se derrotar o governo. Kim Katiguiri, que prometera um comportamento equilibrado, se desmoraliza.
Eu imaginava que a manifestação de São Paulo, por contar com apoio dos governos estadual e municipal fosse bem maior. Acima de tudo, julguei que, após a micareta golpista patrocinada por Bolsonaro no dia da Pátria, novos setores da burguesia se descolariam do governo, arrastando a direita liberal no caminho. O bate-cabeças na produção de manifestos na semana anterior apontava para defecções expressivas. O objetivo seria, obviamente, compor forças para viabilizar a terceira via.
ESSE MEU ERRO: as cisões não aconteceram e, até aqui, a operação Temer conteve a sangria bolsonarista. Nenhuma força expressiva, além de quem já se perfilava na oposição, se deslocou.
Assim, no palanque paulistano, estavam os já rompidos com o boçal, como Ciro, Dória, Mandetta, Alessandro Vieira, Isa Penna, Simone Tebet, Joice Hasselmann e Tabata Amaral, além de setores minoritários da esquerda.
Sem a ampliação consistente dessa frente, não haverá mudança da conjuntura. Não bastam novos atos. São precisos novos atos, maiores e representativos de um maior leque de forças. Sem sensibilizar os pobres com temas como inflação, comida, emprego, vacina etc. e sem deslocamentos expressivos na direita, teremos, possivelmente, mais do mesmo.