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O insosso e covarde pronunciamento de Arthur Lira

Lira conseguiu a proeza de decepcionar a todos. Os bolsonaristas, que se radicalizaram e exigem a submissão explícita e absoluta à vontade do líder supremo, seguramente suspeitam que o discurso do presidente da Câmara foi um ataque indireto e oblíquo ao presidente da república e a seus apoiadores. Num certo sentido, foi mesmo. Quando critica […]

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Lira conseguiu a proeza de decepcionar a todos.

Os bolsonaristas, que se radicalizaram e exigem a submissão explícita e absoluta à vontade do líder supremo, seguramente suspeitam que o discurso do presidente da Câmara foi um ataque indireto e oblíquo ao presidente da república e a seus apoiadores.

Num certo sentido, foi mesmo.

Quando critica “bravatas em redes sociais”, afirma que não há “mais espaço para radicalismo e excessos”, e alerta que essa agitação tem prejudicado a economia, Arthur Lira faz uma crítica de cabeça baixa, envergonhada, mas ainda assim uma crítica, ao presidente Bolsonaro.

A oposição a Bolsonaro, por sua vez, ficou decepcionada com a falta de objetividade de Lira, além da tentativa – covarde – de normalizar os crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente.

Para a deputada Natália Bonavides, o pronunciamento de Lira foi uma “declaração de apoio ao governo”, porque ao não pautar o impeachment, ele estaria sendo “conivente”.

Bolsonaro afirmou na Paulista que não cumprirá ordens judiciais do STF, e voltou a atacar o presidente do TSE.

É o discurso de um líder fascista pregando uma rebelião subversiva contra o regime democrático.

Não há como tergiversar. O legislativo precisa se colocar como anteparo de proteção do Judiciário, contra o ataques do presidente.

Lira agiu como um líder medíocre do centrão: lavou as mãos para a crise institucional e fez o jogo de Bolsonaro.

O discurso encerrou com uma louvação aos que se manifestaram pacificamente, o que pareceu uma tentativa, meio patética, de fazer um agrado nos apoiadores do presidente.

***

Para registro histórico, segue a matéria publicada no site da Câmara:

Lira afirma que não há mais espaço para radicalismo político

08/09/2021 – 13:59

Agência Câmara — Em pronunciamento feito nesta quarta-feira (8), relativo aos acontecimentos do Sete de Setembro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o Parlamento vai ser um ponte de pacificação entre os Poderes Executivo e Judiciário. Ontem, durante manifestações de apoio ao governo, Bolsonaro afirmou que não iria mais cumprir ordens judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele defendeu o “enquadramento do ministro”.

“É hora de dar um basta a esta escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos”, afirmou Lira.

Sem citar o presidente Bolsonaro, que defendeu ontem o voto impresso, proposta já derrubada pela Câmara no mês passado, Lira afirmou que é uma questão superada.

“Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas – como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página. Assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão – e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a Casa com sua soberania e independência entender que cruzaram a linha”, disse.

Arthur Lira reafirmou o respeito à Constituição e disse que ela “jamais será rasgada”. “O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022. Com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania”, defendeu Lira.

Lira lembrou as ações da Câmara no combate à pandemia e à crise econômica. Segundo ele, o Legislativo não faltou ao povo e vai seguir adiante com as reformas. “A Casa do Povo seguiu adiante com as pautas do Brasil – especialmente as reformas. Nunca faltamos para com os brasileiros. A Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma nação melhor para todos”, afirmou.

Segue abaixo a íntegra do pronunciamento do presidente da Câmara

Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemorações de 200 anos como nação livre e independente, não vejo como possamos ter ainda mais espaço para radicalismo e excessos.

Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido. Não me esqueço um minuto que presido o Poder mais transparente e democrático.

Nossa Casa tem compromisso com o Brasil real – que vem sofrendo com a pandemia, com o desemprego e a falta de oportunidades. Na Câmara dos Deputados, aprovamos o auxílio emergencial e votamos leis que facilitaram o acesso à vacinação. Avançamos na legislação que permite a criação de mais emprego e mais renda. A Casa do Povo seguiu adiante com as pautas do Brasil – especialmente as reformas. Nunca faltamos para com os brasileiros. A Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma nação melhor para todos.

Os Poderes têm delimitações – o tal quadrado, que deve circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas – como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página. Assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão – e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a Casa com sua soberania e independência entender que cruzaram a linha.

Conversarei com todos e com todos os Poderes. É hora de dar um basta a esta escalada, em um infinito looping negativo.

Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos.

Em tempo, quero aqui enaltecer a todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico. Uma democracia vibrante se faz assim: com participação popular e liberdade e respeito à opinião do outro.

Foi isso que inspirou Niemeyer e  Lúcio Costa, quando imaginaram a Praça dos Três Poderes: colocaram o Executivo, o Judiciário e o Legislativo no meio. Equidistantes – mas vizinhos e próximos suficientes para que hoje a gente possa se apresentar como uma ponte de pacificação entre Judiciário e Executivo. E é este papel que queremos desempenhar agora. A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos. Para que todos possamos nos voltar ao Brasil Real que sofre com o preço do gás, por exemplo.

A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como um motor de pacificação. Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história tem ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com união e solidariedade e não há receita para superar a grave crise socioeconômica sem estes elementos.

Esta Casa tem prerrogativas que seguem vivas e quer seguir votando e aprovando o que é de interesse público. E estende a mão aos demais Poderes para que se voltem para o trabalho, encerrando desentendimentos.

Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022. Com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo  expressa sua soberania.

Que até lá tenhamos todos, serenidade e respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que todos nós amamos.

Muito obrigado!

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Wilson Silveira

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Batista

09/09/2021 - 13h01

Selfie da semana da Pátria:

Bolsonaro tocando o Lira e o Brasil pegando fogo.

Batista

09/09/2021 - 12h56

No mundo real, ‘livre pensar é só pensar’ e contar.

O Brasil tem hoje, em torno de 150 milhões de eleitores.

As pesquisas idôneas, repetem-se mostrando o gado do incompetente estagiário a presidente em torno de 25% desses eleitores, ou seja, 37,5 milhões de cabeças.

Com tremendo esforço a favor, mesmo com todos os recursos disponíveis e esforços efetuados pela máquina desgovernamental-evangélica-agrodapedralascada-armada-miliciana por dois meses para lotarem as ruas nesse 7 de setembro, em todo o Brasil, conseguiram não mais de 2 milhões de cabeças presentes.

Mas façamos mais um esforço a favor e dobremos a presença para 4 milhões de ruminantes e teremos um pouco mais de 10% de cabeças obedientes respondendo com a presença a tamanho apelo, embora a realidade aponte menos de 5% de cabeças efetivamente presentes, ou seja de cada cem eleitores ruminantes, apenas 10 na melhor hipótese e 5 na realidade, estiveram presentes.

Essa é a tal, ‘MAIORIA DO POVO BRASILEIRO’, utilizada pelo gado que rumina virtualmente na realidade paralela, em sua narrativa.
Porém na realidade brasileira da gasolina a R$7,00 o litro, o bujão de gás a mais de R$100,00, os reservatórios quase secando, o desemprego só aumentando, a pandemia vindo, indo e ficando, o dólar subindo e a inflação roncando, 75% continua sendo maioria, duas vezes mais que 25% e o fato que conta.

Paulo

09/09/2021 - 12h30

O retrato do Parlamento brasileiro atual…

Francisco*

09/09/2021 - 12h00

Enquanto dividida, a xucra classe dominante brasileira não sabe se joga imediatamente ao mar o capetão, para substitui-lo pelo terceira via, ou se segura mais um bocadinho para ver se dá para pilhar na bacia das almas alguma coisa mais do pouco que resta do patrimônio nacional, a mais que pilhada vaca verde-amarela rola ribanceira abaixo, entre empurrões e sopapos de caminhoneiros do whatsapp brincando de poderosos intocáveis nas estradas, certamente comemorando o preço dos combustíveis nas alturas, graças aos esforços continuados do desgoverno do líder que ‘ceguem’, o MINTO MUITO, com reservatórios de água no ralo, o IPCA anual anunciado a 9,68% e o refluxo da pandemia a anunciar a pororoca da Delta para outubro, ele, sempre ele, o cirúrgico Fernando Brito, rasga o ventre dessa medíocre suruba verde-amarela ‘fora-de-época-e-de-sentido’, e esguicha para cima de todos e de tudo, a merda mole de bovinos ânus do gado ruminante nacional, enquanto ao som do ‘varre-varre vassourinha’, anuncia o fim dessa festa podre, na precisa frase:

A VACA ESTÁ, SOLENEMENTE, INDO PARA O BREJO, EMPURRADA PELO GADO.

Paulo Figueira

09/09/2021 - 10h59

Maioria aonde?
Desde quando 25% de apoio é maioria?
A maioria de fato que ver essa gente pelas costas.
É o que dizem todas as pesquisas de opinião, pode escolher qualquer uma

Sebastião de golveia

09/09/2021 - 05h36

Eu e milhões de brasileiros esperava(mos) uma posição mais contundente do presidente da Câmara Arthur Lira mas ao inves disso ele passou pano pra bolsonaro…mas como dizem que recordar é viver todos nós lembramos que quando golpe Michel Temer em Dilma Rousseff o Eduardo conduziu o processo arregimentou forças e derrubaram a Dilma e ele virou estrela e brilhou por uns dias e depois foi preso por roubo tornandi -se dos maiores gatunos do pais né? Pois é como yodos sabem o Arthur é todo encalacrado denuncias todas nas mesmad proporçoes e aí nesse caso quem tem c** tem medo vai que ele poe em análise o pedido de impeachment e ajuda derrubar o doido e logo depois os processos dele que estão parados resolvam andar e ele vá preso né?

Alexandre Neres

08/09/2021 - 19h12

Concordo com as críticas a Lira, mas a bem da verdade o buraco é mais embaixo. Os outros presidentes de poder também não ficam atrás.

O pachequinho está há quanto tempo nessa tibieza, normalizando os ataques à democracia, querendo conciliar os inconciliáveis, de sorte que toda a elite unida dê as mãos. Com um discurso frouxo, o genro predileto de todas as mamães brasileiras passou pano vergonhosamente para as maluquices de Bolsonero. Agora fica difícil de correr atrás do preju. Tudo bem, agora ele mudou, esvaziou o Senado por 2 dias (para quê?), quer concorrer a presidente ou a vice ano que vem, aí já viu, né?

O zé bunitinho, vaidoso que só ele, com aquela piruca ridícula, quer posar de valente, mas quando quer engrossar fala é de crime de responsabilidade para transferir a bola para o Congresso. O que se pode esperar de alguém que quando foi indicado beijou os pés de Adriana Anselmo, a digníssima do Cabral? Hoje em dia ainda se dá ao luxo de posar de moralista!

Um retrato cuspido e escarrado de nossas elites carcomidas, que atavicamente nada mais fazem do que predar, sangrar, ressangrar e acumular, é formado tanto pelos canastrões de quinta Lira e Bolsonaro (talvez o mais desviante de todos) quanto pelos good cops “In Fux We Trust” e “Pachecagem”!

dcruz

08/09/2021 - 18h50

Esse é um dos asseclas do bozo, o que ele chama de bravata é crime contra a democracia mesmo, ele usa esse artifício para desculpar o chefe com aquele tipo de desculpa esfarrapada: ele não cometeu ato nenhum antidemocrático foi só de boca pra fora, bravatas. É a tal desculpa do jogador de futebol: “falou de cabeça quente.”

Valeriana

08/09/2021 - 18h37

Covarde é quem se vende como democrata bam bam bam e fica calado diante das porcarias que o Sr. De Moraes està fazendo com a liberdade das pessoas, de imprensa, de expressào…por interesses politicos.

Nunes

08/09/2021 - 15h53

Impeachment com a maioria dos brasileiros na rua apoiando o Governo…. são idiotas assim por natureza ou fizeram algum curso ?

JOSÉ EDSON DA SILVA

08/09/2021 - 15h31

Vai ser deputado esse resto de mandato depois já esta com a vida arrumada e pronto,, pobre povo beasileiro que se foda…

Kleiton

08/09/2021 - 14h50

Impeachment de quem seus tontos…

Impeachment = falta de assuntos diante do apoio popular de ontem.

Respeitem a vontade da maioria dos brasileiros e façam uma oposição descente ao invés de repitir idiotices inúteis.


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