Em entrevista a Rádio Vale de Juazeiro do Norte (CE), o ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), afirmou nesta terça-feira (31) que o “maior erro histórico” do seu partido foi ter apoiado diretamente o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.
“Talvez, o maior erro histórico do MDB tenha sido retirar uma governante legitimamente eleita pelo povo, inclusive com meu voto”.
Na avaliação do emedebista, Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade. “Pra mim, sempre tem que ter algo muito grave para tirar um governante. Eu nunca fui petista e nunca tive o aplauso do petista de base […] Mas tirar alguém do mandato tem um reflexo extremamente negativo”.
“E esse reflexo caiu sobre todos nós emedebistas […] O MDB perdeu muito no que diz respeito a sua bancada, perdeu muito na época com a opinião pública, porque sendo um partido que lutou contra a ditadura militar e historicamente favorável a democracia não poderia ter feito aquilo que fez”.
O ex-senador também declarou que o PSDB e o DEM exerceram forte influência junto as lideranças do partido, que na sua avaliação, não eram do “MDB de raiz” e citou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ).
“Influenciado pelo PSDB e por alguns que estavam no MDB e que não eram do MDB de raiz como o senhor Eduardo Cunha que depois deu no que deu, como o senhor Geddel Vieira Lima que deu no que deu, como o senhor Moreira Franco que deu no que deu, o senhor [Eliseu] Padilha e tantos outros que influenciaram o MDB e incorporados pelo PSDB e o DEM tomaram de assalto o Palácio do Planalto”.
Ainda durante a entrevista, ele negou que o MDB foi um partido “golpista como um todo” e falou que internamente votou contra o apoio do partido ao impedimento de Dilma.
“Na época, eu fui voto vencido. Aliás, pra fazer justiça, eu, o Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) e o Renan Calheiros (MDB-AL) fomos votos vencidos na Comissão Executiva Nacional do MDB”.