Por Reuters
Os Estados Unidos atacaram um “planejador” do Estado Islâmico no Afeganistão em retaliação a um bombardeio mortal fora do aeroporto de Cabul e disseram que havia um alto risco de novas explosões, uma vez que se aproxima o fim de uma missão para evacuar civis e retirar-se tropas.
Entre as dezenas de mortos na explosão suicida de quinta-feira, reivindicada por uma afiliada do Estado Islâmico no país, estavam 13 militares americanos , o incidente mais letal para as tropas americanas no Afeganistão em uma década.
O Comando Central dos EUA disse na sexta-feira que o ataque noturno de drones ocorreu na província de Nangarhar, a leste de Cabul e na fronteira com o Paquistão.
“As indicações iniciais são de que matamos o alvo. Não sabemos de nenhuma vítima civil”, disse um comunicado militar dos EUA.
Porta-vozes do Taleban, que completou uma rápida tomada de controle do país neste mês com a retirada das forças dos EUA, se recusou a comentar sobre o ataque do drone. O grupo do Estado Islâmico no Afeganistão é inimigo do Taleban, assim como do Ocidente, e o Taleban disse que prendeu alguns suspeitos após a explosão.
Até 170 pessoas, sem incluir as tropas dos EUA, foram mortas no bombardeio, de acordo com a mídia dos EUA, incluindo o New York Times, citando autoridades de saúde. consulte Mais informação
A Casa Branca disse que os próximos dias serão provavelmente os mais perigosos da operação de evacuação dos EUA que, segundo o Pentágono, tirou cerca de 111.000 pessoas do Afeganistão nas últimas duas semanas
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que os Estados Unidos acreditam que ainda há ameaças “específicas e críveis” contra o aeroporto após o bombardeio em um de seus portões.
“Certamente estamos preparados e esperamos tentativas futuras”, disse Kirby a repórteres em Washington. “Estamos monitorando essas ameaças muito, muito especificamente, virtualmente em tempo real.”
A Embaixada dos Estados Unidos em Cabul alertou os americanos para evitarem o aeroporto de Cabul por causa de ameaças à segurança e aqueles que estão em seus portões devem partir imediatamente.
As forças dos EUA e aliadas estão correndo para completar a evacuação de seus cidadãos e afegãos vulneráveis e para se retirarem do Afeganistão até o prazo estabelecido pelo presidente Joe Biden, após duas décadas de presença militar americana no país.
A maioria dos mais de 20 países aliados envolvidos no transporte aéreo de afegãos e seus cidadãos para fora de Cabul disseram ter concluído as evacuações na sexta-feira.
A Grã-Bretanha encerrará sua operação no sábado, disse o chefe das Forças Armadas, embora reconheça que, como outros países, não foi capaz de tirar todos de lá .
Multidões de pessoas se reuniram do lado de fora do aeroporto para tentar embarcar em voos de evacuação desde que o Taleban assumiu o controle do Afeganistão em 15 de agosto, embora na sexta-feira os guardas do Taleban tenham impedido as pessoas de se aproximarem.
Biden disse antes que ordenou ao Pentágono que planejasse como atacar o ISIS-K , a afiliada do Estado Islâmico que assumiu a responsabilidade pelo atentado de quinta-feira.
Afiliado do Estado Islâmico do Afeganistão, conhecido como Estado Islâmico Khorasan (ISIS-K) por causa de um antigo nome para a região, apareceu no leste do Afeganistão em 2014 e mais tarde fez incursões em outras áreas, especialmente no norte.
EXPLOSÕES EM JALALABAD
Uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato, disse que o ataque do drone foi contra um militante do Estado Islâmico que planejava ataques.
Um drone ceifador, que decolou do Oriente Médio, atingiu o militante que estava em um carro com um associado do Estado Islâmico. Acredita-se que ambos tenham sido mortos, disse o oficial.
Em Jalalabad, o ancião da comunidade Malik Adib disse que três pessoas morreram e quatro ficaram feridas no ataque aéreo por volta da meia-noite de sexta-feira, acrescentando que foi convocado pelo Taleban para investigar o incidente.
“Mulheres e crianças estão entre as vítimas”, disse Adib, embora não tivesse informações sobre sua identidade.
Moradores de Jalalabad, capital de Nangarhar, disseram no sábado que ouviram várias explosões de um ataque aéreo por volta da meia-noite, embora não esteja claro se as explosões foram causadas por um drone americano.
Um alto comandante do Taleban disse que alguns membros do ISIS-K foram presos em conexão com o ataque a Cabul. “Eles estão sendo interrogados por nossa equipe de inteligência”, disse o comandante.
O número de afegãos mortos no ataque a bomba no aeroporto subiu para 79 na sexta-feira, disse um funcionário do hospital à Reuters, acrescentando que mais de 120 ficaram feridos.
Embora o aeroporto de Cabul esteja um caos, o resto da cidade está geralmente calmo. O Taleban pediu aos residentes que entregassem equipamentos do governo, incluindo armas e veículos, dentro de uma semana, disse o porta-voz Zabihullah Mujahid.
Biden já enfrentava críticas em casa e no exterior pelo caos em torno da retirada e evacuação das tropas. Enquanto o Taleban avançava rapidamente para Cabul em meio à retirada, o governo e as forças armadas do Afeganistão, apoiados pelo Ocidente, entraram em colapso. Biden defendeu suas decisões, dizendo que os Estados Unidos alcançaram há muito tempo sua justificativa para invadir o país em 2001.
A invasão liderada pelos EUA derrubou o então governante Taleban, punindo-o por abrigar militantes da Al Qaeda que planejaram os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
O Taleban disse que afegãos com documentos válidos poderão viajar no futuro, mas a população deixada para trás enfrenta uma catástrofe humanitária, afirmam funcionários da ONU.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!