Para a FUP e o Sindipetro PE/PB, a resistência da categoria em mobilizações, como as greves de março de 2021 e de fevereiro de 2020, as lutas jurídicas para barrar as privatizações e a sinalização de mudança no cenário político são fatores que devem “indicar um movimento de reserva do capital privado”
[Da imprensa da FUP, com informações do Sindipetro PE/PB e da Revista Forum]
Após mais de dois anos de tentativas, a Petrobrás decidiu encerrar nesta quarta-feira (25) o processo de venda da Refinaria Abreu e Lima (RNEST). Todos os interessados decidiram retirar suas propostas de compra da unidade, localizada em Ipojuca, em Pernambuco. A refinaria é uma das oitos unidades que foram colocadas à venda pela gestão da empresa.
“Petrobras informa que interessados no processo de venda da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) declinaram formalmente de apresentar proposta vinculante para compra da refinaria. Assim, a Companhia está realizando os trâmites internos para encerramento do processo de venda em curso e avaliará seus próximos passos”, disse empresa em nota.
No mesmo dia em que fez este comunicado, a Petrobrás anunciou a venda da Refinaria de Manaus, Isaac Sabbá (Reman), para uma empresa que pertece à Atem Distribuidora, principal concorrente da estatal na região Norte. Em março, a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) já havia sido vendida pela metade do preço para o fundo de investimentos dos Emirados Árabes, Mubadala. As duas vendas estão sendo contestadas pela FUP e seus sindicatos, em ações na justiça.
Seguem em processo de privatização a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, a Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais, a Refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará, e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná.
Em nota, o Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e Paraíba destacou a importância para a categoria e para o país da preservação da Abreu e Lima no Sistema Petrobrás. “A Rnest é considerada pela própria Petrobrás como a mais moderna refinaria já construída pela empresa, sendo fundamental no atendimento à demanda nacional por derivados de petróleo. O fracasso do processo de venda se dá em meio a muita turbulência no cenário político do país e pode representar uma tendência de recuo na sina entreguista do governo Bolsonaro/Guedes”.
Greves, ações jurídicas e novo cenário político
Para os petroleiros e petroleiras, a resistência da categoria em greves recentes, como as de março (refinarias) e de abril/junho (PBio) deste ano e a histórica greve de 20 dias em fevereiro de 2020, foi fundamental para interromper a venda da Abreu e Lima. Somam-se a isso as lutas jurídicas para barrar as privatizações e a sinalização de mudança no cenário político, fatores que devem “indicar um movimento de reserva do capital privado”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desponta como principal ator no processo eleitoral do ano que vem, já havia sinalizado em março, em entrevista coletiva, que “quem estiver comprando coisas da Petrobrás, tá correndo risco porque a gente pode mudar muita coisa”.
“E na medida que são apresentadas novas pesquisas eleitorais em favor do petista, além da queda na popularidade do atual mandatário, isso pode influenciar na decisão do capital em querer avançar sobre a estatal brasileira”, afirmou o Sindipetro PE/PB.
“Sem dúvida alguma ,os processos que nós ingressamos na justiça com relação à venda da refinaria da Bahia serviram para alertar a gestão da Petrobras que não tem como mais continuar vendendo ativos da empresa a preço de banana ou na bacia das Almas, como diz o ex-presidente da empresa de Sérgio Gabrielli”, afirmou o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, em entrevista à revista Forum.
Conforme aponta Bacelar, a Abreu e Lima é uma refinaria grande que pode atingir uma capacidade de processamento de cerca de 230 mil barris de petróleo por dia se o trem 2 entrar em funcionamento. Além disso, a refinaria produz um diesel de alta qualidade – S5, com baixíssimo teor de enxofre -, o que a valoriza ainda mais. “A gestão da empresa fica sem justificativa para vender um ativo desse porte a um preço muito abaixo ou abaixo da sua avaliação financeira”, afirma.
Outro fator que pesou, segundo Bacelar, foi a desvalorização cambial. “A política econômica desequilibrada do Paulo Guedes tem feito com que haja uma desvalorização grande do real perante o dólar, então, isso gera um impacto principalmente para empresas internacionais que tenham interesse em adquirir ativos da Petrobras aqui no Brasil”, apontou.
Em nota, o Sindipetro PE/PB comemorou a vitória dos trabalhadores:
“O fracasso da venda da Refinaria Abreu e Lima é uma vitória dos trabalhadores da Petrobrás, do povo pernambucano e da Região Nordeste. Em meio a alta no preço dos combustíveis, a União ter controle na produção e refino do petróleo, além de derivados através do abastecimento de GLP, por meio do Transpetro, no TA Suape, é fundamental para reverter a atual política de preços influenciada pelo Dólar, garantindo preço justo nos combustíveis e gás, além de balizar o desenvolvimento industrial da Região, gerando empregos, tendo como suporte a capacidade de investimentos da Petrobrás”.
canastra
27/08/2021 - 10h13
Ninguem quer o monumento de esterco da desgraça petista.
Ronei
27/08/2021 - 09h07
Ninguém quer aquela obra magna de imundícia do PT que não se paga nem daqui 1000 anos mas serviu para dar sumiço a milhões de reais.