A revista Istoé publicou há pouco uma denúncia “exclusiva”, envolvendo o senador Flavio Bolsonaro, que merece uma análise.
Os principais fatos da reportagem são os seguintes:
- o empresário Stelvio Bruni Rosi envia um e-mail ao gabinete de Flávio Bolsonaro solicitando uma reunião entre o parlamentar e representantes do laboratório Vaxxinity, sediado em Dallas (EUA). Rosi enviou o texto pelo endereço “stelvio@ricardohoracio.com.br”.
- O “ricardohorarcio” do email é Ricardo Horácio, advogado do Rio de Janeiro e dono de um escritório com esse mesmo nome na capital fluminense. O seu nome irá entrar na história em seguida.
- Flavio Bolsonaro, assim que recebeu o email, contatou Rodrigo Cruz, substituto do coronel Elcio Franco no Ministério da Saúde, por email, com pedido para se avaliar a vacina.
- Stelvio Bruni Rosi é sócio da Malugue Comércio Ltda, empresa do Rio de Janeiro que diz ser especializada na distribuição de equipamentos hospitalares.
- Entre os diretores da Malugue estão o já citado advogado Ricardo Horácio e o coronel da reserva do Exército Gilberto Gueiros.
- O coronel Gueiros é um velho amigo e aliado de Jair Bolsonaro e, recentemente, foi nomeado diretor da Loterj, sob indicação de Flavio Bolsonaro.
Conclusões:
A reportagem traz o primeiro capítulo do que pode vir a ser uma nova e eletrizante temporada de caça a corruptos próximos à família Bolsonaro.
Ao que tudo indica, Stelvio Bruni e Malugue são outro exemplo de tentativa de ganhar dinheiro ilicitamente com a comissão de venda de vacinas para um Ministério da Saúde repleto de militares ansiosos para montarem um grande esquema de propina.
O ministério da Saúde – o mesmo que ignorou dezenas de emails da Pfizer – rapidamente iniciou tratativas para agendar uma reunião entre o ministério da Saúde, que já era Marcelo Queiroga (o despacho é de 9 de junho deste ano), com representantes da Vaxxinity, uma vacina que ainda não tinha sido aprovada nem nos EUA nem na Anvisa.
O método é muito parecido a alguns outros esquemas ilícito envolvendo compra de vacinas para a Covid já revelados pela CPI, como o de Dominguetti Pereira, o cabo da PM de Minas que era representante da Davati, e tentava vender vacinas da Astrazeneca ao Ministério da Saúde, e o de Ricardo Barros, deputado federal e líder do governo Bolsonaro, que seria o operador político da Covaxin, que por sua vez tentava vender vacinas da Índia para o Brasil.
Não é a primeira vez que a família Bolsonaro se envolve diretamente em esquemas suspeitos envolvendo a compra de vacinas. No caso da Covaxin, o próprio presidente Bolsonaro contatou o primeiro ministro da Índia para tentar beneficiar a Covaxin.
No caso do esquema da Malugue e Vaxxinity é a vez de Flavio Bolsonaro, conhecido como 01, figurar como um dos operadores políticos de um esquema de corrupção envolvendo a venda de vacinas contra a Covid.
Recentemente, o senador Flavio Bolsonaro comprou uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília, o vigésimo (20o) imóvel que o político adquiriu em 16 anos.