O presidente Bolsonaro decidiu, na última hora, não mais discursar no desfile do Exército em homenagem ao Dia do Soldado, em Brasília.
Havia a previsão oficial de um discurso do presidente na cerimônia, que teve desfile de veículos blindados, exibição de armas e marcha com 1.461 militares.
Um setor do Exército demonstrava preocupação de que o presidente instrumentalizasse politicamente o evento para fazer mais um de seus reiterados ataques ao judiciário, além de ameaças ao processo eleitoral, o que poderia trazer ainda mais instabilidade à relação entre os poderes.
Outro sinal interessante foi lançado pelo Comandante do Exército, o general Paulo Sérgio Nogueira, que, em tom austero e sóbrio, asseverou que a Força está comprometida com o anseio da população por “estabilidade“.
“O momento desta justa homenagem aos soldados, que muito contribuíram e contribuem para a unidade e a grandeza do Brasil, nos motiva a reafirmar o compromisso com os valores mais nobres da pátria e com a sociedade brasileira em seus anseios de tranquilidade, estabilidade e desenvolvimento“, declarou.
Os dois movimentos, o recuo do presidente, e o discurso conciliador do Comandante do Exército, foram interpretados como um enquadramento silencioso de Bolsonaro. Há uma queda de braço entre arruaceiros, liderados por Bolsonaro, e setores preocupados com a estabilidade. Dessa vez, aparentemente, os últimos levaram a melhor. A ver por quanto tempo.