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IBGE: antes da pandemia, 72% dos brasileiros já viviam no perrengue

Uma pesquisa do IBGE divulgada hoje mostra que, mesmo antes da pandemia, os brasileiros viviam uma situação financeira complicada. No IBGE: 72,4% dos brasileiros vivem em famílias com dificuldades para pagar as contas Por Alerrandre Barros 19/08/2021 10h00 | Atualizado em 19/08/2021 10h00 Resumo: Entre 2017 e 2018, 14,1% da população tinham muita dificuldade para […]

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Quase metade da população integrava famílias com atraso em ao menos uma conta do domicílio - Foto: Cristiane Crelier/Agência IBGE Notícias

Uma pesquisa do IBGE divulgada hoje mostra que, mesmo antes da pandemia, os brasileiros viviam uma situação financeira complicada.

No IBGE:

72,4% dos brasileiros vivem em famílias com dificuldades para pagar as contas

Por Alerrandre Barros
19/08/2021 10h00 | Atualizado em 19/08/2021 10h00

Resumo:

  • Entre 2017 e 2018, 14,1% da população tinham muita dificuldade para pagar as contas e apenas 1,1% muita facilidade.
  • 46,2% da população integravam famílias com atraso em ao menos uma conta do domicílio.
  • 83,3% da população integravam famílias em que alguém tinha disponibilidade de pelo menos um dos serviços financeiros pesquisados.
  • A despesa per capita mensal com os serviços financeiros selecionados foi de R$ 124,79.

Cerca de 72,4% da população brasileira viviam em famílias com alguma dificuldade para arcar com as despesas mensais, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Perfil das Despesas, divulgada hoje (19) pelo IBGE. Enquanto 58,3% viviam em famílias que alegavam dificuldade, 14,1% tinham muita dificuldade. Já outros 26,5% tinham facilidade e apenas 1,1% viviam em famílias que responderam ter muita facilidade para chegar até o fim do mês com a renda total familiar que tinham.

Entre os integrantes de famílias com pessoa de referência preta ou parda, 9,7% tinham muita dificuldade e 34,7% tinham dificuldade, totalizando 44,4% da população do país que viviam em famílias com alguma dificuldade e eram chefiadas por pretos ou pardos. Já nas famílias cujo responsável era branco, 4,2% tinham muita dificuldade e 22,8% tinham dificuldade, totalizando 27,0% da população do país com algum grau de dificuldade.

Já na comparação dos chefes de família por sexo, a proporção da população que vivia em famílias que avaliaram ter muita dificuldade praticamente não variou entre os grupos, sendo 7,0% tanto quando a pessoa de referência era homem ou mulher. No entanto, há grande diferença quando se avaliou sua condição de passar o mês com o rendimento total familiar com facilidade. As famílias chefiadas por homens e que realizaram essa avaliação concentraram de 17,5% da população, enquanto aquelas chefiadas por mulheres concentraram 9,0%.

“Essa diferença pode ser explicada tanto pela renda per capita mais baixa para famílias com pessoas de referência que eram mulheres, como também por uma maior quantidade de famílias cuja pessoa de referência é homem”, disse o analista da pesquisa, André Martins.

46,2% da população viviam em famílias que reportaram ter atrasado alguma conta

A pesquisa mostra também que, entre 2017 e 2018, 46,2% da população integravam famílias com atraso em ao menos uma conta do domicílio devido a dificuldades financeiras. Famílias com atrasos em contas de água, eletricidade ou gás concentravam 37,5% da população, segundo por atrasos em prestações de bens e serviços (26,6%) e atrasos com a aluguel ou prestação do imóvel (7,8%).

Entre os 46,2% da população que integravam famílias com contas em atraso, 26,0% também eram de famílias em que a pessoa de referência tinha até o ensino fundamental completo e apenas 3,8% da população também pertenciam a famílias cuja pessoa de referência tinha o nível superior completo.

66,2% da população vivem em famílias em que alguém tem conta corrente

A POF 2017-2018 investigou ainda o acesso das famílias a serviços financeiros. No período, 83,3% da população integravam famílias em que pelo menos um de seus componentes tinha um dos serviços financeiros analisados. A maior parte tinha acesso à conta corrente (66,2%). Outros 55,9% da população eram membros de famílias em que alguém tinha caderneta de poupança, seguido do cartão de crédito (49,9%) e do cheque especial (19,5%).

O restante tinha acesso às despesas ou recebimentos de seguros (35,3%) e a operações com empréstimos e parcelamento de imóveis, automóveis ou moto (32,1%).

“A proporção de brasileiros que viviam em famílias em que ninguém tinha ao menos um dos serviços bancários analisados foi de 16,7%, sendo 11,7% da população também integrantes de famílias com pessoas de referência pretas ou pardas e 4,8% da população também integrantes de famílias cuja pessoa de referência era branca”, acrescentou André Martins.

O Sudeste concentrava 18,9% da população vivendo em famílias em que pelo menos um morador realizou despesas com taxas bancárias, juros de cheque especial e de cartão de crédito no período do estudo. O Nordeste (7,9%) teve a segunda maior concentração, porém o Sul, com uma população bem menor, teve um percentual próximo (6,8%). No Centro-Oeste (4,1%) e no Norte (1,9%) essas despesas não atingiam nem 5% da população.

Nas transações que envolvem a tomada ou o pagamento de empréstimos e despesas com parcelamento de imóveis, automóveis e motos, o Sudeste também lidera, pois concentrava 12,8% da população do país vivendo em famílias que tiveram ao menos uma transação com esses serviços, mas o percentual no Nordeste (9,4%) foi o dobro do Sul (4,7%). O Centro-Oeste (3,0%) e o Norte (2,2%) vinham a seguir.

A concentração da população brasileira que vivia em famílias do Sudeste que tiveram despesas ou recebimentos com serviços de seguros foi de 18,0%, 7,6% em famílias do Sul, 5,9% do Nordeste, 3,0% do Centro-Oeste e 0,8% do Norte.

Famílias com pessoa de referência branca gastam mais com serviços financeiros

A despesa mensal per capita com todos os serviços financeiros selecionados pela pesquisa foi de R$ 124,79. Os pagamentos de empréstimos, parcelamento de imóvel, automóvel e moto representaram 76,5% dessas despesas, ou R$ 95,51 por habitante.

A contribuição das famílias com pessoa de referência branca nas despesas per capita com serviços financeiros (R$ 73,62) foi bem maior que a das famílias com a pessoa de referência preta ou parda (R$ 48,91). A contribuição para o valor per capita mensal com aplicações das famílias com pessoa de referência branca (R$ 76,63) era mais que o triplo do das famílias com pessoa de referência preta ou parda (R$ 24,69).

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