O título parece sensacionalista. Infelizmente não é.
Bolsonaro é que, frequentemente, tem ações e falas de tal insanidade, que poderíamos chamá-lo de sensacionalista, se fosse editor de conteúdo para websites, e não o presidente da república.
Sendo presidente, não podemos chamá-lo mais de outra coisa: é um terrorista.
Um terrorista especializado em fake news e terror psicológico.
Segundo revelado pelo jornalista Guilherme Amado neste domingo, o presidente enviou, para sua lista de transmissão de whatsapp, um texto digno de um psicopata iletrado.
O texto, em resumo, pede um golpe de Estado, dizendo que se trataria de um “contragolpe” ao “golpe” que a esquerda estaria tentando dar.
É uma mensagem claramente terrorista, pois inventa a existência de inimigos fantasmas (“grupos de terroristas disfarçados de militantes, e coletivos de esquerda, todos treinados, armados até os dentes e espalhados nos quatro cantos do país colocando em grave risco inclusive a saúde do povo brasileiro”), num esforço desesperado de apavorar setores sociais vulneráveis a esse tipo de mentira.
O objetivo prático mais direto dessa campanha de terror é insuflar as manifestações no dia 7 de setembro em apoio do presidente Bolsonaro.
O tom de desespero tem explicação fácil: o governo já identificou que a perda acentuada de prestígio do presidente, tanto nas instituições como na sociedade, somado à expectativa cada vez maior de uma fragorosa derrota eleitoral, tendem a formar uma espiral crescente.
Quanto menos prestígio, menor a expectativa de poder, e quanto menor a expectativa de poder, mais gente abandona o barco – e quanto mais gente abandona o barco, mais dificuldades o governo enfrenta para administrar e impor suas agendas, o que o faz perder ainda mais prestígio, inclusive junto ao núcleo duro do bolsonarismo.
Essa perda de prestígio é apontada no próprio texto, que se inicia com uma reclamação contra um direitista abstrato, “sem noção”, que estaria hoje falando que “Bolsonaro tá muito devagar”.
Embora devamos evitar alarmismos, porque o texto soa mais como a manifestação de pavor, ele também deveria acender a luz vermelha dos democratas. Porque é, reiteramos, um manifesto terrorista, com o claro objetivo de promover instabilidade e caos.
E isso é um crime de responsabilidade. Ou antes, a divulgação de um texto como esse corresponde a diversos crimes de responsabilidade, segundo a lei que rege o tema.
Vamos listar alguns:
(…) 5 – opor-se diretamente e por fatos ao livre exercício do Poder Judiciário, ou obstar, por meios violentos, ao efeito dos seus atos, mandados ou sentenças;
6 – usar de violência ou ameaça, para constranger juiz, ou jurado, a proferir ou deixar de proferir despacho, sentença ou voto, ou a fazer ou deixar de fazer ato do seu ofício;
(…)
4 – utilizar o poder federal para impedir a livre execução da lei eleitoral;
5 – servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso do poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua;
6 – subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social;
7 – incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina;
8 – provocar animosidade entre as classes armadas ou contra elas, ou delas contra as instituições civis;
(…)
Além disso, é um texto de um completo iletrado e/ou analfabeto político. No primeiro parágrafo, o presidente admite que um dos obstáculos para uma ação subversiva da direita, como foi o golpe de 64, é a própria Constituição, chamada, ridiculamente, de “constituição comunista”.
Mais adiante, porém, o mesmo texto pede um contragolpe em nome do Estado Democrático de Direito e para que o “cumprimento da Constituição seja imperativo”.
É de se perguntar ao psicopata de mentalidade infantil que redigiu o texto: se a Constituição é “comunista”, porque Bolsonaro precisa usar as Forças Armadas para cumprir a… Constituição? E o que isso tem a ver com o Estado Democrático de Direito?
Nada faz sentido no texto.
Ou antes, faz sim: é uma manifestação terrorista, que não esconde seu objetivo maior, de “subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social”, o que é um dos crimes de responsabilidade apontados acima (LEI Nº 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950, CAPÍTULO III, inciso 6) .
Abaixo, o texto divulgado por Bolsonaro:
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