A micareta militar abafa a alta da inflação

Por Altamiro Borges

Na terça-feira (10) vieram à público novos dados preocupantes sobre a economia. Eles apontam que a inflação acelerou 0,96% em julho e já acumula alta de 8,99% em doze meses. A explosão de preços penaliza principalmente os mais pobres. Há filas em açougue por ossos e milhões de famélicos no país. Enquanto isso, na sua velha tática diversionista, o fascista Jair Bolsonaro promoveu naquela manhã o patético desfile militar em Brasília para intimidar o parlamento na discussão sobre o voto impresso. A palhaçada foi derrotada, mas a fumaça dos tanques serviu para abafar a alta da inflação.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, foi puxado pela energia elétrica. O resultado final foi o maior para o mês desde 2002, quando o IPCA foi de 1,19%. A variação de 0,96% ocorreu após o avanço de 0,53% em junho. As altas acumuladas nos 12 meses já implodiram a meta de inflação perseguida pelo Banco Central para este ano – de 3,75%.

A escalada inflacionária na gestão Bolsonaro

Dos nove grupos de produtos e serviços do IPCA, oito tiveram alta em julho. A maior variação (3,1%) e o maior impacto (0,48 ponto percentual) vieram de habitação. O resultado foi influenciado pela energia elétrica, que acelerou para 7,88% no mês passado. A segunda maior contribuição entre os grupos veio do transporte (alta de 1,52%). Dentro do segmento, o destaque foi para as passagens aéreas, cujos preços subiram 35,22%, após queda de 5,57% em junho. Já a gasolina subiu 1,55%, após avanço de 0,69% em junho. Assim, teve o terceiro maior impacto individual no IPCA do mês passado.

A preocupante escalada da inflação ganhou impulso com a pandemia da Covid-19. Em um primeiro momento, houve a disparada dos preços dos alimentos e dos combustíveis – em decorrência da alta do dólar, do aumento da exportação de commodities e do desmonte criminoso dos estoques reguladores bancado pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Na sequência, a chamada crise hídrica – decorrente também da desastrosa política neoliberal – passou a pressionar a inflação seja nas residências ou na produção. O temor é que o laranjal bolsonariano perca o controle sobre os preços.

Os trabalhadores são as maiores vítimas

Segundo projeções do próprio “deus-mercado”, o IPCA deverá seguir em alta nos próximos meses. O boletim Focus, dos abutres financeiros, indica um avanço de 6,88% ao final deste ano – acima da meta. “Temos incertezas para todos os lados. A gente não sabe ainda quando vai superar a crise sanitária, nem se a crise hídrica vai persistir. O cenário ainda está nebuloso”, adverte Matheus Peçanha, do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).

Com isso, a inflação vai corroendo cada vez mais os já arrochados salários dos trabalhadores e as poupanças dos milhões de desempregados. Nessa explosão dos preços, alguns itens são ainda mais cruéis. O arroz e a gasolina, por exemplo, ficaram 40% mais caros em um ano; já o botijão de gás subiu 29%. Mas enquanto 105 milhões de brasileiros ganham menos de um salário mínimo por mês e 40 milhões vivem na absoluta miséria, Jair Bolsonaro gasta recursos públicos em ridículos passeios de moto pelo país e em micaretas militares em Brasília. O sujeito é realmente um genocida!