Por Altamiro Borges
O patético desfile de tanques desta terça-feira (10) – que visava intimidar os deputados, mas não conseguiu impedir a derrota do projeto diversionista do voto impresso – serviu para desmoralizar ainda mais Jair Bolsonaro. Ele virou motivo de chacota no Brasil e no exterior. Há comentários para todos os gostos – dos mais sérios aos mais hilários.
Aqui vale registrar a análise do renomado psicanalista Christian Dunker, postada pelo jornalista Leonardo Sakamoto no site UOL. Para ele, o desfile revelou a frágil masculinidade do fascista. “Quando o governante vê o seu poder e, logo, a sua virilidade ameaçada (porque faz essa circulação libidinal de uma coisa com outra), inventa um ritual de exibição pública… A ‘bravata’ pode ter efeitos reais, mas vai se mostrando ridícula porque todos percebem o que ela significa”.
O professor titular do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP avalia que a exibição militar foi “uma forma de esconder uma impotência, uma incapacidade, uma limitação de se organizar para garantir o mínimo básico que se espera de um governo”. Ela ocorre em um momento em que o país atinge 563 mil mortes por Covid-19 e padece com 14,8 milhões de desempregados.
O comboio de veículos blindados, com tanques de guerra e lança-mísseis, atravessou a Esplanada dos Ministérios somente para entregar um convite ao presidente para assistir a um exercício das Forças Armadas. “Isso remonta aos rituais de exibição de potência e força, típico dos regimes autoritários e totalitários que precisam mostrar uma exuberância do poder tangível. Precisam estar sempre ostentando uma arma, uma motocicleta, um tanque para provar a sua força”, detona Christian Dunker.