O jornal O Tempo divulgou hoje uma pesquisa eleitoral feita no município de Betim pelo instituto Quaest, entre os dias 2 e 6 de julho deste ano, com 1.500 pessoas, que nos ajuda a entender o cenário eleitoral em Minas Gerais e, portanto, no Brasil.
Mas primeiramente é importante entender o perfil sócio-econômico da cidade.
Betim é uma cidade industrial, com 445 mil habitantes, na região metropolitana de Belo Horizonte, da qual dista 40 km.
Separei três gráficos atualizados do IBGE com a posição de Betim no ranking de Minas Gerais e do Brasil.
O PIB a preços correntes, ou seja, o total de riqueza produzida em Betim, em 2018, foi de R$ 25,5 bilhões, encostado em Contagem, o quarto lugar no estado de Minas Gerais, e 35o lugar no Brasil.
O PIB per capita de BETIM é de R$ 58,9 mil por ano, o que já não a coloca numa posição tão boa no ranking: 25o lugar em Minas e 267o lugar no Brasil.
Sua riqueza vem sobretudo da indústria, principalmente dos setores de autopeças, metalurgia e química. No ranking do estado, Betim figura em segundo lugar, com PIB industrial de R$ 10,10 bilhões, quase em primeiro lugar, pois Belo Horizonte tem PIB industrial de R$ 11,3 bilhões. No ranking nacional, o PIB industrial de Betim está em 15o lugar.
É um bom lugar para se fazer uma pesquisa, portanto, porque é uma cidade com índices razoáveis de desenvolvimento econômico, o que pressupõe uma população com níveis igualmente razoáveis de informação política.
Agora vamos à pesquisa.
Na esponatânea, o presidente Lula lidera com 31%, contra 17% de Bolsonaro e 1% de Ciro Gomes. Nenhum outro candidato pontuou. Apenas 32% dos entrevistadores se confessaram indecisos, um índice baixo para uma pesquisa de intenção de voto relativa a uma eleição que ocorrerá apenas em outubro do ano que vem. Outros 18% disseram que poderão votar nulo ou branco. Suponho esses nulos/brancos são eleitores desiludidos com Bolsonaro, e que ainda não vislumbram outro candidato.
Na estimulada, o presidente Lula pontua 36%, quase o dobro de Bolsonaro, que tem 19%.
Os outros candidatos aparecem à uma distância muito grande. A pesquisa usou o nome do governador Zema como um dos candidatos, e ele ficou num longínquo terceiro lugar, com 5%, seguido de Moro e Ciro, ambos com 3%. João Doria pontuou 2%.
A pesquisa sinaliza uma reversão profunda das opiniões do eleitorado, pois no primeiro turno do eleitorado, o resultado em Betim foi assim
E no segundo turno, assim:
A pesquisa fez um cruzamento entre as intenções de voto atuais dos entrevistados, com o voto declarado no segundo turno de 2018. A tabela traz números interessantes.
Em Betim, Bolsonaro manteve apenas 36% dos eleitores que votaram nele no segundo turno de 2018.
Entre os eleitores que votaram em branco ou anularam o voto, apenas 1% agora optariam por Bolsonaro. Entre os que não foram votar, porém, o presidente tem 10%.
Já Lula tem 65% dos que votaram em Haddad, 22% dos que votaram em Bolsonaro, 37% dos que votaram em branco ou anularam, e 39% dos que não foram votar.
Ciro Gomes não conseguiu ainda atrair eleitores de Bolsonaro: apenas 4% daqueles que votaram no atual presidente, no segundo turno de 2018, escolheriam Ciro hoje. Também não conquistou eleitores de Haddad: apenas 4% dos que votaram no petista no segundo turno de 2018 optariam por Ciro em 2022. Ciro também não vai bem entre os eleitores que votaram em branco ou nulo em 2018: entre esses, ele ficaria com 0% hoje.
Doria igualmente não conquistou os bolsonaristas. Apenas 2% dos eleitores que escolheram Bolsonaro no segundo turno de 2018 marcaram o tucano como sua opção para 2022.
A pesquisa traz ainda as intenções de voto para o governo de Minas em 2022.
Em primeiro lugar vem o atual prefeito de Betim, Vittorio Medioli, hoje no PSD, com 29%. Em segundo, vem o atual governador do estado, Romeu Zema.
Kalil, prefeito de Belo Horizonte, e o principal pré-candidato do PSD ao cargo, pontuou 16%.
O cenário não é ruim para Kalil porque Medioli hoje está no PSD.
Na reportagem do Tempo sobre a pesquisa, há uns trechos contendo informações interessantes, que reproduzo abaixo:
Dos 1.500 entrevistados pela Quaest em Betim, 300 foram empresários ou comerciantes. Nesse grupo, especificamente, o apoio a Jair Bolsonaro é maior: 33% das intenções de votos contra 25% de Lula. Sergio Moro aparece com 7% entre esse segmento, e Romeu Zema, com 4%. Os demais nomes ficaram entre 1% e 2%.
Em relação aos que responderam que estão otimistas em relação à economia do país (39% do total), Lula e Bolsonaro empatam, com 31% das intenções. Já para os que disseram que têm uma expectativa pessimista (37% dos entrevistados) sobre a economia, Lula tem 47%, e Bolsonaro, 9%. Para quem respondeu que é indiferente sobre a economia (22% das pessoas), o petista aparece com 27%, e o atual presidente, com 13%.
primcesa marcia de israel
22/04/2022 - 01h52
jair bomsonario95,lula.45