Suspensão da oferta de gás ao Nordeste pela Petrobrás reforça “privatização aos pedaços” e monopólio privado na região

Para o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, com gás natural sendo
reinjetado pela Petrobrás por falta de mercado, não há razão econômica para
empresa não mais abastecer as distribuidoras do Nordeste a partir de 2022
Federação pretende tomar medidas judiciais contra a decisão da atual gestão da petroleira

Por Deyvid Bacelar

Qual é a lógica comercial de uma empresa que espontaneamente abre mão de seu segundo maior mercado consumidor, o mercado da região Nordeste? Não há resposta econômica ou financeira que justifique isso.

E não é falta de gás natural, porque sabemos que a Petrobrás vem reinjetando gás em campos do pré-sal justamente por falta de mercado. O que a gestão da Petrobrás está fazendo, mais uma vez, é dar de mão beijada o mercado da estatal para um monopólio privado. Como fez com a Gaspetro, como está fazendo com as refinarias e com a Petrobras Biocombustível (PBio).

Mais uma vez, o que vemos é uma atitude da gestão da Petrobrás de reduzir uma empresa gigante, controlada pelo Estado, um tamanho ínfimo, sob uma justificativa infundada de redução de endividamento.

Assim, vai se confirmando a teoria da “privatização aos pedaços” da Petrobrás. Estão pegando uma mansão e quebrando
suas janelas, suas paredes, tirando tudo o que ela tem dentro. Vão deixar somente um
telhado, que não vai ser suficiente para proteger o caixa da empresa.

A verdade é que o governo Bolsonaro está esquartejando a companhia porque não
tem força política e nem argumento econômico para propor a venda da maior estatal do país ao Congresso Nacional. E pior: Bolsonaro usa a Petrobrás como instrumento de vingança pessoal contra a região Nordeste, onde perdeu nas eleições de 2018 e tem seus piores índices de popularidade.

Outro fato curioso dessa decisão estapafúrdia é que se deu poucos dias depois de pelo menos duas distribuidoras de gás canalizado do Nordeste – A Bahiagás, da Bahia, e a Sergás, de Sergipe – manifestarem-se contrárias à venda da Gaspetro à Compass Gás e Energia, do grupo Cosan, que ganhou um monopólio de mão beijada.

Bahiagás e Sergás decidiram exercer seu direito de preferência na compra da parte da Gaspetro em seu quadro acionário, para evitar que a Compass exerça qualquer poder sobre as empresas. Curiosamente, no dia seguinte a esse anúncio a gestão da
Petrobrás decide cortar o suprimento de gás natural para o Nordeste a partir de 2022 –ou seja, daqui a cinco meses!
Coincidência?

Está claro que não, trata-se de um revanchismo míope e personalista,
como tudo o que vem deste desgoverno de Bolsonaro.Por isso, a Federação Única dos Petroleiros já avalia como tomar medidas judiciais contra mais esta decisão arbitrária e injustificável da atual diretoria da Petrobrás.

Cláudia Beatriz:
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