A Petrobras divulgou hoje seus números relativos ao segundo trimestre de 2021.
Antes de apresentá-los, porém, vamos olhar os gráficos dos preços médios dos principais derivados consumidos no Brasil, segundo o Painel Dinâmico da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Os gráficos deixam claro que os preços de todos os derivados bateram recorde, e isso num dos momentos mais dramáticos da economia brasileira, com quase 15 milhões de brasileiros desempregados e milhares de empresas passando por imensas dificuldades.
Por trás de um homem triste, há sempre uma mulher feliz, diz a canção de Chico Buarque.
No caso do mercado de petróleo, por trás dos preços recordes da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, temos acionistas felizes da Petrobras.
O lucro bruto da estatal no primeiro semestre de 2021 foi de R$ 101 bilhões, aumento de 213% sobre o período imediatamente anterior.
É importante destacar ainda que as vendas de diesel pela Petrobrás, para o mercado interno, geraram R$ 57 bilhões no primeiro semestre do ano, alta de 137% sobre o período anterior.
A exportação de petróleo bruto, por sua vez, gerou R$ 40 bilhões no mesmo período.
As vendas de derivados para o mercado interno geraram R$ 137,6 bilhões.
Esses números mostram a importância, para a Petrobras, de suas refinarias (onde esses derivados são produzidos), essas mesmo que o governo Bolsonaro quer vender.
Outro dado fundamental para entender a relação entre a crise econômica brasileira, os lucros da Petrobras e o processo de desindustrialização do país, é o aumento de importação de diesel nos últimos anos.
Ao mesmo tempo em que aumenta sua produção de petróleo bruto, o Brasil está desmontando a sua indústria de refino de petróleo, de maneira que estamos transformando o produto num novo “pau Brasil”. Ou seja, estamos repetindo o velho ciclo colonial de exportar matéria-prima e importar o mesmo produto em sua forma industrializada.
No segundo trimestre de 2021 (mai/jul), o Brasil registrou o maior volume de importação de óleo diesel de sua história. Foram importadas 3,2 milhões de toneladas de diesel, quase tudo dos Estdos Unidos.