Bom dia a todos! Trazemos novidades!
A partir de hoje, publicaremos uma coluna de opinião diária, escrita por mim, sobre a conjuntura política. O nome dela é Bom Dia Cafezinho. Será publicada por volta das 10 da manhã. Ela virá sempre com a hashtag bomdiacafezinho no título, seguida do número da edição. A primeira edição segue abaixo.
Outra novidade é o fim do nosso recesso audiovisual, e a inauguração de uma live diária, O Cafezinho das 3. Como o nome indica, será sempre às 15 horas, e será apresentado por mim e por meu amigo Pedro Breier. Hoje é a primeira edição. Lá no canal do Cafezinho do Youtube.
https://www.youtube.com/ocafezinhooficial
Vamos à coluna!
O fracasso das manifestações em favor do voto impresso
O bolsonarismo passou meses organizando o que – assim esperavam – seriam gigantescas manifestações populares em defesa do voto impresso “auditável”.
A data marcada foi o dia 1 de agosto, último domingo.
A Comissão Especial que analisa o projeto do Voto Impresso deu um pequeno golpe burocrático para que o relatório não fosse votado antes do recesso, justamente na expectativa de que as manifestações seriam grandes o suficiente para “virar” a opinião dos deputados e da opinião pública.
No fim, foi até bom que tenham feito isso. O fiasco das manifestações se soma ao espetacular vexame da última live do presidente Jair Bolsonaro sobre o tema. Bolsonaro vem dizendo, desde o início de 2020, que teria “provas” de fraudes nas eleições de 2014 e 2018. Em 2014, diz Bolsonaro, Aécio ganhou. E ele teria vencido no primeiro turno de 2018. O TSE pediu provas ao presidente, mas ele não as deu.
Há alguns meses, o presidente voltou à carga, dizendo que iria apresentar provas. Prometeu que apresentaria um suposto “hacker do bem” que tinha as provas, e chegou a marcar um dia. Quando o dia chegou, porém, o hacker aparentemente viu a canoa furada em que estava se metendo e alegou… Covid.
Então Bolsonaro disse que apresentaria provas numa live, que ocorreu semana passada. Na live, porém, disse que não tinha provas. O famoso “hacker do bem” novamente não apareceu. No lugar dele, Bolsonaro trouxe um militar desconhecido, que o presidente não fez questão de apresentar, e que deu explicações no mínimo engraçadas sobre os riscos da urna eletrônica, como a metáfora da “água tépida”.
Bom dia. pic.twitter.com/2lnoFJVyxU
— O Cafezinho ☕️🗞 (@ocafezinho) August 2, 2021
A decisão de Bolsonaro de abraçar a bandeira do voto impresso parece ter sido o seu principal erro político. Sendo um assunto que não implica em nenhuma polêmica de cunho ideológico, e que tampouco envolve questões administrativas, acabou sendo o melhor pretexto para que partidos das mais diferentes correntes políticas, à esquerda e à direita, se unificassem numa só voz: contra o voto impresso.
O voto impresso dá oportunidade para que a oposição tenha a sua maior vitória política até o momento.
Na oposição, apenas um ator sai perdendo, o PDT. A legenda até o momento não divulgou nenhum comentário público sobre a “live bizarra” de Bolsonaro, provavelmente pelo constrangimento de ter apoiado o projeto do voto impresso de Bia Kicis até o último momento.
O deputado Paulo Ramos (PDT-RJ), titular da Comissão Especial do voto impresso, diz que o partido se “distanciou” do projeto, por entender que ele está associado às movimentações golpistas de Bolsonaro.
Nós do *PDT estávamos defendendo a PEC do voto impresso📇*. Porém, após declarações golpistas do governo federal, decidimos nos distanciar desse apoio. Não podemos dar margem a qualquer *incursão golpista* contra o Estado Democrático de Direito. *_#ForaBolsonaro👎_*
— Paulo Ramos Rio (@deppauloramos) August 2, 2021
Ciro Gomes, porém, que é a principal voz do PDT hoje, continua preso num looping sinistro em defesa do voto impresso. Em seu comentário sobre a live bizarra de Bolsonaro, ele apenas lamentou que o presidente tenha “soterrado qualquer possibilidade de uma modernização do sistema”, deixando bem claro que vê a impressão do voto como “modernização”.
Além de não apresentar uma única prova da vulnerabilidade das urnas eletrônicas, o mentiroso mor da república soterrou qualquer possibilidade de uma modernização do sistema, que será sempre oportuna e bem-vinda, quando tocada com equilíbrio, boa técnica e honestidade.
— Ciro Gomes (@cirogomes) July 30, 2021
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, havia postado, em 27 de maio de 2021, que “sem impressão do voto, a fraude impera”.
“Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem a recontagem, a fraude impera”. Confira meu recado defendendo eleições honestas e verdadeiramente democráticas. #PDT pic.twitter.com/JViYVZJQZU
— Carlos Lupi 🇧🇷🌹 (@CarlosLupiPDT) May 27, 2021
A declaração de Lupi chocou a opinião pública progressista, mas ele não se desdisse. Ao contrário, passou a participar de entrevistas e lives nas quais defendia cada vez mais a importância do “voto impresso”, como um artigo publicado no site oficial do PDT intitulado “qual o problema de conferir a verdade”?
No dia 8 de julho, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS) postou em suas redes sociais que o “sistema [eleitoral] brasileiro” é o “pior do mundo”.
Voto impresso não é a volta do voto de papel. É voto que gera contraparte física auditável que não fica com o eleitor.
— Pompeo de Mattos (@PompeodeMattos) July 8, 2021
Nós do PDT vamos lutar e votar a favor da modernização do sistema brasileiro, que é o pior do mundo. Essa causa é suprapartidária! pic.twitter.com/hqblpC82Rl
Pompeo também não fez nenhum comentário sobre a “live bizarra” de Bolsonaro.
O PDT, por outro lado, se somou a outros partidos progressistas na cobrança, junto ao STF, para que Bolsonaro explique as acusações feitas em sua live.
O partido, portanto, está no momento, numa situação no mínimo confusa em relação ao assunto voto impresso.
Alguns criticam o projeto do voto impresso como sendo apenas “inoportuno”, deixando implícito que ele seria “oportuno” em outro momento.
É preciso enterrar também essa besteira. O voto impresso é uma estupidez inominável, ontem, hoje e sempre.
A discussão para modernizar as urnas eletrônicas é sempre bem vinda, mas fazer a impressão dos votos não é, definitivamente, modernizar nada. Impressoras são caras, ineficientes e instáveis. Quem defende a impressão do voto como forma de auditagem não parece ter uma visão holística do processo. Pensa apenas numa urna só, e pressupõe o funcionamento perfeito da impressora. Acontece que o Brasil usa mais de 500 mil urnas. O relator do projeto do voto impresso, o deputado Filipe Barros (PSL-PR), admitiu, por exemplo, que uma das críticas do presidente do TSE, o ministro Luis Roberto Barroso, era pertinente, a de que um recibo individual contendo todos os votos de um eleitor poderia facilitar a quebra de sigilo. Então ele propôs que deixaria a critério do TSE a possibilidade de se imprimir um recibo para cada voto do eleitor. Ou seja, um recibo para o voto em presidente, outro para senador, outro para deputado, e por aí vai. Isso implicaria na impressão de quase 1 bilhão de recibos nas eleições de 2022. Organizar isso de maneira racional, sem perda ou desgaste dos papeis, seria imensamente complicado. Não é racional.
A urna brasileira deve permanecer exclusivamente eletrônica e digital, sem uso de nenhum papel, pois apenas a tecnologia digital dá rapidez ao processo de contagem e facilita o cruzamento de dados. Os dados digitais produzem bancos de dados públicos e automáticos, que permitem ao Estado, à academia e à sociedade analisar e conhecer melhor a vontade popular. O que devemos fazer é usar ainda mais o digital, não apenas para escolher representantes no parlamento e no executivo, mas também para avaliá-los recorrentemente, ampliando o controle social sobre o sistema político. É preciso ainda que a democracia brasileira faça uso com mais frequência de referendos e plesbiscitos, a nível nacional e regional, conforme está sugerido na Constituição brasileira, e isso apenas seria possível e viável com uso de tecnologias puramente digitais.
A propósito, sugiro fortemente esse vídeo, do Gregório Duvivier, que mistura informação de primeira com muito humor!
Willy
02/08/2021 - 14h35
No caso do voto nada é mais moderno que o voto no papel.
Valério
02/08/2021 - 13h26
Êxito. Fracasso. Narrativas…
Luiz Alberto
02/08/2021 - 13h00
Atraso é voto no cabresto. A desculpa da impressão é absurda. Quando se elegeram pela urna eletrônica, aí valia. Que caras de pau!
Valeriana
02/08/2021 - 12h51
Já que as pessoas nçao compareceram, podiam colocar carros de som, bonecos, food trucks, barraquinhas e mais faixas pra tentar ocupar mais o espaço, né?
Ronei
02/08/2021 - 11h37
Como é que as manifestaçoes de rua nao batem com as pesquisas…alguem explica…?? Kkkkkk
Valeriana
02/08/2021 - 11h20
O voto é com lapis no papel…o resto é bizarrice tupiniquim como por ketchup e maionese na pizza.
A democracia nao tem preço por tanto o papo fiado do custo nao vai para frente, assim como a rapidez nao faz diferença alguma . Onde se vota no papel ninguem sente necessidade alguma de urnas eletronicas.
As urnas eletronicas sao puro atraso.