Nesta quinta-feira, 29, Jair Bolsonaro convocou a imprensa para acompanhar sua apresentação sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas. O “evento” foi restrito e aconteceu na biblioteca do Palácio do Alvorada, os jornalistas não poderiam fazer perguntas.
Mas ao lado do ministro da Justiça, Anderson Torres, e após defender teorias conspiratórias veiculadas em grupos de Whatsapp, Bolsonaro assumiu que não tem provas para descredibilizar o atual sistema eletrônico de votação e consequentemente a fraude na eleição de 2014. Nas últimas semanas, ele tinha reforçado a tese de que Aécio Neves (PSDB) venceu Dilma Rousseff (PT) naquele pleito.
“Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Crime se desvenda como vários indícios”, assumiu.
Na sua “apresentação”, Bolsonaro se limitou a mostrar vídeos sem embasamento veiculados na internet que tentam convencer sobre a possibilidade de fraudar o código fonte da urna eletrônica para alterar o voto em benefício de um candidato.
No entanto, esses vídeos já foram desmentidos tanto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reportagens e especialistas no assunto de que não é possível fraudar as urnas e que esses vídeos de internet não são comprovantes para indicar irregularidade ou que alguma urna tenha sido alterada.
Além do ministro da Justiça, também estavam com Bolsonaro os generais Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e o filho ’01’, Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
Durante seu discurso de 40 minutos, Bolsonaro também voltou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso (STF), o acusando indiretamente.
“Por que o presidente do TSE quer manter suspeição das eleições? Quem ele é? Por que ele fica interferindo por aí, com que poder? Não quero acusá-lo de nada, mas algo muito esquisito acontece”.
“Onde quer chegar esse homem que atualmente preside o TSE? Quer a inquietação do povo? Quer que movimentos surjam no futuro que não condizem com a democracia?”.
Ainda sob efeito de seus delírios, Bolsonaro disse que a contagem das eleições em 2022 será feita por um homem dentro de uma sala escura no TSE e que esse mesmo sujeito, segundo ele, foi o responsável pela soltura do ex-presidente Lula (PT), que atualmente lidera as pesquisas eleitorais.
“Será que esse modo de se fazer eleições é seguro, é blindado? Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Me apresente provas de que não é fraudável”, relinchou.
Ele também voltou a mentir quando afirmou que com a urna eletrônica não é possível fazer uma auditagem e que por isso seria necessário a contagem pública dos votos. É bom lembrar que com o atual sistema eletrônico, já é possível fazer uma auditagem através de um boletim impresso.