O deputado federal Kim Katiguiri (DEM-SP), um dos fundadores do MBL, eleito em 2018 com 465.310 votos, disse que há tempo hábil para fazer o impeachment do presidente Bolsonaro:
“Dá tempo sim. Quando o congresso decide trabalhar para derrubar um presidente, ele consegue dar celeridade ao processo. E o núcleo duro do bolsonarismo, diferente do núcleo duro do petismo, que junta todas as esquerdas, (…) tem apenas, fieis a ele, cerca de 30 votos. O impeachment dele é muito mais parecido com o do Collor, com menos resistência, e com uma imprensa mais atuante (…) Por isso a gente acredita que não só dá tempo como é necesssário. (…) O país não aguenta”.
Kim deu entrevista ao programa Jogo Político, do jornal O Povo, do Ceará, nessa terça feira 27 de julho.
Ele disse que as pesquisas apontam que o eleitor nem-nem, ou seja, que não vota nem Lula nem Bolsonaro, estaria em segundo lugar. Ele também avalia que Bolsonaro vem perdendo capital político muito rapidamente.
A nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil, uma decisão publicada hoje no Diário Oficial da União, teria caído como bomba no eleitorado de classe média, analisa Katiguiri.
O eleitorado de baixa renda estaria indo para Lula, ao mesmo tempo que a classe média se desliga de Bolsonaro.
O deputado disse que vem conversando principalmente com o ex-ministro Mandetta, o governador João Dória e o ex-juiz Sergio Moro sobre as estratégias de uma terceira via.
Perguntado se apoiaria o candidato que hoje aparece em terceiro lugar, Ciro Gomes, do PDT, o deputado rechaçou a hipótese, sobretudo por razões ideológicas, pois o ex-ministro defenderia, segundo Katiguiri, ideias econômicas opostas às suas, como “planejamento central” da economia e “dirigismo econômico”.
Em sua entrevista, Katiguiri citou Milton Friedman e Von Mises, nomes clássicos do chamado “neoliberalismo econômico”.
Katiguiri também lembrou que Ciro foi condenado em segunda instância por racismo contra o vereador Fernando Holiday (Novo). Numa entrevista, Ciro chamou Holiday de “capitãozinho do mato”. Holiday também é membro do MBL.
Para Katiguiri, Ciro Gomes enfrenta grandes dificuldades para conquistar a maioria dos eleitores, porque precisa do voto de esquerda para crescer, e esse eleitorado já estaria comprometido com Lula.
Perguntado sobre qual seria sua posição num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o deputado respondeu que faria campanha pelo voto nulo.
Separamos os trechos da entrevista mencionados no texto, e publicamos num fio do twitter.