A cúpula da CPI da Pandemia está com documentos que mostram que o Ministério da Economia, sob a tutela de Paulo Guedes, foi cúmplice de Jair Bolsonaro no atraso das negociações com a Pfizer para aquisição de vacinas contra a Covid-19.
De acordo com a Folha, Guedes acatou a ordem de Bolsonaro de negar a compra do imunizante por causa de um dispositivo da farmacêutica para que o comprador pudesse assumir os riscos e custos de eventuais efeitos colaterais.
Alguns emails enviados pelo secretário-executivo adjunto do Ministério da Economia, Miguel Ragone de Mattos, revelam que tanto ele quanto o ministro estavam cientes das discussões das minutas da MP (Medida Provisória) das vacinas. Porém, o braço direito de Guedes afirmou à CPI que o ministério tratou do assunto na fase de sanção.
“A manifestação do Ministério da Economia relativa à referida medida provisória restringiu-se à fase de sanção do projeto de lei de conversão nº 1, de 2021, no sentido de não haver na matéria tratada competência afeta”, afirmou em despacho.
Contudo, os emails entregues pela AGU mostram que Mattos é um dos destinatários de dois emails sobre os rascunhos da Medida Provisória. Após escancarada a mentira foi que a pasta admitiu que participou de “reuniões na fase final de elaboração do texto”.
A primeira mensagem eletrônica é do dia 23 de dezembro, às 12h22. “Conforme combinado, encaminho anexa minuta da medida provisória discutida na reunião de hoje”.
Outros dois servidores, Gustavo Lino, analista de Planejamento e Orçamento, e Mario Neves, diretor do Departamento de Programas das Áreas Social e Especial, também aparecem como destinatários.
Esse dispositivo da Pfizer foi aceito pelos outros países e até o momento, nenhuma gravidade relacionada a vacina da farmacêutica foi registrada. Na época, Bolsonaro e o seu ‘Posto Ipiranga’ estavam com medo de uma série de eventuais processos contra a União.
Porém, enquanto ignoravam a Pfizer, o Governo Bolsonaro negociou vacinas ainda não autorizadas pela Anvisa com pessoas que se diziam atravessadores da Covaxin e da Astrazeneca.
Porém, foram revelados a CPI que alguns deles não tinham autorização para fazer a comercialização como o representante da Davati, Cristiano Carvalho e o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luiz Paulo Dominguetti.
Além disso, o Governo Bolsonaro também assinou contrato para compra de dez milhões de doses da vacina russa Sputnik V com preço de US$ 12 por dose. Nesse caso, a intermediária foi o laboratório União Química. Mas enquanto isso, os governadores dos estados do Nordeste compraram o mesmo imunizante do Fundo Russo de Investimento Direto por cerca de US$ 10 a dose.