A reunião ocorrerá nessa sexta-feira, às 15 horas, e o voto impresso deverá ser enterrado pela maioria esmagadora dos deputados da Comissão.
Abaixo, uma contextualização das últimas malandragens bolsonaristas no debate sobre o voto impresso.
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Diante da possibilidade de derrota na Comissão da PEC 135, também conhecida como do Voto Impresso, os deputados bolsonaristas tentaram uma malandragem: adiar a votação para depois de agosto.
Os bolsonaristas tinham um plano. Nesse período, eles mobilizariam sua base, disseminando a maior quantidade possível de fake news e teorias de conspiração, no esforço de promover a ideia de que as urnas eletrônicas não são confiáveis.
Nos últimos dias, a equipe da deputada Bia Kicis (PSL-DF) já postou 72 mensagens favoráveis ao voto impresso em seu grupo no Telegram.
O próprio presidente Jair Bolsonaro lidera a estratégia. Nos últimos dias, ele intensificou a campanha de deslegitimação do sistema eleitorado brasileiro, em seus discursos para motoqueiros e no cercadinho.
Bolsonaro tem vendido a teoria de que as altas autoridades judiciais do país conspiram para fraudar as eleições em 2022, para eleger Lula. A anulação dos processos do ex-presidente faria parte do “plano”.
Como ensina Bezerra da Silva, porém, malandro é malando, mané é mané.
Os partidos políticos não caíram nessa, e organizaram uma autoconvocação. Eles já haviam substuído vários membros da Comissão, com objetivo de derrotar o projeto. Querem pôr fim rápido e definitivo à campanha sórdida do governo de deslegitimar a credibilidade das urnas.
Dos 34 titulares da comissão, o requerimento de autoconvocação foi assinado por 21 deputados.
Em mensagem ao Cafezinho, o deputado Orlando Silva (PCdoB) disse que sua expectativa é de que os votos contrários ao Relatório do voto impresso cheguem a 23 votos.
A reunião deverá ser realizada nessa sexta-feira 16 de julho.
Orlando Silva fez um fio no Twitter em que explicita as razões pelas quais o projeto é pernicioso à democracia.
Para o deputado, trata-se de um “retrocesso sem paralelo”, que “abre as portas para toda a ordem de fraude eleitoral”, “aumenta a instabilidade política do país”, e “representa uma terrível volta ao passado”.
Abaixo, o texto divulgado por Orlando Silva contra o voto impresso:
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Voto impresso é uma terrível volta ao passado
Por Orlando Silva
Pelo substitutivo do relator, o eleitor vota na urna eletrônica, imprime o registro do voto e o deposita em outra urna, após conferi-lo. A apuração dos votos seria pelo voto impresso e, havendo divergência, o voto eletrônico seria desconsiderado. Um retrocesso sem paralelo.
O voto impresso não é para auditoria, mas para contagem a urna eletrônica viraria uma mera impressora do voto. A apuração seria realizada pelos mesários em cada uma das mais de 500 MIL SEÇÕES ELEITORAIS do país.
Não há comparação entre voto eletrônico e impresso, tornando letra morta todo o aparato de segurança das urnas eletrônicas. A higidez do processo eleitoral passa a ser de responsabilidade quase que exclusiva dos cerca de 1,8 milhões de mesários que manipulariam as impressões.
Se a proposta for adiante, evidentemente será um convite à fraude. Como evitar erros ou manipulações dolosas na contagem que envolve milhões de mãos?
Haveria ainda um óbvio atraso na divulgação dos resultados, aumentando a instabilidade política.
Também haveria filas intermináveis, já que seriam impressos e cortados cada voto do eleitor. Evidentemente isso estimula o aumento da abstenção.
Aumentaria os custos e os desafios logísticos para a realização das eleições.
Além disso, haveria que se movimentar enormes contingentes das forças armadas e de segurança pública para a guarda e transporte.
Por tudo isso e muito mais, como se vê, a proposta configura, na prática, a volta do voto em cédula, abre as portas para toda a ordem de fraude eleitoral e representa uma terrível volta ao passado.
VOTO IMPRESSO, NÃO!
Vamos enterrar esse projeto e será amanhã, na Comissão.