A pesquisa CNT/MDA já se tornou uma tradição brasileira. A rodada divulgada hoje é a 149ª.
Foram realizadas 2.002 entrevistas entre os dias 1 e 3 de julho.
A íntegra pode ser baixada aqui.
Ela mostra o presidente Jair Bolsonaro tomando uma surra eleitoral em 2022.
Na tabela com a intenção de voto espontânea, Lula aparece na liderança, com 28% dos votos, contra 22% de Bolsonaro.
Em terceiro lugar, Ciro Gomes tem 1,7%.
Nenhum outro candidato chega a 1%.
Na tabela com com intenção de voto estimulada, Lula tem 41,3%, contra 26,6% de Bolsonaro e 5,9% de Ciro Gomes.
O número de brancos e indecisos é relativamente baixo (8,6% de branco e 7,8% de indecisos), o que pode sinalizar uma tendência à consolidação de cenário, apesar de faltar mais de um ano para as eleições de outubro de 2022.
Terceira via
Outras partes da pesquisa confirmam o problemão de Bolsonaro.
Por exemplo, para 40% há preferência de que “Lula ganhe as eleições e volte a ser presidente”.
Outros 30% afirmaram preferir que nem Lula nem Bolsonaro ganhem as eleições.
Em terceiro lugar, estão os 25% que preferem que Bolsonaro ganhe as eleições.
A tabela mostra que o potencial da terceira via existe.
Esses 30% de “nem-nem” são maiores que os 25% pró-Bolsonaro. Também são menores que os 40% pró-Lula. Caso um candidato da terceira via chegasse ao segundo turno, poderia, em tese, somar esses 30% com os 25% de Bolsonaro, e vencer.
Mas os números de intenção de voto dos candidatos da terceira via ainda são muito baixos, e o presidente Bolsonaro tem dois grandes trunfos: uma rede social gigantesca (ainda é o líder político com maior rede social no país), e a posse da caneta mais poderosa do Estado.
Quando a campanha se aproximar, é bem possível que ele anuncie “pacotes de bondade”, tentando recuperar o voto popular.
Potencial de voto e rejeição
A rejeição a Bolsonaro, 62%, dificulta muito sua vitória num eventual segundo turno. O potencial positivo de Bolsonaro é de 34%.
Lula, por sua vez, tem a mais baixa rejeição entre os principais candidatos, 44%. Seu potencial positivo é de 52%.
A rejeição de Moro é mais uma prova da volatilidade da fama política. Até outro dia, o juiz era considerado um “heroi nacional”, e chegou a liderar pesquisas de intenção de voto por um breve período. Hoje apenas 4% dizem que votariam nele com certeza, e 57% que nunca votariam nele.
Doria é um caso curioso. Ele conseguiu a proeza de se tornar odioso para todas as forças políticas, incluindo para seu próprio partido. Na pesquisa CNT/MDA, tem 58% de rejeição, nível próximo ao de Bolsonaro.
Ciro Gomes parece ter perdido um de seus principais trunfos de 2018, que era sua baixa rejeição. Não chega a ser um Doria ou um Bolsonaro, mas tem 52,4% de rejeição, e apenas 4% de “voto com certeza”, o que não é um ponto de partida promissor. No total, seu potencial positivo é de 30%.
A vantagem de Ciro é que, até o momento, ele é o único candidato da terceira via que consegue botar o nariz para fora da polarização. Os outros sumiram completamente. Mas isso não quer dizer grande coisa, pois suas intenções de voto ainda são baixas, e, o que é pior, sem sinalização de crescimento. Ao contrário, Ciro parece estar perdendo votos.
Cenários de Segundo Turno
A pesquisa também trouxe três cenários de segundo turno: Lula x Bolsonaro, Lula X João Dória, e Bolsonaro X Ciro.
Numa eventual disputa entre Lula X João Dória, o petista ganharia de 52% X 18%.
Num segundo turno entre Ciro Gomes X Bolsonaro, o pedetista ganharia com vantagem folgada de 10 pontos: 43% X 33,7%.
No cenário mais provável, Lula versus Bolsonaro, o petista venceria tranqilamente, com vantagem de 20 pontos: 53% X 33%.
Eduardo Affine Neto
06/07/2021 - 18h55
Que patético Cafezinho! Na manchete arredonda pra baixo o Lula, arredonda pra cima Ciro, e dá Ciro em terceiro sendo que Moro tem exatamente os mesmos 5,9% que este, e não é citado.
lucaslegal2021
06/07/2021 - 13h01
Muito importante observar que para 45% dos pesquisados o mais importante é que Jair Bolsonaro deixe de ser Presidente. Jair terá um problemão pela frente no segundo turno – se chegar até lá.
Sergio
06/07/2021 - 10h18
Pela pesquisa a decisão seria entre dois corruptos. O povo “não gosta de corruptos”.
Sebastião
05/07/2021 - 23h02
Não existe terceira via isenta no Brasil. Todos os candidatos, já fizeram partes de governos anteriores ou apoiaram. Essa ilusão de terceira via, é a intenção da mídia que não aceitam a volta de Lula. Até pesquisas estão fazendo com essa opção, e ainda não tem a opção de rejeitar a terceira via.
Lula tem um legado e isso que pesará positivo pra ele em 2022. Agora, se Bolsonaro tentar fazer pacotes, eleitores não serão sensibilizados a votar nele. E eleitores da direita, irá ter ele como única opção.
Por isso, a terceira via, ficará com uma margem de 15% no máximo. Somando outros candidatos. A única candidatura que poderia unir a centro direita e centro esquerda, era Marina Silva. Mas, com Lula no páreo, irão pender pra Lula. E Lula ainda pode ganhar no primeiro turno. Bolsonaro deve ter entre 25% a 30%. Ainda tem a questão da abstenção, nulos e brancos.
Tiago Silva
05/07/2021 - 18h15
Parece que a “Terceira Via” vai ser algo a ser lembrado apenas para a década de 1990 que tiveram como representantes FHC do PSDB no Brasil, Tony Blair do Trabalhismo da Inglaterra e Clinton nos EUA….
E que essa Terceira via foi desastrosa, pelo menos no Brasil e Inglaterra em que a população iludida ficou com raiva dos que se aparentavam nos partidos denominados Social-Democrata, Trabalhista ou Democrata, mas que só ficaram no discurso e mantiveram o neoliberalismo ou o sistema de interesses.
Essa ilusão já ocorreu no Brasil uma vez e pode ocorrer novamente no Brasil, ainda mais sabendo-se das limitações do presidencialismo no Brasil que principalmente desde 2014 é muito mais um parlamentarismo de fato.
Porém, o que transparece pelas pesquisas é a tendência à polarização (mesmo que alguns envergonhados de terem votado no Capetão tentam se colocar como Nem-Nem atualmente, mas que tendem a voltar a se polarizar quando chegar próximo às eleições devido aos preconceitos inerentes a esse público e analfabetismo político ou pragmatismo exacerbado – caso sejam grandes empresários, agro ou do mercado financeiro – reiterado que vem desde Collor, FHC, Serra Alkimin, Aécio, Bozo e que sonham com Moro ou Partido Novo).
Também é destaque nessa pesquisa a forte rejeição de todos os candidatos apresentados. Em tempos atrás, seriam índices de rejeição que seria apontado como inviabilizadores de se candidatar…
Talvez ainda saia outro candidato para essa denominada terceira via (mas que para os não ingênuos, melhor seria denominado como a Via do Capital contra o trabalho).