Com as últimas revelações feitas a CPI da Pandemia sobre o escândalo na compra da vacina indiana Covaxin e o possível envolvimento do líder do governo Ricardo Barros (PP-PR), será quase impossível que Jair Bolsonaro consiga virar o jogo e escapar do aprofundamento da crise de impopularidade e com a piora de perspectiva do seu governo, mesmo com o ritmo lento da vacinação e o ensaio de um aumento no valor do Bolsa Família, nada disso pode fazer melhorar sua imagem.
Entre os líderes do Centrão, que atualmente dão as cartas no governo e ocupam cargos em boa parte dos ministérios, a avaliação é que a situação de Bolsonaro continuará em declínio com o avanço das investigações da CPI. Entre os senadores, já existe a possibilidade e assinaturas para estender a comissão por mais 90 dias. O prazo inicial de encerramento é dia 27 de julho.
Com esse processo de derretimento de Bolsonaro, um dos partidos que pode sinalizar para os outras legendas do Centrão e liderar a debandada do grupo é o Progressistas.
O partido que é presidido nacionalmente pelo senador Ciro Nogueira (PI) saiu do baixo clero durante o primeiro ano do governo Bolsonaro (2019) para ser o principal partido de sustentação do Planalto em 2020, tendo como o auge a vitória de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara.
Mas o desembarque do bolsonarismo não significa necessariamente abandonar o governo. Uma das saídas que podem ser encontradas pelo grupo, como questão de sobrevivência e para tentar passar a borracha em Bolsonaro, é negociar sua entrada num possível governo tampão do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).
Em 2016, antes de votarem em massa pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), os líderes dos partidos do Centrão articularam e se acertaram com Michel Temer (MDB) para continuarem ocupando cargos e controlando ministérios. Após a saída da petista, houve um redesenho no governo, mas o pilar de sustentação continuava sendo esses partidos.