Um dos principais e mais influentes apoiadores de Jair Bolsonaro, o empresário Luciano Hang, teve a lisura de sua fortuna questionada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que produziu um relatório com o total de 15 páginas.
O documento foi produzido em julho de 2020 e foi apontando diversas inconsistências. De acordo com o UOL, o órgão enviou esse relatório à Casa Civil, Comando do Exército e à Polícia Federal. Um senador da CPI da Covid também já está com o documento em mãos.
A Abin é vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), liderada pelo general Augusto Heleno. Na realidade, a partir de 1997, Hang passou a ter negócios com lisura questionável.
“Sempre expandindo os negócios, sem sócios, sem investidores, sem endividamento e muitas vezes parecendo possuir uma fonte oculta de recursos, que não se explicaria apenas por sonegação fiscal e contrabando de artigos importados para lojas”, diz o relatório.
No ano 2000, uma estudante de economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que teve a identidade preservada no relatório produziu uma monografia sobre a competitividade das lojas Havan, “obtendo por meio de Luciano Hang acesso a dados contábeis da empresa”.
No relatório, o trabalho da aluna revelou que o custo fixo mensal das lojas da Havan era “cinco vezes maior do que o faturamento”. Em outras palavras, nessas condições, Hang não teria como manter o negócio de pé.
“Este custo fixo relatado se referia ao estoque que equivaleria a 5 vezes o faturamento em um mês da rede de lojas e exigia alto capital de giro, demonstrando já nesta época a alta disponibilidade financeira de Hang”, apontou.
Ainda no trabalho da estudante, foi feito um tópico sobre “Havan Financeira” que a Abin também teve acesso e descobriu que, no início dos anos 2000, Hang começou a possuir uma empresa especializada em empréstimos milionários.
De acordo com o documento, na prática se tratava de “agiotagem” e que resultou em cobranças na Justiça. Ao todo, são 25 processos ativos no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) e relacionados aos empréstimos do bolsonarista.
“É de se supor que os empresários que procuravam Hang não estariam aptos a passar pelo crivo analítico de um banco de verdade, sujeitando-se a exposição de cobrança de juros acima do mercado e alienação de bens em garantia”, afirmou a Abin..