A relação pouco frutífera entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), possíveis candidatos a presidência da República em 2022, poderá melindrar a aliança entre PT e PDT no Ceará.
Os dois partidos são antigos aliados no estado e atualmente estão a frente do governo local com Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (PDT). Em 2020, os dois partidos conquistaram, ao todo, 84 prefeituras fazendo com que o Ceará seja o estado com mais cidades lideradas pela centro-esquerda no Brasil.
Contudo, a Executiva Nacional do PT cogita lançar uma pré-candidatura própria ao governo estadual. Durante algumas semanas, foi ventilado o nome do deputado federal José Guimarães, pela sua proximidade com o ex-presidente Lula e por liderar as articulações do PT local. Mas, a pré-candidatura do partido poderá ser, na realidade, liderada pelo também deputado federal José Airton Cirilo que já colocou seu nome a disposição de Lula.
Cirilo foi candidato a governador em 2002 com o slogan “Lula lá e Zé Airton cá” e embora tenha sido derrotado, foi um dos grandes destaques do PT naquele ano.
Além de manter uma boa relação com Lula, o parlamentar tem uma considerável base no interior e pode assumir, com tranquilidade, as articulações com outros partidos como o MDB, PC do B, PSOL e Solidariedade na tentativa de montar um bloco de oposição ao grupo dos irmãos Cid e Ciro Gomes.
Os movimentos de Cirilo e da cúpula nacional do PT pressionam o governador Camilo Santana que mantém uma base ampla e é aliado dos Ferreira Gomes. A primeira vista, parece inimaginável um acordo entre PT e PDT levando em consideração que os dois partidos querem assumir o Palácio da Abolição.
Já a oposição de direita e aliada a Jair Bolsonaro no Ceará tende a fazer algumas mudanças. Parte do grupo de bolsonaristas ligados ao deputado federal Capitão Wagner (PROS) devem migrar para o PSL enquanto o parlamentar possivelmente vai assumir o diretório estadual do Republicanos e levar consigo alguns deputados e prefeitos. Wagner já lançou sua pré-candidatura ao Governo do Ceará e deverá ter o apoio de Bolsonaro e do senador Luiz Eduardo Girão (Podemos).
Já o PROS deve passar pelo processo de esvaziamento no estado, com a possibilidade de um grupo pró-Lula ser indicado para assumir a comissão provisória do partido.