Em entrevista ao Congresso em Foco, o deputado federal Tulio Gadelha (PDT-PE) expressou sua insatisfação com a Executiva Nacional do PDT que decidiu sair em defesa do voto impresso auditável e disse que a medida faz com que o núcleo da legenda se afaste das lideranças do próprio partido e que o tema é uma via “inoportuna” para o momento em que se passa o Brasil.
Gadelha também se queixou sobre a falta de renovação do partido e destacou que o “PDT precisa ouvir mais as bases”. Sobre sua permanência nos quadros trabalhistas, Túlio afirmou que “depende mais do PDT” do que dele. O parlamentar é filiado ao partido desde os seus 19 anos.
“Há 13 anos tenho vida partidária ativa. Sou dirigente nacional há oito anos. Conheço o terreno. O PDT precisa ouvir mais as bases. Abrir espaço para os novos quadros espalhados em todo Brasil. Só assim conseguirá crescer. Não vejo o PDT se reinventar. PSOL, PV, Rede e PT têm nos procurado. Mas ainda é cedo para decidir. Fato é que meu futuro partidário dependerá mais do PDT do que de mim”, ponderou.
Sobre a questão do voto impresso auditável, o parlamentar pernambucano relata que apesar da cúpula do PDT acompanhar os posicionamentos do presidente da legenda, Carlos Lupi, existe um racha interno no partido e classificou como “insanidade” colocar em dúvida as urnas eletrônicas.
“A maior parte da cúpula e dos dirigentes é fiel ao Lupi, sempre acompanha ele nas suas posições. Também porque o voto impresso foi uma tese defendida por Brizola, líder maior e fundador do PDT. A base está dividida. Há um entendimento que aquele era um outro momento, sem força política capaz de ameaçar a democracia. É uma insanidade colocar em xeque a credibilidade das urnas eletrônicas, sem apresentar indícios de fraudes. É o prenúncio de alguém [Bolsonaro] que não reconhecerá uma derrota em 2022”, ressaltou.
Sobre as eleições presidenciais de 2022, Túlio afirma que a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes já é dado como certo no PDT mas também criticou os ataques do pedetista contra ex-presidente Lula (PT).
“As posições de Ciro podem distanciá-lo da base, dos movimentos orgânicos do partido e dos pedetistas históricos. O PDT está alinhado a Ciro, mas Ciro precisa se alinhar melhor ao PDT. A falta de coerência está nos ataques de Ciro a Lula (e vice-versa). Pra que isso? Fizemos parte do governo Lula, o PDT e o próprio Ciro Gomes”, lembrou.