A pesquisa XP/Ipespe divulgou hoje seu último relatório de avaliação de governo e intenções de voto para as eleições presidenciais de 2022.
A rejeição ao governo Bolsonaro bateu novo recorde, chegando ao pico de 50% de ruim e péssimo, sendo 56% nas capitais, e a desaprovação à maneira do presidente administrar o país também atingiu seu ponto máximo, 60%.
Bolsonaro já viveu uma crise aguda de imagem antes, no início da pandemia de 2020, na contramão de governadores e prefeitos, que experimentaram um crescimento vigoroso de sua aprovação, o que inclusive facilitou a reeleição ou sucessão de muitos.
A razão da crise em 2020 foi causada pelo sentimento público de repulsa à maneira irresponsável com que Bolsonaro reagiu à chegada da pandemia ao país, posicionando-se sempre contra a ciência e a medicina.
O presidente nunca mudou sua postura, e apenas ontem, quinta-feira 10 de junho, fez pronunciamentos e lives em que reafirma sua descrença na ciência.
A população, felizmente, está reagindo a esse comportamento com um sentimento crescente de indignação.
A pesquisa XP também trouxe números de intenção de voto para 2022, os quais igualmente são péssimos para Bolsonaro, que agora perde no primeiro e no segundo turnos.
Quem aparece bem na fotografia é o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas com 32%, alta de 4 pontos sobre a sondagem do mês anterior.
Bolsonaro oscila um ponto para baixo, e agora tem 28%.
Ciro Gomes levou um tombo de 3 pontos, para 6%, o que representa mais uma dificuldade para uma campanha que tinha, dias antes, recebido uma lufada de oxigênio por causa do crescimento visto na pesquisa do Poder 360, que o trouxe para 10%.
Na espontânea, Lula cresceu 3 pontos e chegou a 24%, enquanto Bolsonaro oscilou um ponto para baixo, e agora tem 23%.
Ciro tem apenas 3%, e todos os outros tem 1% para baixo.
A posição de liderança nas pesquisas, mais a crescente rejeição a Bolsonaro, permite a Lula fazer as articulações estaduais com muita desenvoltura. Os eleitores estão cada vez mais ansiosos para saber de que lado se posicionarão seus candidatos majoritários e proporcionais na polarização.
A XP também trouxe cenários de segundo turno. Bolsonaro perde de Lula por 45% X 36%. Nota-se, sobretudo, a boca do jacaré se abrindo, jargão de analistas políticos para dizer que há um movimento em curso, o qual, no caso, favorece o petista.
Ciro Gomes também ganharia de Bolsonaro, por 41% X 37%. Já Dória e Huck, perdem do presidente num eventual segundo turno. Isso significa que o eleitor está pedindo um candidato que represente um conjunto de valores muito diferente de Bolsonaro, e Doria e Huck ainda são associados ao presidente, por terem declarado voto nele.
Conclusão: Todos os movimentos sinalizam uma polarização muito cristalizada. A possibilidade de Bolsonaro minguar rapidamente, e ficar de fora do segundo turno, não é crível. E o eleitor que vem abandonando Bolsonaro migra diretamente para Lula.
À medida que esse cenário se define, os atores políticos começam a se articular desde já, estabelecendo pactos, alianças e parcerias para as eleições de 2022.
O movimento de Marcelo Freixo é um exemplo. Mas sobre Freixo vamos escrever num outro post.
Ah, por quem os sinos dobram?
Bem, segundo poema de John Donne, essa é uma pergunta que não deveríamos sequer fazer, porque a resposta é muito simples. Eles dobram por nós mesmos.
E esperemos que seja um dobrar de alegria pela derrota do pior presidente da nossa história!