Nesta terça-feira, 8, em seu segundo depoimento a CPI da Pandemia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ficou no fio da navalha entre defender o isolamento social, uso de máscaras, vacinação em massa, não defender a cloroquina no tratamento contra a Covid-19 e evitar críticas a Jair Bolsonaro, seu chefe.
“Não me compete julgar os atos do presidente da República”, disse após ser questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre as condutas negacionistas de Bolsonaro durante a pandemia.
Já no caso da hidroxicloroquina, Queiroga tomou uma postura bem diferente do seu primeiro depoimento diante do colegiado, quando se esquivou sobre a suposta eficácia do medicamento contra o coronavírus e disse publicamente na CPI que o medicamento é ineficaz, assim como a ivermectina.
Porém, o titular da pasta ressaltou que existe uma polêmica sobre o assunto na classe médica e com isso submeteu o tema à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). Mas assim como Bolsonaro, ele defendeu a realização da Copa América no Brasil justificando que o risco é baixo desde que seguidos os protocolos.
Antes mesmo de encerrar o depoimento, a Agência Lupa checou as afirmações de Queiroga à CPI e constatou que ele propagou informações falsas.
Veja a checagem na íntegra!
“O Campeonato Brasileiro de Futebol aconteceu com mais de cem partidas, dentro de um ambiente controlado, sem público nos estádios e houve apenas um caso positivo” MARCELO QUEIROGA
FALSO
Em 2020, pelo menos 302 jogadores da série A do Brasileirão testaram positivo para Covid-19. O levantamento foi realizado por pesquisadores da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro. O índice representa 48,3% dos atletas. O estudo não leva em conta membros da comissão técnica, da arbitragem e demais funcionários envolvidos nas partidas.
O levantamento ainda revelou que o grupo apresentou o nível de infecção 13 vezes maior que a população em geral. Os clubes de futebol, segundo os pesquisadores, atuam como “centros superdisseminadores” do vírus. Dos 20 times da série A, sete tiveram pelo menos 20 atletas infectados pelo novo coronavírus: Fluminense (26), Vasco (26), Palmeiras (24), Santos (22), Flamengo (21), Goiás (21) e Athletico-PR (20).
“[Falo] Diretamente com o presidente, despacho sempre com ele (…)
MARCELO QUEIROGA
Em depoimento na CPI
FALSO
Segundo a própria agenda da presidência, desde que assumiu o Ministério da Saúde, em 23 de março, Queiroga teve apenas quatro reuniões diretas com Jair Bolsonaro. Em duas delas (em 18 de maio e 4 de maio), não consta a participação de outras pessoas.
Em cinco de abril, também esteve presente o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz. Já na reunião de 26 de março, participaram o ministro-chefe substituto da Casa Civil, Sérgio José Pereira, o então ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos e o subchefe para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência, Pedro Cesar Sousa.