O presidente Jair Bolsonaro deveria usar um brochinho na lapela com o rosto de Mao-Tse-Tung ou do Partido Comunista Chinês.
Não fosse a China, a economia brasileira teria sofrido infinitamente mais com a pandemia, e a sua popularidade estaria no chão.
Segundo o sistema Comexstat, do governo federal, o Brasil exportou US$ 108,63 bilhões em Jan/Mai deste ano, o que representou um aumento de 30% sobre igual período do ano passado.
Alguns países aumentaram dramaticamente suas compras no Brasil, com destaque para China, Argentina e Coreia do Sul.
A China já tem sido há alguns anos, e de maneira isolada, o principal comprador de nossos produtos, mas ela está se distanciando do segundo lugar, os EUA.
Nos cinco primeiros meses de 2021, a China importou US$ 37 bilhões do Brasil, quase quatro vezes o valor pago pelos Estados Unidos por suas compras de produtos brasileiros no mesmo período.
Essas compras da China representaram um aumento de 36% sobre o ano anterior, e de 51% sobre o valor registrado em 2019.
As exportações brasileiras para a China são extremamente concentradas em três produtos: soja, minério de ferro e petróleo.
No acumulado dos últimos 5 meses, até maio, as exportações de minério de ferro para a China cresceram 95% sobre o ano anterior, e 141% sobre 2019.
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Abaixo, alguns gráficos que servem para entender melhor a posição relativa da China em nosso comércio exterior.
Se descontarmos a China, a receita das exportações brasileiras está estagnada há mais de dez anos, oscilando entre 50 e 70 bilhões.
Olhando apenas para a China, o gráfico é impressionante. Nos anos 90, as exportações brasileiras para o gigante asiático eram praticamente zero. Hoje elas correspondem a quase US$ 40 bilhões – em apenas 5 meses do ano!
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Por fim, fizemos um gráfico apenas com saldo comercial (que é a exportação menos a importação).
O saldo comercial do Brasil nos cinco primeiros meses de 2021 foi de US$ 27 bilhões, o maior da nossa história.
Praticamente todo esse saldo positivo foi puxado pelas exportações de soja, ferro, petróleo e carnes. Esses quatro produtos somados geraram um saldo de quase US$ 60 bilhões em Jan/Mai 2021.
Mas se temos saldos imensos na exportação de produtos primários, a situação se inverte quando se trata de mercadorias complexas e industrializadas, como aparelhos elétricos e produtos farmacêuticos, que vem experimentando recordes de déficit.