Uma reportagem publicada esta semana, no Estadão, traz uma informação importante para entender as articulações políticas que já começam a ser feitas para as eleições de 2022.
Antes, permitam-me uma digressão sobre o PSOL.
Seria um erro achar, hoje, que o PSOL é uma legenda pequena, cujas decisões não afetarão o grande jogo político para 2022.
O PSOL é pequeno em algumas coisas, mas já se tornou bem grandinho em outras.
Em 2020, foi o partido de esquerda que mais registrou crescimento nos legislativos municipais, uma tendência que vem se repetindo há várias eleições.
Em várias capitais, o PSOL se tornou uma das legendas mais expressivas na Câmara dos Vereadores. No Rio, por exemplo, o PSOL tem hoje sete vereadores, a maior bancada entre todos os partidos, junto com Republicanos e Democratas, que elegeram o mesmo número.
O vereador Tarcísio Motta (Psol) foi o mais bem votado da cidade em 2020, com 86 mil votos, ultrapassando Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro, e um dos coordenadores da comunicação do presidente Bolsonaro. Em 2016, o bolsonarista ficou em primeiro lugar, deixando o psolista em segundo.
A vitória de Motta sobre Carluxo é, obviamente, uma vitória simbólica muito importante do campo progressista sobre o movimento bolsonarista.
Em São Paulo, maior cidade do país, o PSOL triplicou o número de vereadores; de 2 eleitos em 2016 para 6 neste ano, e se tornou a terceira maior bancada da Câmara Municipal de São Paulo. O PSDB e o PT permanecem sendo os partidos com as maiores bancadas, com 8 vereadores cada, mas ambos perderam cadeiras: em 2016, o PSDB tinha 11 e o PT, 9 vereadores.
Mas a principal força política do PSOL hoje é a pujança de seus quadros nas redes sociais.
Guilherme Boulos e Marcelo Freixo tem hoje redes que, em alguns momentos, atingem números superiores aos de Bolsonaro, Lula e Ciro, ou seja, ocupam o topo do ranking dos políticos com redes mais movimentadas no país.
Boulous hoje aparece nas pesquisas para o governo de São Paulo empatado na liderança com quadros tradicionais, como Alckmin e Marcio França.
Diversos deputados federais, estaduais e vereadores do PSOL tem redes muito fortes. Nos rankings de parlamentares com maiores redes, o PSOL sempre tem um lugar de destaque.
Num ambiente eleitoral onde as redes sociais se tornaram determinantes para construir ou desconstruir candidatos, é óbvio que esses números serão relevantes na campanha presidencial.
Voltando à reportagem, ela informa que o grupo político liderado por Guilherme Boulos, ex-candidato do partido à presidência da república, e que chegou ao segundo turno nas eleições municipais na capital política, e por Juliano Medeiros, presidente nacional do partido, e Ivan Santos, deputado federal, defendem que o PSOL apoie a candidatura do ex-presidente Lula.
Juliano Medeiros tem votos e apoio suficientes para permanecer como presidente do partido, diz a reportagem.
Esse grupo hoje já possui hegemonia dentro do partido, e Boulos trabalha para ampliar essa tendência, com a filiação de militantes sem-teto em várias cidades.
Boulos formou uma corrente no PSOL chamada Revolução Solidária, mais alinhada com essa linha de aproximação com o PT, que tem apoio da Primavera Socialista, a mesma de Juliano Medeiros e Ivan Valente.
Entre as correntes contrárias a essa linha, e que defende uma candidatura própria do PSOL à presidência da república, há o Movimento Esquerda Socialista (MES), ao qual pertence a deputada federal Samia Bonfim (SP).
“Desde que recuperou seus direitos políticos, o Lula sinaliza mais para o Centrão e a direita liberal do que à esquerda. Seria irresponsabilidade o PSOL não apresentar um nome próprio”, disse Bonfim à reportagem.
O MES lançou a pré-candidatura do deputado federal Glauber Barga à presidência da república.