Bia Kicis: “Eu faço questão de 100% de impressoras nas urnas”

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) é a autora da PEC do voto impresso, que está em discussão numa comissão especial da Câmara dos Deputados.

Ela também é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara dos Deputados.

Em entrevista a Folha, ela sinalizou que Bolsonaro realmente vai tentar usar a bandeira do voto impresso para desacreditar o processo eleitoral de 2022.

“Eu, como autora da PEC, faço questão de 100% de impressoras nas urnas; repudio uma implementação gradual, que vai legitimar uma possível fraude”, diz Kicis.

Se houver apenas um projeto-piloto, com transformação de parte das urnas, “nós vamos continuar dizendo que é ilegítimo sim, vamos continuar desconfiando”, diz a deputada.

A deputada acha que mudar o sistema gradualmente vai deixá-lo ainda mais vulnerável a fraudes.

“Se 10% das urnas imprimirem o voto, e 90% não, os potenciais invasores vão fraudar as urnas sem impressão, onde não podem ser detectados. É como o ladrão que não rouba a casa onde sabe que há armas”, diz Kicis.

Vários especialistas consultados pela Folha afirmaram que é impossível mudar todo o sistema.

Ana Cláudia Santano, coordenadora geral da Transparência Eleitoral Brasil, não acha que a aprovação da PEC neste momento vá pacificar os ânimos.

“Sou pessimista. Acho que teremos questionamento da legitimidade da eleição tendo ou não o comprovante de papel na eleição, porque isso entrou na mentalidade de certos grupos”, diz Santano, que é professora de direito eleitoral na UniBrasil.

Opinião do blog: A mudança do sistema iria custar mais de R$ 2 bilhões e acrescentar uma complicação a mais no sistema de apuração, que ficaria mais demorado, caro e inseguro.

Há formas muito mais inteligentes e modernas de se auditar o voto, e que não passam pela impressão. O mundo moderno precisa de dados puramente digitais, que possam ser analisados e cruzados por computadores e inteligência artificial. Papel – que destroi árvores – é um luxo que devemos guardar apenas para imprimir bons livros.

Além do mais, o blockchain já foi inventado. Dados não podem mais ser corrompidos com facilidade.

Imagine um planeta com 8 (daqui a pouco chegaremos a 9) bilhões de pessoas vivendo uma democracia global baseada no voto em papel? Onde vamos achar tantas árvores?

A justificativa de que a Índia adotou me causa arrepios, porque é simplesmente inacreditável que alguém considere inteligente que um país com quase 1 bilhão de eleitores adote um sistema impresso, que será infinitamente mais custoso, demorado e inseguro do que um sistema inteiramente eletrônico.

Desde quando a Índia virou referência para o Brasil? Não podemos, ao menos numa coisa, ser referência de agilidade, modernidade e confiança na tecnologia?

O que é bom da Índia, como o investimento público em tecnologia, siderurgias e refinarias, a gente não copia. O que é ruim, sim, a gente copia avidamente? O que mais vamos copiar? Castas?

Na reportagem da Folha, assinada pela jornalista de Patricia Campos Mello, o vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, afirma  que a proposta de voto impresso é “teoria da conspiração aliada a negacionismo da tecnologia”, e que o objetivo da PEC é “manipular e insuflar determinados segmentos da população e criar um estado de confusão mental emocional ou passional sobre a realidade dos fatos”.

Redação:
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