Diante do vídeo vazado do “ministério da saúde paralelo”, a criminalização de Jair Bolsonaro se tornou um imperativo ético, jurídico e político da sociedade brasileira.
Felizmente, todas as pesquisas demonstram que o Brasil já formou uma maioria consciente de que Bolsonaro é um pervertido autoritário, incompetente e ignorante, sem condição nenhuma de ocupar o cargo atual.
Essa não é mais somente uma questão política, porém, mas criminal.
A sequência de vídeos publicados nas últimas horas, sobretudo os vazados pelo jornalista Samuel Pancher, somados a compilações feitas por internautas, com falas de Bolsonaro e de seus assessores clandestinos ou oficiais, como Osmar Terra e Arthur Weitraub, não deixam dúvidas de que o presidente Jair Bolsonaro é um criminoso, um bandido, um assassino, e assim deve ser tratado por todos.
Agora temos uma prova documental de que existia um ministério paralelo da saúde cuja função era disseminar fake news sobre a Covid.
Além do vídeo de Pancher, as compilações divulgadas por contas como o @desmentindobozo nos ajudaram a montar a linha do tempo.
Desde o início da pandemia, havia um ministro da saúde clandestino ao lado de Jair Bolsonaro. Era o deputado Osmar Terra, também conhecido como Osmar Terraplana, por causa de suas “previsões” completamente estapafúrdias sobre a pandemia, todas desmentidas cabalmente pela realidade.
Ao invés de acreditar em seu próprio ministro da Saúde, Bolsonaro preferiu dar crédito a um charlatão. O bom senso, como lembra Descartes, é uma virtude democrática, e até mesmo pessoas sem caráter costumam possuí-la. Para desgraça do Brasil, temos um presidente que não tem caráter nem bom senso, e que buscou juntar seus iguais num “ministério paralelo”, que reuniu uma elite de médicos fracassados, terraplanistas e limítrofes, mas que, inacreditavelmente, serviram de guia ao presidente durante a crise sanitária mais dramática que vivemos e ainda estamos vivendo.
Um detalhe importante: o presidente não mudou nada. Ele ainda segue os conselhos do mesmo grupo.
Esse ministério paralelo trabalhava claramente contra vacinas e em favor do tratamento precoce. Ponto. Esse é o crime que marca o governo Bolsonaro.
O resultado foram quase 500 mil brasileiros mortos, até agora.
Bolsonaro precisa portanto ser criminalizado, em tribunais do Brasil e do exterior, por crimes contra a vida dos brasileiros e contra a humanidade.
A ignorância não é desculpa. Se eu pendurar meu cachorro da janela do quinto andar do prédio e soltá-lo, e ele morrer espatifado lá embaixo, seria absurdo justificar esse crime com um “eu não sabia que existia gravidade”.
Loucura igualmente não é desculpa, porque então todos os homicidas do país que estão presos ou em vias de sê-lo poderiam alegar loucura e permanecer em liberdade. Bolsonaro cometeu todos esses crimes com plena consciência do que estava fazendo.
Abaixo, três vídeos que marcam o fim de Bolsonaro. Voltamos em seguida.
Os senadores responsáveis pela CPI da Pandemia retomarão os trabalhos a partir da próxima terça-feira sob um ambiente ainda aquecido com viralização desses vídeos nos últimos dias, especialmente o vídeo do “ministério paralelo”, um furo sensacional do jornalista Samuel Pancher (@samuelpancher) e do jornal Metropole.
Esse vídeo foi a pá de cal no governo Bolsonaro. O corpo ainda vai se estrebuchar mais um pouco. O presidente tentará mobilizar sua trupe, mas é inevitável que as informações relativas aos crimes de seu governo se disseminem com cada vez mais força de cima para baixo.
Bolsonaro não tem mais uma base popular coesa, nem no alto da pirâmide social, pois hoje sofre grande rejeição na classe média, nem embaixo, junto aos mais pobres, decepcionados com a falta de empatia social do governo federal ao lidar com seus problemas mais urgentes, como a inflação dos alimentos e o preço do botijão de gás.
A essa altura, qualquer governo democrático decente do mundo teria iniciado uma grande campanha contra a fome, seja encontrando uma fórmula inteligente para baixar o custo da cesta básica, sem aumentar juros, porque não adianta combater a inflação e aumentar o desemprego, seja trabalhando em parceria com governadores e prefeitos na organização de centros de distribuição de comida. Mas Bolsonaro é um paranoico delirante, com mania de perseguição, e hoje é inimigo de quase todos os governadores e prefeitos.
Bolsonaro poderá tentar medidas desesperadas para recuperar sua popularidade, como aumentar o Bolsa Família, o que é bem vindo. Isso pode trazer algum alívio aos mais pobres, e melhorar um pouco sua imagem nessas camadas, mas esse é um programa que não é associado ao nome Bolsonaro, e sim a seu principal adversário, que, ele sim, pode acabar levando o crédito pela “mudança” de Bolsonaro.
As lideranças políticas que não apostaram na CPI da Pandemia, por um preconceito udenista contra Renan Calheiros, ou pior, porque não conseguiram identificar como a CPI poderia lhes beneficiar pessoalmente, cometeram um erro grave. Alguns inclusive deram ouvidos a seu Rasputin particular e, nessa hora de grande entusiasmo com a possibilidade real de esmagarmos o negacionismo bolsonarista, se associaram a uma pauta obscurantista e retrógrada, o “voto impresso”.
A CPI da Pandemia já é a mais importante da história da nossa república, pela seriedade do tema, e pela oportunidade que oferece ao Brasil de entender, de uma vez por todas, a importância da ciência, da pesquisa, da tecnologia, como dimensões centrais para o desenvolvimento do país e a sobrevivência física da espécie humana.