Por Rodrigo Perez
1) Tecnicamente, a discussão não faz sentido, pois a segurança da urna eletrônica já está mais que comprovada. O sistema é perfeitamente auditável.
2) Mas nem tudo na vida se revolve com argumentos técnicos. Cada vez mais, argumentos técnicos perdem a capacidade de produzir convencimento, o que é típico de uma sociedade atravessada por uma crise caracterizada pela intensa polítização da realidade. Portanto, a discussão sobre voto impresso faz sentido sim. É o fato de ela existir politicamente que faz com que tenha sentido.
3) A desconfiança com a urna eletrônica é tão antiga quanto a própria eleição digital. Lembro que quando criança ouvia com frequencia os mais velhos falando que a urna eletrônica não era confiável. É claro que essa desconfiança se tornou mais intensa desde 2013, junto com o ceticismo geral com todas as instituições democráticas, absolutamente todas. Melhor que ninguém, Bolsonaro conseguiu se apropriar dessa desconfiança coletiva, e se tornou o principal crítico da democracia representativa. Esse é seu principal capital político.
4) Existe, então, um sentimento social de desconfiança com a votação eletrônica. Não sei bem o tamanho desse sentimento, pois desconheço pesquisas mais recentes sobre o tema. Tudo indica que uma parcela numericamente relevante da população não confia totalmente na urna eletrônica. As instituições da democracia precisam acolher essa desconfiança. É exatamente essa a proposta do PDT, que é muito diferente do plano golpista de Bolsonaro, que é abolir a votação eletrônica ou permitir que o eleitor saia com o recibo, o que na prática acaba com o voto secreto. Como eu disse antes, tecnicamente a discussão não faz sentido, mas se a confiança da população no processo eleitoral aumentaria com a impressão do voto, a democracia precisa responder à demanda.
5) O que Ciro e o PDT fizeram ao apoiar o voto impresso é parte da estratégia eleitoral do partido, que hoje têm o desafio mais inglório na cena eleitoral: ser terceira via em eleição protagonizada pelas duas maiores lideranças populares da história recente brasileira. Não à toa, até agora ninguém conseguiu se consolidar como terceiro nome. Percebendo que Lula é imbatível na parte progressista do eleitorado e que Bolsonaro está se enfraquecendo, Ciro decidiu disputar o eleitor que está ou esteve com Bolsonaro. Pra isso, cada vez mais vai precisar assumir a posição de crítico às instituições vigentes. Há um oceano separando a crítica feita por Ciro da crítica feita por Bolsonaro. Acho que do jeito que o jogo está dado, a estratégia da candidatura de Ciro deve ser essa mesma. Sou eleitor convicto de Lula e entendo perfeitamente o que Ciro e o PDT estão tentando fazer. E digo mais: torço pra funcionar. O melhor dos mundos seria a eleição disputada entre Lula, representando do sistema instituído pela constituição de 1988, e Ciro, fazendo papel de crítico a esse sistema. E Bolsonaro reduzido ao nicho do fascismo puro sangue.
A estratégia pedetista vai funcionar? Acho que não, mas tem que tentar. O jogo só acaba quando termina.
carlos
29/05/2021 - 07h37
A tecnologia a desserviço de seu próprio aperfeiçoamento, transgressão, nesse caso é pouco é como se estivéssemos voltando a idade da pedra lascada.
GUSTAVO FERREIRA
29/05/2021 - 07h22
Quanta baboseira, o que impera é o sentimento de vira lata, se a urna tivesse sido inventada e reproduzida por americanos, alemães, o dito primeiro mundo, esta discussão é tipica dos negacionistas: tem que ter um culpado pra tudo, desde que sejam excluídos! Nossas urnas eletrônicas são perfeitas: não são ligadas em rede (risco zero de raker), ao finandar as eleições sai um relatório impresso para tre e presidentes de partidos e um arquivo físico para ser enviado ao forum regional, daí pra frente tudo fica digital, seja voto impresso ou urna eletrônica, tem que ser muito bom o sistema e é. Resumindo mais balela do Coronel do Ceará.
Belchior
29/05/2021 - 02h52
A resposta é simples. O petista raiz é diversionista, pirotécnico e negacionista igual ao bolsonarista raiz.
O Demolidor
29/05/2021 - 01h33
Parece que assumiram de vez o eleitorado da direita……melhor assim do que ficar enganando o povo como foi na ultima eleição…
Marco Vitis
28/05/2021 - 23h34
O autor do artigo afirma exatamente o contrário da verdade histórica. Lula não queria assinar a Constituição de 88. Ciro, ao contrário, apoiou a efetivação da chamada “Constituição Cidadã”. Ciro critica o fato de que muitos artigos da Constituição não foram parcial ou totalmente implementados como estava previsto.
De modo análogo, Lula foi contra a implantação do Plano Real. É ou não é FATO de que o Plano Real acabou com a hiperinflação ?
Um pessoa de bom senso deve reconhecer que o PT fez muitas coisas boas para o Brasil. Porém, o PT é incapaz de reconhecer seus inúmeros ERROS. Inclusive a perniciosa idolatria a Lula.
Obelê
28/05/2021 - 22h42
” que é muito diferente do plano golpista de Bolsonaro, que é abolir a votação eletrônica ou permitir que o eleitor saia com o recibo, o que na prática acaba com o voto secreto.”
Kkkkkkkkkkkkkkk
Mas que estupidez. Não é nada disso. Só mesmo sendo muito idiota pra concluir ou sugerir uma coisa dessas. Beira o mau-caratismo.
A impressão do voto e a possibilidade de cada um poder confirmar que o que foi impresso é o mesmo que ele digitou na urna resolveria o último ponto de questionamento relacionado ao sistema de votação brasileiro. Afinal não há como ter certeza que a máquina grava o voto em sua memória interna de acordo com o que foi digitado. Por mais que as máquinas sejam isoladas de qualquer comunicação externa, a maquina poderia deliberadamente gravar os votos dos votantes de forma diferente do que fora digitado. As verificações que acontecem antes do início da votação e ao término delas são suficientes e adequadas para uma série de verificações e cruzamentos, mas se a máquina grava na sua memória os votos de acordo com como eles de fato foram digitados, ainda paira a dúvida.
O Demolidor
30/05/2021 - 23h32
Gostaria de saber então o porque de usar os dois se a urna não é confiável….e como eram auditados os votos em papel antigamente? Recontando um por um? Era infalivel?
ODestruidor
31/05/2021 - 22h07
Sortear-se-ia uma amostra das urnas para auditoria. Aí bastaria apenas comparar o que está na memoria e o que está depositado em papel na urna de lona. Não constatando nada de errado estaria tudo certo. Tão simples quanto isso. Conseguiu entender?? Precisa que desenhe??
Rony Lopes
28/05/2021 - 19h32
Somente explica uma coisa como Lula pode ser representante do sistema instituído em 1988 se ele votou contra a constituição?
E como Ciro pode ser contra se ele trabalhou a favor ?
Jules
29/05/2021 - 00h04
O cara se declarou “eleitor convicto do Lula”. O que esperava?