Poucas vezes testemunhei provas tão cabais de estupidez política, autoritarismo partidário e cegueira ideológica como no caso da deputada Tábata Amaral.
Felizmente ela manteve o seu mandato. Faço votos para que ela tenha uma longa carreira política, de preferência bem longe da esquerda sectária que lhe persegue diuturnamente. Para onde ela for, terá o meu apoio político, minha compreensão para com os inevitáveis erros que todo mundo comete, e a minha estima.
Sinto-me culpado por não ter lhe defendido mais por ocasião de seu voto em favor da Reforma da Previdência. Sou contra aquela Reforma, mas respeito seu voto e acho que, dentro das circunstâncias, ela fez o melhor possível para conter seus excessos. É isso que eu espero de uma parlamentar ética, pragmática e progressista.
Não o fiz, confesso dolorosamente, por covardia. Mas também por confusão. Às vezes, quando você se vê numa situação muito minoritária em relação a um tema, é comum duvidar de si mesmo. Não é possível que todos estejam errados e apenas eu, certo, você se pergunta o tempo inteiro, e aí se cala diante de uma injustiça.
Duas grandes dicotomias polarizam o debate político nacional: uma se dá entre liberais X desenvolvimentistas, a outra entre direita X esquerda. Considero-me entusiasticamente partidário das últimas opcões: sou desenvolvimentista e de esquerda.
Minha ideologia, quase todos que lêem o blog conhecem ou suspeitam. Apoiei Ciro Gomes em 2018. Para 2022, terei de avaliar com mais calma, pois Ciro andou errando demais nos últimos tempos, e hoje se vê profundamente isolado, e isso não apenas por causa das movimentações de Lula, que efetivamente saiu na frente, com gestos rápidos e certeiros, na busca pelo centro, mas por culpa de suas próprias trapalhadas.
Peço perdão aos meus amigos lulistas e ciristas que me cobram uma definição, mas não tenho condições psicológicas de entrar nessa guerra sangrenta, até porque não vejo, francamente, em que eu poderia ajudar. Sou um péssimo profeta político e já errei tanto em minhas previsões que hoje sou atormentado pela superstição de Murphy: quem eu apoiar irá perder, e quem eu não apoiar, irá vencer.
Então não se preocupem tanto com alguma consequência das minhas posições. Assistirei de camarote, tentando contemplar os embates com imparcialidade e senso de justiça, sempre de olho na melhor estratégia para desidratar o presidente Bolsonaro e construir um projeto de desenvolvimento factível.
Em 2018, era mais fácil se posicionar. Nunca irei compreender a decisão de Lula de se lançar candidato de dentro de uma prisão. Aquilo poderia dar errado de tantas maneiras, ganhando ou perdendo a eleição… Ainda hoje me parece uma decisão tão delirante, egoísta e insensata que me custa acreditar que tenha vindo do mesmo Lula a quem eu defendi por tantos anos.
Voltei-me então, cheio de esperanças, para Ciro Gomes, e para o PDT, atento à emergência dessa nova militância, que o Ciro apelidou de “turma boa”. Eu via ali, e ainda vejo, uma grande oportunidade de oxigenar a militância política no Brasil, sem os vícios da esquerda tradicional, mais ligada ao PT e aos sindicatos.
Qual não foi a minha decepção, portanto, quando eu passei a testemunhar a “turma boa”, com aval explícito ou tácito de Ciro Gomes e da direção do PDT, atacar a deputada Tábata Amaral com a mesma violência sectária e irracional com que a militância petista atacava (e ainda ataca) Ciro Gomes.
Até as palavras são as mesmas. Tábata é liberal, de direita, traidora!
Toda a hipocrisia, cinismo e fanatismo que me irritavam tanto no petismo e no esquerdismo brasileiro, de maneira geral, eu descobri que estava presente, em igual intensidade, no “cirismo”.
Agora chegamos na metade de 2021. O PDT faz um esforço desesperado para fechar acordos com a centro-direita. Ciro, que tentou ser a terceira via em 2018, hoje luta para conquistar a classe média conservadora, apostando inclusive na velha e surrada fórmula do lacerdismo. Suas derradeiras esperanças para chegar competitivo às eleições é receber apoio do PSD, do DEM e do PSDB.
Lula, por sua vez, faz selfies freneticamente com os caciques mais conservadores e corruptos da política brasileira, como Sarney e Eunício Oliveira, e planta notícias de que deseja retomar o diálogo com Romério Jucá.
Para completar, Dilma vem a público fazer elogios rasgados a Renan Calheiros, e afirmar que ele nunca foi um golpista (o fato dele ter votado a favor do impeachment aparentemente é um detalhe insignificante).
Os pecados liberais do PT são conhecidos. Entregou o comando da economia para os banqueiros ao longo de todos esses anos.
Ciro, por sua vez, é o novo melhor amigo de ACM Neto, e assina cartinhas em conjunto com Luciano Huck, Mandetta, João Dória.
E vocês querem me provar que Tábata Amaral é a “vilã liberal” dessa novela?
Não, não, não.
No episódio da reforma da Previdência, Tábata Amaral cometeu erros gravíssimos de comunicação, mas ela estava certa. O PDT é que foi incrivelmente estúpido.
A reforma da Previdência de Paulo Guedes era horrível, mas o substituto construído por Rodrigo Maia e Marcelo Ramos era um compromisso claro com os partidos de esquerda. Boa parte de seus excessos haviam sido removidos.
Terminada a votação, a esquerda vendeu a ideia de que a Previdência havia terminado. O próprio Ciro Gomes passou a falar, como um sindicalista radicalizado, que ninguém iria se aposentar nunca mais no Brasil.
Naquela gritaria toda, contaminada de paixões partidárias, a economista Laura Carvalho, do alto de seu “lugar de fala” de ex-coordenadora do programa econômico da candidatura presidencial de Guilherme Boulos, ou seja, a partir da posição mais à esquerda dentre as forças políticas com alguma representação parlamentar, publicou um artigo ponderado e racional, explicando que a Previdência pública havia sobrevivido, e isso se devia, em parte, ao trabalho dos parlamentares e forças progressistas, que fizeram o dever de casa mais antigo da política, de tensionar e negociar.
Alguns operaram mais no campo do tensionamento. Outros atuaram na negociação. A participação dos governadores de esquerda, por exemplo, muito menos barulhenta, porém muito influente, ficou mais próxima da postura de Tábata Amaral do que das lideranças partidárias mais estridentes.
A postura do PDT e de Ciro Gomes causou profunda decepção, naturalmente, nos liberais progressistas, que haviam votado em peso no candidato trabalhista.
Não foi a tôa que Tábata Amaral foi uma das deputadas do PDT mais votadas dos últimos anos. Havia uma demanda política reprimida por nomes com capacidade para circular entre esses dois universos: a esquerda desenvolvimentista e o liberalismo social ou progressista. Nas eleições municipais de 2020, o fiasco dos candidatos trabalhistas mostrou o altíssimo preço cobrado pelo sectarismo: o partido ficou sem o voto de esquerda, e sem o voto dos liberais progressistas.
A aliança entre essas duas forças é essencial para a formação de um projeto político minimamente sustentável e factível, que não precise beijar a mão da velha política clientelista e fisiológica representada por alguns setores partidários, sobretudo do centro e da direita, mas também de alguns partidos de centro-esquerda, incluindo aí o próprio PDT.
A campanha de Ciro Gomes em 2018 havia se destacado de outras justamente pela ênfase que dava a um Projeto Nacional, e um dos capítulos mais importantes era a defesa de uma reforma da Previdência arrojada e moderna. Sim, não era a reforma da Previdência defendida por Guedes, nem mesmo aquela aprovada ao final. Mas o fato é que Ciro e o PDT tentavam se vender como uma esquerda responsável, ética, capaz de discutir uma reforma da previdência a partir de pressupostos técnicos, e enfrentar os inevitáveis interesses corporativos que se ergueriam.
O debate sobre a reforma da Previdência seria uma excelente oportunidade para o PDT mostrar a que veio.
A solução do PDT era simples: bater bumbo na sua própria reforma da Previdência, e organizar debates, usando a Tábata Amaral, de um lado, e o Mauro Benevides, de outro, como os principais porta-vozes do partido, pois eram os dois que mais estudavam o assunto, e que tinham, portanto, mais a ganhar ou perder com ele.
Quando o relator da Reforma, Marcelo Ramos, ofereceu um texto substitutivo completamente diferente daquele primeiro de Guedes, o partido deveria ter orientado negativamente, mas liberado os deputados, e defendido a narrativa de que as mudanças conquistadas haviam sido o resultado da articulação política dos parlamentares de seu partido. Até porque foi mesmo. Mauro Benevides encontrou-se com representantes do governo e com parlamentares de centro, para ressaltar os desafios mais complicados da reforma.
O PDT poderia perder alguns militantes, mas ganhar outros. O partido seria vilipendiado por outras agremiações de esquerda, mas ao mesmo tempo conquistaria o respeito do verdadeiro centro político. Hoje, o PDT é xingado do mesmo jeito pelas outras agremiações de esquerda, e perdeu a confiança de um centro progressista que estava disponível na praça.
Hoje, esse centro progressista pende para Lula, justamente por confiar na capacidade do ex-presidente de sossegar os radicais de seu partido, enfrentar corporativismos e costurar acordos generosos com os liberais.
O desenvolvimentismo nunca prosperou, em nenhum lugar do mundo, quando se associou ao sectarismo ideológico.
Os desenvolvimentistas sabem disso, embora muitos prefiram silenciar sobre o tema, com medo do patrulhamento e da cultura de cancelamento que ronda o debate político dentro do campo progressista. Coreia do Sul, Japão, o keynesianismo americano e europeu, a própria China, desenvolveram-se de maneira espetacular quando se livraram de seus dogmas econômicos, tanto de direita quanto de esquerda, e apostaram pesadamente em soluções criativas para seus problemas.
Esses exemplos me parecem a prova mais cabal de que o desenvolvimentismo brasileiro apenas poderá prosperar quando conseguir assimilar os liberais progressistas. Sem eles, o desenvolvimentismo não terá densidade política para liderar um projeto de transformação da nossa base produtiva.
É claro que há inúmeros pontos de contato entre o liberalismo progressista e o desenvolvimentismo. Esse é, inclusive, um dos papéis que a Tábata Amaral poderia desempenhar, juntamente com André Lara Resende.
Resende era, até pouco tempo, um dos príncipes do liberalismo brasileiro, mas hoje pode ser considerado, sob diversos pontos-de-vista, como um desenvolvimentista moderado. Tábata era a pessoa ideal para pegar Lara Resende pela mão e o levar aos debates no campo progressista.
Ah, mas Tábata Amaral defende a autonomia do Banco Central! Bem, eu entrevistei uma vez um economista de esquerda, presidente da Associação Keynesiana do Brasil, chamado Fabio Terra, respeitadíssimo entre seus pares progressistas, e ele me disse que considerava os projetos aprovados na Câmara dos Deputados, relativos a autonomia operacional dos diretores do Banco Central, como muito bons. Eu não concordo com ele, mas também não vou lhe xingar de liberal filho da puta como fazem com a Tábata. Ele estudou os projetos e entendeu que, nas circunstâncias da política nacional, eles podem ser vantajosos para o nosso desenvolvimento.
O principal desafio do campo progressista é ampliar suas bases, e não reduzi-las ainda mais. É burrice, antidemocrático, contraproducente, exigir que nossos aliados – incluindo aqueles que, como Tábata Amaral, vinham se autocaracterizando, alegremente, como de centro-esquerda – vistam o uniforme homogêneo do esquerdista perfeito. Não precisamos disso! O campo progressista deve estar aberto a receber os liberais, que sempre foram, aliás, seus aliados. Sem o liberalismo europeu, e seus princípios duros em defesa da liberdade de expressão, Karl Marx e todos os socialistas e comunistas do Ocidente teriam sido presos e assassinados muito antes de terem tempo de publicarem suas revistas, jornais e livros. Durante muitos anos, o maoísmo prosperou à somba do liberalismo político do governo nacionalista de Chiang Kai-shek, até que este cedeu ao fascismo reacionário e passou a perseguir e matar os comunistas.
Sem o liberalismo político, hoje, e seu amor sagrado à Constituição, Lula nunca seria solto, e a Lava Jato nunca teria sido devidamente enfrentada e derrotada.
O liberalismo político errou quando deixou de ser liberalismo e se rendeu aos empuxos fascistas de alguns setores sociais.
É um grande erro de tática, estratégia, ou mesmo de natureza mais profunda, um erro científico, transformar o desenvolvimentismo numa bandeira “ideológica” de oposição ao “liberalismo”.
Existe essa dicotomia, mas é uma dessas polarizações idiotas que se esticam no tempo e que perdem o sentido quando analisadas de perto. Não existe um livro-texto definitivo nem sobre o desenvolvimentismo, nem sobre o liberalismo, assim como também não existe sobre o que é esquerda e o que é direita. Se a física moderna nos ensina que as partículas são, na verdade, ondas, deveríamos fazer o mesmo com esses conceitos. Liberalismo, desenvolvimentismo, neoliberalismo, esquerda, direita, não são partículas, e sim ondas de energia política, que apenas se cristalizam em conceitos duros, dogmáticos, quando temos que espetá-las na parede, mas que são oscilantes, incertas e instáveis quando observadas no dia a dia da política. O próprio neoliberalismo, quando analisado em ação, vivo, nunca foi puramente “neoliberal”, como nos ensina David Harvey em seu livro Breve história do neoliberalismo.
Para um idiota fascista, ser de direita é uma coisa. Para um gênio da política, como Churchill, é outra inteiramente distinta. A mesma coisa vale para a esquerda. Qualquer imbecil pode se autoproclamar de esquerda. Ter ideias criativas e práticas para transformar a realidade, e ao mesmo tempo manter uma postura ética e democrática na luta política, é o X da questão.
O liberalismo não pode ser analisado com espírito sectário. Assim como qualquer outro conceito político aberto, ele está em disputa e pode ser interpretado das mais variadas maneiras.
Não teve um famoso economista ultraliberal que defendeu, outro dia, que a China vem se desenvolvendo de maneira tão espetacular justamente por seu excesso de liberalismo (o que é, obviamente, uma picaretagem retórica, pois a China pode ser tudo, menos liberal)?
Jackson
26/08/2021 - 19h30
Desisti, que enrola pra começar a falar.
Rodrigo
11/06/2021 - 17h58
Embora não seja cirista igual o autor, concordo com sua posição. Muito necessária. Apesar de achar que nenhum deputado do campo da esquerda devesse votar na deforma da previdência, entendo a postura conciliatória da Tábata de redução de danos. Além de que um terço do PDT e do PSB também votaram a favor disso, do impeachment da Dilma, da PEC do teto, reforma trabalhista, terceirização, e todo desmonte do Estado desde o Temer, e ninguém nem lembra dos ditos cujos.
Outra coisa é que o “custo-benefício” da Tábata ainda é grande. Apesar desse viés liberalizante, é de longe a deputada mais engajada a favor da educação na câmara em SP. É a que mais pressiona contra os desmandos do governo bozo (como os cortes de verbas e o edital porco do PNLD de 2021 e 2022), e que tem propostas construtivas (como a poupança pra alunos do ensino médio). O que adianta só ficar dizendo “não” pra tudo que o bozo manda pra câmara mas não ter proposta nenhuma pro desenvolvimento social do país? Porque, pelo menos em SP, os deputados federais de esquerda são assim. Pessoal se importa muito com essas grandes questões polemicas e esquece de acompanhar a atuação mais formiguinha dos parlamentares. Se fizesse isso, veriam que a Tábata é uma das melhores deputadas do Brasil (não que ela seja tão perfeita, é que o nível é muito baixo mesmo)
Milton
05/06/2021 - 11h29
Sobre a Tabata, o tira-teima vai ser feito em 2022. Ela não decepcionou somente o partido, mas os seus eleitores… Se tiver um terço dos votos que conseguiu em 2018, já pode ficar contente. Apesar disto, espero ela se reeleja, pois é melhor que a maioria dos deputados, que mal sabem ler e escrever.
Sobre Lula e Ciro, acho que no acumulado da década, Ciro errou menos. Mas hoje, ambos praticamente possuem a mesma estratégia: se manter na mídia e tentar alianças com o Centro. A diferença é que Ciro tem divulgado um projeto de desenvolvimento para o país, o Lula ainda aguardo.
EdsonLuiz.
31/05/2021 - 17h39
Receba meu abraço, Miguel.
Não conheço você. Sei de você por estes meses de leitura e alguma participação aqui no seu jornal. Mas uma autocrítica como a expressa aqui por você, Miguel, que devido à nossa horrível cultura política de ultra-esquerda, cinicamente autointitulada “de esquerda”, o expõe ao patrulhamento insano e a potencial violência militante, patrulhamento e violência militante que nossa ultra-esquerda cultiva como suas tão grandes virtùs (que horror) e a igualam ao bolsonarismo e à ultra-direita, merece meu abraço.
Tivemos e temos tão poucos políticos sérios e preparados na nossa história. Recentemente, só tivemos de realmente preparados e sérios a Marina Silva, o Miro Teixeira, o Sigmaringa Seixas, o Roberto Freire, o Eduardo Jorge, o Ciro (sim, o Ciro. Um político honesto, não corrupto, preocupado em ter um projeto para o país, com prioridade sincera para os mais pobres), e muito poucos outros. Partidos políticos realmente sérios, então, na minha opinião, só três ou quatro partidos, mas todos ainda incipientes para fazer muita diferença no quadro. Eu gostaria muito que esses partidos se fundissem para terem maior expressão. Para mim, estes três ou quatro bons partidos, todos partidos de centro-esquerda, são fragmentos de uma mesma força política.
Quando, nessa miséria política em que vivemos, com o exercício da política brasileira dominada por dois polos populistas, e os dois polos igualmente de corte autoritário, tecnicamente despreparados e extremamente corruptos, surge um ou outro político com o preparo, o compromisso e as qualificações da deputada Tábata, do deputado Rigone e do senador Alessandro Vieira, precisamos ter coragem de enfrentar a turba fanática e insana e reconhecê-los. Mesmo se surgir algum político da mesma cepa, mas for um político ideologicamente posicionado à direita, temos que reconhecê-lo e qualificá-lo. Ter essa coragem, enfrentando o patrulhamento ignorante, mal intencionado e fanático, é nossa obrigação cidadã para que um dia possamos ter no Brasil uma política exercida com alguma qualidade.
Álvaro Almeida
28/05/2021 - 06h06
Ciro Gomes não admite ser eclipsado. É parte do seu caráter. Os ciristas são tão cegos e truculentos quanto o mais autêntico minion.
É pena ver um sujeito inteligente e preparado perder espaço em razão de sua enorme vaidade.
Quanto a Tábata: essa tem brilho próprio.
Francisco*
27/05/2021 - 14h42
‘De boas intenções o inferno está cheio’.
Miguel, como Dilma e tanto outros bem intencionados cidadãos brasileiros, reagem pensando estarem politicamente na porção nórdica ou no “Circuito Elizabeth Arden”, do planeta Terra.
Mas não…
Estamos todos no Brasil da dicotomia do Patrimonialismo e a Desigualdade campeã, que nos garante a hereditária e xucra classe dominante estática e o consequente atraso em pleno século XXI, anterior a diferença ideológica e ao alicerce básico da convivência humana em equilíbrio, consumidora da política e dos políticos, sem o que patinamos eternamente nas rebarbas da barbárie à civilização, geradora do atraso, da dependência e da falta de uma Elite de fato, que nos transforme em Nação.
Basta de lustrar o pano nessa secular mediocridade dominante, ancorada em forças de ocupação, instituições ‘públicas’ de garantia dos ditames da Casa Grande e órgãos de desinformação sincronizados a interesses de manter-se o ‘status quo’, antes de qualquer outra consideração ou luz que se faça necessária, salvo se objetivamente como forma de romper com essa dicotomia e permitir que o Brasil se mova para afastar-se do atraso e poder respirar o novo.
No Brasil, infelizmente, mais vale a versão que o fato e com o advento das redes sociais, nessa anacrônica ‘sociedade da Casa Grande’, esquece-se ainda mais em saber de fato, de onde e como surgem, Collors, Tabatas, Jornadas de Junho, Lavajateiras e Lavajateiros, PT Nunca Mais, Lula Preso e por aí segue o ‘olha lá vai passando a procissão, se arrastando que nem cobra pelo chão’, há cinco séculos e vinte e um anos.
Basta competente pesquisa básica para lembrar que, tal como a lavajateira surge de ‘investigação de um posto de gasolina em Brasília’, Tábata também surge ‘do nada’, para tornar-se a figurinha carimbada e conhecida, atual, sendo entrevistada/exaltada (tal como Collor em 1989) em programas do braço mídia da classe dominante, como a garota fenômeno que sai de uma região periférica e pobre para estudar em Harvard, graças a seus próprios méritos (sem explicarem o papel do ‘santo guerreiro’ Lemann e fiéis escudeiros na subterrânea luta contra o ‘dragão da maldade’), até chegar de forma estratégica, eleitoralmente, ao PDT, para os ‘patronos’ elegerem um maior número de candidatos da causa, o que não conseguiriam se concentrassem apenas no partido de maior afinidade com a mesma, sem contar o insuspeito handicap curricular de iniciar-se na política partidária através de um partido ‘considerado’ de esquerda.
Dilmas, confiando nas instituições brasileiras, e Miguéis, acreditando na candura meritória das Tabatas liberais, é tudo que essa ‘gente de bens intencionados’ mais admira e sossegada fica, nesse Brasil, à exceção do inacreditável desgoverno eleito, entre as oito maiores economias e as cinco maiores desigualdades, mundiais.
Parabéns…
Quanto as testemunhadas “provas tão cabais de estupidez política, autoritarismo partidário e cegueira ideológica como no caso da deputada Tábata Amaral”, não tem como não concordar, afinal, além da deplorável forma, a chulice bárbara e rasa, movida pela raiva, ao invés da profundidade civilizada e cortante da razão, só ajuda no caso, a candura meritória de quem nos agride profundamente, mesmo educadamente dissimulada, afinal essa previdência que está aí, basta o comentário de Francisco José Valim Olmo para entende-la em toda sua extensão de perversidade, tal qual o artificio de Tabata eleger-se utilizando o PDT, dentro de uma estratégia eleitoral da Causa que a move e patrocina.
Marcus Padilha
27/05/2021 - 14h40
Batata liberal que vá ser feliz no Novo. Veremos se tem condição de se reeleger sem a pele de cordeiro. Essa vai pra lata de lixo da história junto com o Cirulipa.
NeoTupi
27/05/2021 - 10h43
Sobre a reforma da previdência, até o estagiário da Bolsa de Valores sabe que Guedes colocou o bode na sala, em jogo combinado para o Centrão e Tábatas não se inviabilizarem eleitoralmente, posando de bonzinhos ao “reduzir danos”.
Essa reforma foi horrível, só preservou quem ganha salário mínimo, cuja política virou de achatamento. Acima disso vai empobrecer idosos e obrigar a classe média fazer previdência privada, para alegria dos bancos e sobrando menos renda no orçamento familiar.
Mas a reforma está na contramão da história. Keynes falava que em 2030 o homem iria precisar trabalhar só 3 horas por dia devido aos ganhos de produtividade tecnológicos. Continuamos trabalhando 8hs por dia ou mais no caso de uberizados, com desemprego alto entre jovens (e idosos no setor privado), e idosos sem aposentar no setor público, reduzindo a produtividade. Mudar esse paradigma é política. De direita é essa reforma, olhando apenas equilíbrio macroeconomico pela coluna da despesa. De esquerda seria buscar esse equilíbrio na coluna da receita, tributando mais os meios de produção concentradores de renda, aposentando idosos mais cedo para abrir vagas para jovens, além de reduzir jornada. Uma mudança de paradigma que provavelmente chegará primeiro nos EUA e Europa para depois de virar um novo consenso de Washington a ser adotado no Brasil. Redução de jornada já é fato em alguns países. Na Holanda a média já é menos de 30hs por semana.
NeoTupi
27/05/2021 - 10h11
O desenvolvimentismo prosperou sim sob regimes “sectarios” ideologicamente. A URSS se desenvolveu e industrializou mais sob Stalin e Kruschev. Creio que o mesmo ocorreu em vários países do leste europeu no pós guerra, coisa pouco estudada no Brasil. A Alemanha teve seu milagre econômico sob Hitler. O Brasil foi desenvolvimentista no Estado Novo e sob Medici e Geisel. A Coreia do Sul se desenvolveu também sob ditadura de direita.
O desenvolvimentismo não é o propalado fim da história, nem substitui esquerda e direita. Esquerda continua buscando maior igualdade e estado de bem estar social, com regulação e planejamento visando melhor distribuição de renda. Direita tem hojeriza à esta regulação e jura que a base da pirâmide social se beneficia quando o bolo cresce, mas nem sempre entrega essa promessa. Na Coreia beneficiou a base da pirâmide com o tempo, no Brasil da ditadura não, quando chegou a crescer 14% ao ano, ao mesmo tempo em que proliferava favelas porque um trabalhador de baixa renda de 48hs por semana na época não ganhava o suficiente para alugar ou financiar a casa própria e as gerações seguintes tinham ensino de baixa qualidade, imitando os EUA em vez dos asiáticos, e sem acesso a saúde reprodutiva.
Felipe
27/05/2021 - 10h08
Acho esse debate sensacional, até porque sou totalmente contra linchamentos.
Mas 3 pontos me intrigam no seu texto, do último ao primeiro na ordem de sua escrita.
– Lula não foi inocentado;
– Tabata errou e o pdt errou ainda mais diante da incoerencia com os demais parlamentares;
– Considerar-se desenvolvimentista de esquerda e cogitar Lula te coloca no campo dos liberais.
Esse é último é a razão dos “gestos rápidos e certeiros” do Lula. Não querem desenvolvimentismo e ponto.
Sebastião
27/05/2021 - 09h18
Os ataques movidos pelo fanatismo não tem lado. Na esquerda, havia ataques a imprensa – ainda há. Ataques aos ministros do STF – e ainda há. Ataques as FFAA – ainda há. Embora, saibamos que há uma reciprocidade – e perseguição contra a esquerda, o que é pior, seja pelo fantasma do comunismo ou de uma suposta ditadura. Que no passado, não se teve evidência, quando a esquerda governou Brasil.
Era “globolixo, o povo não é bobo, milicos subserviente aos EUA, lutas armadas”… O nível semelhante aos dos bolsonaristas, e que tem surgido com os ciristas também. Justificam sempre os atos do ídolo, e não enxergam erros naqueles que eles endeusam. Orquestram tudo pelas redes sociais, e as ofensas e xingamentos ocorreram constantemente.
A única diferença, é que Bolsonaro(o líder da claque) que incentivam os atos, e ele mesmo pratica as agressividades. Moro que também é da extrema direita, sempre foi leniente com os ataques do bolsonarismo contra a imprensa, e esta por endeusar ele, por perseguir Lula, nunca questionaram o fato de Moro se omitir
contra os ataques de Bolsonaro e seus asseclas. Diferentemente outros líderes, cujo os seus seguidores, é quem fazem entre eles, se articulando. Ao menos os líderes da esquerda, não mostram concordância com os atos dos seus seguidores.
Parabéns, Miguel. Eles precisam se conter e dizer que fanatismo só existem de um lado. Seja Lula, Bolsonaro, Moro e Ciro. Todos eles tem os seus cegos fanáticos, e muitas vezes são agressivos. Mulheres de esquerda que falam de feminismo, mas quando uma mulher de direita fala algo, elas xingam. Homens de esquerda que falam que se posicionam contra a homofobia, mas usam linguagens pejorativas contra líderes de direita.
Mateus Nogueira
27/05/2021 - 09h03
Confesso que acho dificil de entender, a Deputa se posiciona claramente num espectro contrario aos da esquerda (os clássicos, os modernos, os contemporaneos e futuros rs) mas a “esquerda” não pode criticar a moça sebe-se la deus porque…. temos que, enquanto esquerda, criar/ manter pessoas como a deputada (que não é de esquerda) para não sermos miseráveis intelectuais?
Mateus Nogueira
27/05/2021 - 09h04
Errata
onde se lê “a Deputa” leia-se “a Deputada”
Alan Rabelo
27/05/2021 - 08h48
É Rosário… o Cafezinho indo ao fundo do poço.
Não há problema em defender a jovem deputada. É possível estar ao centro, defendendo algumas propostas sociais (educação p. Ex.) E outras liberais (a maldita reforma).
Mas acho que o lacerdismo do Ciro infelizmente impregnou seus apoiadores.
Uns 50% de vosso argumento é um tosco “e o PT?”.
Não há nada de sectarismo em chamar as coisas, ideias e pessoa pelo nome.
Até para que assim ajudemos a formação política da população.
A deputada é um ótimo quadro social-liberal. O que irrita é fazer campanha usando um partido trabalhista como barriga de aluguel.
Como socialista, tenho todo interesse no debate com a jovem. Inclusive disputando por seu voto nas pautas. Mas se ela pretende carreira longa, precisa ser coerente SIM com o partido que se filiou. Não apenas com convicção pessoal ou orientação do patrocinador.
Mas #pelamordedeus Miguel… o pacote hj foi completo
E a Dilma?
E o Lula?
E o PT?
Vinícius
27/05/2021 - 08h33
Especificamente sobre a Tábata, ela merece, sim, ser duramente criticada. O projeto político e econômico que ela defende é (neo)liberal disfarçado de moça bem educada que foi estudar nos EUA. Esse modelo está em derrocada no mundo, Miguel! E só quem o defende é a direita de sempre e, mais ainda, a extrema direita. No caso do Brasil, o PT tbm abraçou e abraça esse modelo tentando mitigá-lo. É isso que queremos? Queremos uma economia financeirizada? Queremos reformas, incluindo a da Previdência, que nos sejam nocivas mas mantenha os privilégios das castas militares e do judiciário? Está caminhando a reforma administrativa. O que esperar da Tábata, por exemplo? Tudo indica que eles vai votar a favor sob o cínico argumento (não apenas dela, claro) de que é preciso “modernizar o Estado”. Quando, na vdd, essa modernização significa drenar dinheiro público para as mãos dos tais “parceiros”… Tábata e outros merecem apanhar muito. Ela não apenas por ser nova e ter muito o que aprender, mas também por ser quem é, ter vindo de onde veio e hj ser uma mocinha que exala meritocracia e “eu venci pelo meu próprio esforço”. Tabata não representa os brasileiros reais, os que trabalham todo santo dia. E muito menos Lula ou Ciro. Apesar de eu sempre ter votado nisso que se.chama esquerda no Brasil, nós precisamos de propostas novas, pessoas novas. Novas de verdade e não esses cosplay de pobre que ainda engana muita gnt para ser eleito. Vida curta à Tábata como política. Ela que vá a luta por emprego depois do mandato já que é tão bem formada…
FABIO MAIA
27/05/2021 - 07h55
Vc precisa melhorar MUITO sua auto-critica. Dizer que um homem injustamente preso, que lutava por sua liberdade, que sequer pode enterrar seus entes perdidos teve gesto egoísta e um escarnio!!!
LULA teve 1000.000 acenos para sair de Curitiba e ficar em casa na domiciliar. Era isso que todos seus algozes queriam.
Ele, com sua visão aguçada sabia que o processo político se defende com política.
O pavão cearense se tivesse um mínimo de solidariedade teria entendido o aceno. Mas preferiu a lógica do opressor.
Apostou na conscricao de LULA e nas suas próprias “o eleitorado petista virá por osmose”.
Sua tática suicida encovalha sua própria história bonita de quase 20 anos de aliança com a esquerda.
Mas segundo ele agora o PT e quadrilha a serviço do lulo-petismo, o PCDOB identitario e o PSOL puxadinho.
Sou leitor deste blog desde 2015. Outrora teve uma linha editorial critica de esquerda. Fazia critica justa aos governos de esquerda.
Ultimamente virou linha auxiliar de um projeto vazio e individualista.
Espero que esse tipo de auto critica seja mais comum. Vc precisa muito.
Alan C
27/05/2021 - 07h06
Uau! Todos os comentários dessa matéria liberados rapidinho!
Sepulveda
27/05/2021 - 04h54
Você tenta manter uma postura coerente, porém de coerente não tem nada. Parece um samba do crioulo doido, ninguém sabe de fato qual é a sua posição, decadente, deixar de lê isso aqui, textos imensos para tentar explicar o inexplicável. Acho que vc ta perdido cara, Tabata não tem nada de esquerda, é um fantoche, deveria ser a estrela da esquerda, mas prefere ser fantoche e negar suas origens.
Patrice L
27/05/2021 - 01h50
Cirolipa já deve ter entrado no modo au revoir!
Rogério Dos Santos Bueno Marques
27/05/2021 - 00h08
Muito bom! Senti-me representado no seu texto.
Alexandre Neres
26/05/2021 - 22h08
Sou obrigado a assinar embaixo a declaração do Lupi: “Repito as palavras de Leonel Brizola: ‘a politicagem que as elites adoram adula os traidores, mas a História os abomina’. Se uma pessoa se filia a um partido, como o nosso PDT, que completa 41 anos hoje, e sequer lê o estatuto e os compromissos da nossa história com um projeto de nação soberana, com os trabalhadores, com a Educação em tempo integral e com os aposentados e o TSE, resolve instituir a infidelidade partidária, só nos resta dizer que não se perde aquilo que nunca se teve.”
Aí vem o Barroso, com seus punhos de renda,
defender a candidatura avulsa e a infidelidade partidária. Depois se junta aos falsos moralistas e com cara de nojo desanca os patidos. Do alto da sua pose, o iluminista do Projac não vê a parte que lhe cabe nesse latifúndio.
Quanto a Tabata e seus tatibitates, é uma personagem que tem tudo para ser adorada pela elite do atraso. Foi moldada na metrópole, é neoliberal até a medula, nem para defender a causa feminista serve. Ê a consevadorazinha brejeira, incapaz de defender o “meu corpo, minhas regras”, conquanto jovem. Namora com Joãozinho Mamão, que sem nenhum pudor desfere ataque feroz e misógino contra uma mulher pra ganhar uma eleição. Uma personagem a cara do Brasil profundo, que, com seu ar de boa moça, é como um cão desdentado que não morde ninguém, por isso agrada tanto o mainstream político tupiniquim. Deve estar chateada porque o Huck declinou da candidatura, mas se o bicho pegar fecha com o Novo.
José Ricardo Romero
27/05/2021 - 09h05
Muito bom, Alexandre. Que o Miguel, que eu respeito, admiro e leio sempre, leia e reflita principalmente o seu último parágrafo. Sempre fui muito ligado às imagens porque elas são mais confiáveis e me dizem mais que as palavras: olhem a carinha dela na foto acima…
Paulo
26/05/2021 - 22h06
Miguel, parabéns pela honestidade intelectual, pelo “mea culpa” – até desnecessário, a meu ver , em relação a Tábata Amaral (acho que, na verdade, ela passou do ponto, na Reforma da Previdência, demonstrou insensibilidade social, mas concordo que ela ainda pode se redimir, além do que, o próprio Ciro cedeu passo à capitalização, ainda que não naquela versão oportunista e velhaca de Porco Guedes)! Em atitude que só revela o seu desprendimento de jornalista com um quê precioso de apego e busca à verdade, ainda que, nesse ponto, cada um tenha a sua e as coisas corram o risco de se relativizar. Por isso, o democrata não está tanto na substância, mas mais no processo. É isso que diferencia a democracia dos demais regimes. Todos se irrogam superioridade moral, mas só a democracia permite o confronto e o debate…
Se eu poderia fazer um único reparo substancial ao seu texto, é nesse tópico: “Sem o liberalismo político, hoje, e seu amor sagrado à Constituição, Lula nunca seria solto, e a Lava Jato nunca teria sido devidamente enfrentada e derrotada”.
Não, Miguel, aí não teve nada de liberalismo político, mas de pura vendeta e fisiologismo de parte do STF…
JOÃO FAUSTINO
26/05/2021 - 21h57
Miguel,
Acho que você não está sendo correto com o Ciro, principalmente falando de “cartinhas”. Aquela carta era para defender a democracia e, para isso, apenas para isso, vale se juntar com todo mundo que não seja fascista, independentemente do espectro político. E outra, o Ciro precisa de um apoio amplo, sem prometer nada a ninguém. Como ele deixou claro, se for presidente, não vai dar ministérios para fins de roubalheira. O DEM já não compõe a base de apoio no Ceará? Se ele não tiver apoio desse partido, o PT e Bozo irão buscar. E aí o Ciro perde votos. O PSD é importantíssimo, principalmente porque conta com a liderança de Alexandre Kalil, com muita força na capital e potencial candidato a governador de MG.
Com relação à Tábata, ela errou no voto a favor da reforma da previdência, que é nociva a todos nós, e precisa ser criticada. Ela tem que aprender com isso, pois faz parte da política. Na minha opinião, ela traiu o partido sim, porque já estava acordado que todos votariam contra.
Não espere ninguém perfeito, porque não há. Vamos de projeto de país, de desenvolvimento, de investimento maciço em educação, em saúde, industrialização etc. O resto é projeto de poder.
Abraço
Jacob Binsztok
26/05/2021 - 21h34
Sem Gilmar Mendes , Lula não teria sido inocentado dos processos do Lava Jato.
JOÃO FAUSTINO
26/05/2021 - 22h00
Uma ressalva: Lula não foi inocentado; o processo foi anulado, pois o local não era apropriado, segundo a lei, e o “juiz” que o condenou era parcial . Agora vai para Brasília e começa praticamente do zero. E ele vai ter que provar que é inocente.
Cézar
26/05/2021 - 22h55
Num ambiente normal, dentro das regras constitucionais e processuais, não é o réu que “tem que provar que é inocente”. Esse ônus cabe à acusação, dentro da máxima processual que “o ônus da prova incumbe a quem alega” Se A diz que B lhe deve algo, é A que deve provar a existência da dívida, mas nunca B Em tempos normais sempre foi assim.
A inversão processual foi comum ao tempo da ditadura militar. Não me parece que voltar àqueles tempos seja civilizado e defensável. O “boçalnarismo” diz que sim.
Contudo, estamos vivendo tempos mais do que anormais, general ameaçando a Suprema Corte, decisão do TSE na qual o relator, estupefato, afirma: “participo do velório, mas não carrego a caixão” e um cipoal de outras iniquidades jurídicas que nada enobrece a justiça brasileira, porque está a anos luz do Direito que queremos.
Logo, em tempos normais, repito, nem Lula ou qualquer outro réu deve provar que é inocente, a menos, é claro, que alguém seja saudosista da ditadura.
Valeriana
27/05/2021 - 09h43
Ta bebado..?
Alguem que é acusado de algo deve provara que é inocente mas nao é de hoje, desde sempre em qualquer lugar do planeta terra.
Isso Lula nao o féz e nunca farà pois os crimes deles sao mais do que nitidos.
O STF fez essa manobra para tentar contrapor alguem a Bolsonaro, nada mais.
JOÃO FAUSTINO
27/05/2021 - 12h21
Concordo. Realmente o réu não tem que provar que é inocente. O que quis dizer é que haverá novo processo e Lula terá que se defender. Cabe a quem o acusa provar nos autos que ele é culpado.
Espero que a justiça seja feita. Há especialistas que dizem que o que está nos autos é “pobre” e que não incriminam o ex-presidente. Isso no caso do apartamento. No caso do sítio, dizem que há mais indícios de crime, mas isso por si só não é suficiente para provar nada. Enfim, torço pela justiça e que ninguém pague por crimes que não cometeu.
Minhas críticas ao Lula e ao PT são meramente políticas e baseadas nas suas administrações. que têm coisas boas. Aliás, o melhor que tivemos depois da redemocratização (somente as gestões de Lula; as de Dilma foram terríveis), mas não é o modelo ideal, principalmente em função das reformas estruturais que não foram feitas.
Alexandre Neres
26/05/2021 - 23h04
Ótimo ler sua defesa apaixonada do Ciro acima e aqui embaixo vir falar uma besteira tamanha. Sua falta de noção de direito assusta, portanto deveria medir melhor suas palavras para tratar de um assunto que desconhece. Deixa claro que não é progressista, não passa de uma caixa de ressonância de Merval Pereira, isto é, de um cirominion.
Fióti, a vida deveria ter te ensinado, mas vamo lá. Já ouviu falar do princípio constitucional da presunção de inocência? Pois é. Lula não tem que provar nada para ninguém, como qualquer cidadão, eu ou você. A prova cabe a quem acusa. No caso, ao Ministério Público Federal, considerando que o próprio Dallagnol deixou escapar na Vaza Jato que duvidava das provas constantes do processo anterior. Entendeu? Quer que eu desenhe?
Vou até te dar uma canja: Lula é um senhor com mais de 70 anos que teve a vida escarafunchada como ninguém, foi vítima de lawfare e taí firme e forte. As provas vão ter de ser colhidas agora, pois as antigas são imprestáveis, o processo vai começar do zero. Diante disso, adianto que inexoravelmente tais processos irão prescrever. O que inclusive acho uma pena, já que queria ver o maior líder popular brasileiro de todos os tempos ser julgado por um magistrado imparcial.
Ah, não compre o que você vê na Globo pelo seu valor de face. Inté.
Batista
27/05/2021 - 15h10
Outra ressalva:
Não é Lula que terá que provar-se inocente e sim o juiz que terá de fazer ‘do coração tripas e das tripas novo coração’, para aceitar os processos anulados.
Pelo simples fato que a razão dos mesmos, manifesta por procuradores do MPF, dizem respeito a valores relacionados a contratos firmados pelas empresas envolvidas, com a Petrobras.
Justamente a razão que motivou a anulação e encaminhamento dos mesmos a jurisdição de Brasília, em função que no andamento do processo na vara de Curitiba, destinada a condenar Lula e alija-lo da disputa a presidência do país, em 2018, restou comprovado não existirem contratos firmados com a Petrobras relativos aos mesmos.
Valdeci Elias
27/05/2021 - 01h15
Sem Moro, Lula não teria sido condenado, sem provas pela Lava Jato.
Batista
27/05/2021 - 15h22
Sem Gilmar Mendes, Dilma não sofreria o golpe e Lula não seria preso e impedido de eleger-se presidente do Brasil.
Sem Gilmar Mendes, Temer não teria sido presidente do Brasil, e o Brasil, sem Temer, jamais estaria há 6 anos atolado na crise e elegeria um desgovernante para presidi-lo.
Daniel
26/05/2021 - 21h05
Querem pretender o que de Lupi e dos Gomes, fez bem a sair não tem nada pra ela aprender nesse partido a não ser choramingar a cada 2 dias no STF.
CezarR
26/05/2021 - 21h03
Sabemos perfeitamente que os partidos de esquerda negociaram essa contenção de danos, mas veja o PT. Pensando mais à frente, externou uma posição coesa contra a reforma, ainda que nos bastidores tenha feito a negociação. Com o PDT, PSB foi a mesma coisa, só não contavam com os traíras. Se o Ciro está se aliando ao DEM, ou ao menos tenta, é porque não conseguiu se firmar com a esquerda, além de, claro, haver o fator Lula. Excluído o fator Lula, a Tábata é uma das responsáveis pelo estreitamento do espaço do Ciro. Ciro não está com o ACM por que quer, mas é o que pode fazer, ainda que seja difícil que saia essa aliança.
Ronei
26/05/2021 - 21h03
Mulher, jovem e bonita e esses comunistoides trogloditas ao invés de faze-la crescer em casa a colocaram na porta.
Fez bem a sair do partido e deixar esse bando de velhos imbecis mofar.
Elves Leal
26/05/2021 - 21h00
O Partidão teve seu fim anunciado e no mesmo pronunciamento foi apresentado a esquerda que evolui, manobra política de um grupo querendo enganar os desavisados A reforma da previdência vai acabar com a aposentadoria para os menos favorecidos, quarenta anos de contribuição ininterruptos, na prática vai ser transferir parte significativa de renda mínima dos trabalhadores para um benefício irrisório. Em nossa democracia os partidos políticos são a base. Apoiar aventureiros que pensam que enganam, que querem posar de esquerda evoluída ao mesmo tempo em que atendem a fome do mercado financeiro é servir café requentado só que agora numa xícara bonitinha mas ordinária, entendo a defesa exagerada afinal pão duro queijo mole também é um gesto político.
Rony Lopes Lunguinho
26/05/2021 - 20h08
Miguel,
Acompanho seu trabalho é acredito na sua postura moderada perante a expressar suas opiniões sobre determinado tema.
Neste caso você aponta uma reflexão cabível e pertinente ao que foi posto da Tabata, mas a história é construída pelo momento a que se passa.
Na época o PDT decidiu pela na votação a favor da matéria (o qual você coloca no seu artigo deveria ter melhor condução). Neste momento, acredito que o maior erro foi de orientação da Tabata, em não levar com mais força suas convicções, deixando para uma nota no Facebook suas explicações.
Concordo contigo que a tacada de pedra foi jogada em excesso, mas te pergunto, o que esperar alguém financiado pelo RenovaBR, assim se não formos enfaticos haverá uma morte de partidos como a democracia necessita e cabides de interesses de uma elite que afunda este país.
Portanto, devemos ter calma, onde militância do PDT deve diminuir o tom, mas não deixar de ratificar os fatores que conduzem a Tabata em sua votação, ou você acha que o Leman da ponto sem nó?
Fica claro que deve haver uma diminuição de tom, mas nunca esquecer o porque da Tabata existir.
Jhonatan
26/05/2021 - 20h06
Adorei o artigo. Me sinto do mesmo jeito ultimamente.
Francisco José Valim Olmo
26/05/2021 - 19h25
A expectativa de vida dos brasileiros mais humildes permite-lhes o gozo de uma aposentadoria aos 65 anos? Oficiais militares, juízes, desembargadores e tantos outros da elite continuarão a se aposentar no auge da saúde física e mental, mesmo após essa reforma. Agora pergunto ao colunista: vc não tem vergonha nessa sua cara em defender quem ratificou isso?
antonio
26/05/2021 - 19h24
Concordo inteiramente. Estamos perdendo quadros preciosos como a Tábata ao cairmos nessa armadilha de ataques indiscriminados. Enquanto isso a extrema-direita cresce e se consolida.
Paulo César Cabelo
26/05/2021 - 19h03
Fazer críticas contra Tábata por ela ser liberal é linchamento?
E o Ciro chamar Lula de “maior corruptor da história” é o que?
Miguel do Rosário e a lógica se distanciam mais a cada dia.
Um governo de esquerda fazer alianças é parte da democracia e prova de que esse partido não é radical.
Minhas críticas a Tábata são por eu ser contrário as posições econômicas dela , isso não é linchamento , o que Ciro faz com Lula sim.
E Lula fica choramingando como vc e a Tábata? Não , ele da risada na cara do Ciro.
Vocês são uns mimizentos que não aguentam críticas enquanto atacam todo mundo.
Bassam
26/05/2021 - 18h59
Miguel
Vc sempre faz análises excelentes. Mas dessa vez discordo totalmente! Estou com Ciro porque nunca vi uma posição incoerente ou traiçoeira ou hipócrita ou infundada vindo dele.
Tabata foi sim lamentável e não só na questão da Previdência! Ela é sem duvida escoteira de banqueiros infiltrada! Devia ir logo pro Novo ou partido que o valha!