Por Theófilo Rodrigues
Faltam 18 meses para as eleições de 2022. Mas alguns indícios apontam que dois grandes campos políticos já se preparam para a disputa do governo do estado do Rio de Janeiro. De um lado, o conjunto de forças conservadoras que apoia o presidente Jair Bolsonaro e o governador Cláudio Castro. De outro, a oposição liderada pela esquerda e que parece ter o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) como principal concorrente.
Claudio Castro indica querer disputar a reeleição, mas essa pretensão pode mudar até 2022. Seja como for, independentemente de seu nome, o campo conservador que o apoia – direita e extrema-direita – deverá estar unido em 2022. Castro hoje é filiado ao PSC, mas a tendência é que mude de partido em breve. Entre seus apoiadores estão nomes de grandes cidades como os prefeitos Washington Reis (MDB) de Duque de Caxias, Waguinho (MDB) de Belford Roxo, Rogério Lisboa (PP) de Nova Iguaçu, Capitão Nelson (AVANTE) de São Gonçalo e Wladimir Garotinho (PSD) de Campos dos Goytacazes. Castro também conta com a simpatia dos senadores Romário (PL), Carlos Portinho (PL) e Flávio Bolsonaro (PRB). Como em 2022 a disputa pelo Senado terá apenas uma vaga, essa chapa conservadora terá um problema: Romário apresenta interesse em tentar a reeleição, mas a candidatura também é pleiteada por Washington Reis.
Embora não seja um campo homogêneo, a oposição no estado conta com lideranças como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e os ex-prefeitos Rodrigo Neves (PDT) de Niterói e Washington Quaqua (PT) de Maricá. Mas é o deputado federal Marcelo Freixo quem tem se apresentado de forma mais clara como candidato ao governo do estado em 2022. Freixo, no entanto, deixa claro que só será candidato ao governo se houver uma Frente Ampla em torno de seu nome. Consta ainda que o deputado federal Alessandro Molon (PSB) e o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, teriam interesse na candidatura ao Senado por esse campo político progressista – esquerda e centro-esquerda. Uma unidade entre PSB, PDT, PT, PCdoB, PSOL e PV é possível, desde que PDT e PT aceitem compartilhar suas candidaturas presidenciais em um mesmo palanque estadual. Essa é a tática que o PCdoB tem defendido no Rio de Janeiro desde 2016, embora sem sucesso.
Nesse xadrez, a grande dúvida está na direita e centro-direita do estado, mais precisamente no posicionamento do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Tanto Maia quanto Paes já deixaram escapar que poderiam apoiar uma candidatura de Freixo. Caso isso ocorra, será a concretização da tão falada Frente Ampla que Freixo tem defendido. Contudo, Maia pediu desfiliação recentemente do DEM e apontou que deverá migrar para o MDB, partido que hoje está muito próximo do governador Claudio Castro.
Outro empecilho é a própria filiação partidária de Freixo. É difícil imaginar que o PSOL aceite uma aliança com partidos de centro-direita e direita, assim como também é improvável que esses partidos conservadores apoiem um nome de um partido tão identificado com a esquerda. Essa articulação seria mais fácil se Freixo fosse candidato por uma legenda de centro-esquerda como o PDT. Aliás, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, já declarou que Freixo seria recebido com tapete vermelho no partido.
Até a eleição do ano que vem muitas águas vão rolar. Articulações serão feitas e desfeitas. Pré-candidaturas serão postas e retiradas. Mas, certo é, o cenário para uma unidade progressista com o centro nunca esteve tão propício quanto esse de 2022.
Theófilo Rodrigues é cientista político.