Segundo pesquisa Exame/Ideia divulgada hoje, a reprovação ao governo Bolsonaro atingiu 51% da população brasileira.
É um novo recorde. O Bolsonaro passou por maus bocados no começo da pandemia, mas conseguiu uma boa recuperação nos meses seguintes, provavelmente em virtude do Auxílio Emergencial.
Mas agora a rejeição ainda é maior, e parece mais consistente, porque fundamentada em pelo menos um fato objetivo: a postura criminosa de Bolsonaro.
Quanto à aprovação, chegou a 24%, recorde negativo.
Entretanto, a mesma pesquisa informa que 40% dos evangélicos ainda apoiam o presidente. Isso não é um número tão maravilhoso assim para o presidente, porque mostra que 60% dos evangélicos não o apoiam. Messmo assim, é uma base importante, que parece ser o último grande bastião de apoio do presidente, o que explica inclusive sua opção para atender seus interesses mais fisiológicos, como o de abrir templos, contra a orientação de epidemiologistas.
A pesquisa, conforme é tradição, tem uma pergunta sobre a aprovação do governo, e outra pergunta sobre a aprovação pessoal do presidente.
A aprovação pessoal do presidente, segundo a Exame/Ideia, é de 25%, contra uma rejeição de 49%.
A pesquisa mostra que a rejeição ao presidente aumenta proporcionalmente à escolaridade do eleitorado. Esse é um dado importante porque sinaliza o rompimento da classe média com o bolsonarismo. Com a consolidação definitiva das redes sociais, abertas e fechadas, como principal meio de informação e de propaganda política, conforme ficou demonstrado nas eleições de 2018, e como a classe média – especialmente os segmentos mais instruídas – detêm hegemonia sobre as redes, a classe média terá um papel fundamental na estratégia de reduzir o poder de fogo de Bolsonaro, inclusive tirando-o do segundo turno.
Um outro gráfico bastante emblemático sobre a direção da opinião pública mostra que o governo federal foi a instuição que mais perdeu confiança durante a pandemia. Em segundo lugar, vem o STF, mas aí provavelmente por parte da própria direita, que certamente não gostou da decisão do tribunal em favor de Lula.
As Forças Armadas, tradicionalmente a instituição com mais prestígio no país, ficou em terceiro lugar como a que mais perdeu a confiança da população, certamente em virtude de sua associação com o presidente Bolsonaro, que encheu o governo de militares.
O SUS, por sua vez, viu seu prestígio crescer bastante. Prefeituras e governos estaduais também viram sua imagem crescer aos olhos do povo.
A avaliação de Bolsonaro é avaliada como péssima por 39% dos entrevistados da pesquisa, como ruim por outros 16%. É interessante a concentração de respostas no final da escala, o que dá uma ideia de intensidade dessa rejeição.