Leo Lupi: Sobre frentes, diálogos e eleições

Por Leo Lupi

Reduzir o processo político às eleições é um dos grandes erros que ajudou a levar o Brasil à mediocridade atual.

É importante lembrar que a construção da redemocratização uniu Brizola, Ulysses Guimarães, Tancredo, Miguel Arraes, Teotônio Vilela, Mário Covas, Franco Montoro, Lula, FHC. Políticos de ideologias diversas ou até mesmo inconciliáveis, mas que promoveram a conciliação no processo político que envolve Anistia, Diretas, Constituinte.

Na primeira eleição pós-ditadura, em 1989, não formaram uma única chapa. Foram, aliás, muitas chapas. Todo o processo político anterior foi muito mais pujante e mobilizador do que a própria eleição.

Não quero fazer um texto falando de nomes específicos para a eleição de 2022. É claro que toda eleição é de extrema importância, e essa ainda mais. Mas política não é só eleição. O Brasil vive hoje um momento tão ou mais complexo que a ditadura, e reduzir o enfrentamento às eleições parece algo pequeno.

Afinal, até hoje não conseguimos (por diversas razões) produzir uma mobilização em torno de um impeachment. Uma parcela ainda razoável da população enxerga este governo de forma positiva. Temos um longo caminho pela frente no desafio de construir uma agenda minimamente comum no Brasil – como foi na redemocratização.

As eleições são ano que vem, os partidos estão fazendo suas articulações, cada candidato busca posicionar suas peças de forma a conseguir o espaço que julga pertinente.

Tirar o genocida do poder é imprescindível!

Mas a crise que o Brasil vive não começou com Bolsonaro, e não terminará com sua saída. O buraco é mais embaixo, e vai além de coligações partidárias e processos eleitorais.

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